Remdesivir reduz mortes em pacientes hospitalizados por Covid-19, dizem estudos
Trabalhos realizados nos EUA e em outros 9 países testaram mais de 98 mil pacientes em estágios avançados da doença
O laboratório Gilead Sciences anunciou nesta quinta-feira (24) o resultado de três estudos que associam o antiviral Remdesivir à redução de mortalidade de pacientes hospitalizados por Covid-19. Foram analisados, no total, 98.654 pacientes, em 10 países.
Em entrevista exclusiva à CNN, Eric Bassetti, diretor associado do laboratório Gilead, explicou que uma das pesquisas analisou pacientes da Bélgica, da Alemanha, de Hong Kong, da Itália, de Singapura, da Coreia do Sul, da Espanha, de Twain, do Reino Unido e dos Estados Unidos, enquanto os outros dois trabalhos foram feitos apenas nos Estados Unidos.
A análise nos 10 países acompanhou 1974 pacientes que tomaram o Remdesivir e 1426 que não ingeriram o remédio, de 6 março a 30 de maio de 2020. Neste período, foi identificada a redução de mortalidade em 54% naqueles medicados com o antiviral, no 28º dia. “Esse prazo foi estipulado, porque muitas internações costumam ser longas”, explica Bassetti.
Os estudos realizados nos Estados Unidos tiveram períodos de análise e de observação diferentes, segundo Bassetti. O primeiro aconteceu do dia 1º de maio de 2020 ao dia 3 de maio de 2021 e comparou 24.856 pacientes hospitalizados que receberam Remdesivir com o mesmo número de pacientes que não ingeriram o medicamento. Foi identificada uma redução de mortalidade de 23% no grupo em que o antiviral foi administrado, no 28º dia.
O segundo estudo comparou 27.559 pacientes tratados com Remdesivir com o mesmo número de pacientes que não tomaram o medicamento. Porém, neste caso, as observações foram realizadas em dois períodos: no 14º e no 28º dia.
No 14º dia vieram a óbito 9,6% dos pacientes que tomaram o Remdesivir, contra 14% dos que não tomaram. Já no 28º dia, morreram 13,8% dos pacientes que receberam remédio, contra 17,3% do que grupo que não recebeu.
Segundo o infectologista André Kalil, que é pesquisador na Universidade de Nebraska e integra a equipe que estuda o Remdesvir contra a Covid-19 nos Estados Unidos, pesquisas realizadas com amostras populacionais grandes no mundo real, confirmam os resultados de alta hospitalar mais rápida e a redução na mortalidade observados em pacientes hospitalizados com COVID-19.
“Este conjunto de evidências científicas está de acordo com a aprovação pelo FDA do Remdesivir como o tratamento antiviral de escolha padrão para os pacientes hospitalizados por Covid-19 nos Estados Unidos”, afirma.
O Remdesivir foi aprovado ou autorizado para uso temporário como tratamento contra a Covid-19 em mais de 40 países. No Brasil, obteve a aprovação da Anvisa no dia 12 de março deste ano. É o primeiro a ser recomendado em bula para pacientes com Covid-19 no país. Porém, não deve ser vendido em farmácias. É indicado para uso hospitalar, onde os pacientes podem ser monitorados pela equipe médica, e ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
“A indicação terapêutica aprovada em bula não se restringe à forma leve, moderada ou grave da doença. Ela está ligada à apresentação da pneumonia com necessidade de suplemento de oxigênio, desde que o paciente não esteja em ventilação mecânica ou extracorpórea, explica Renata Lima Soares, gerente de Avaliação de Segurança e Eficácia da Anvisa.