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    ‘Brasil não tem nem condições de pensar em terceira dose’, diz epidemiologista

    À CNN, Ethel Maciel disse que considera 'precoce' o país pensar em uma dose de reforço enquanto maior parte da população ainda não recebeu nenhuma vacina

    Produzido por Layane Serrano, da CNN, em São Paulo

    Em entrevista à CNN, a epidemiologista e professora doutora da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) Ethel Maciel disse que, enquanto o Brasil não avançar com a vacinação em toda a população-alvo, não há condições de discutir a aplicação de uma terceira dose da vacina de reforço contra a Covid-19.

    “Nesse momento, o Brasil não tem nem condições de pensar em uma terceira dose com tantas pessoas ainda sem receber nenhuma”, afirmou.

    Segundo a epidemiologista, a intenção é legítima e doses de reforço estão sendo administradas em países que imunizaram sua população em larga escala com vacina de vírus inativado — que é o caso da Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan.

    “Vou dar o exemplo dos Emirados Árabes, que já estão fazendo a terceira dose com uma vacina de RNA, como a Moderna ou a Pfizer. Mas nós estamos muito longe disso. Eles se vacinaram em uma velocidade grande em janeiro e fevereiro, então já tem aí quase seis meses da vacinação e já estão pensando em uma terceira dose. A gente ainda não chegou nesse ponto”, conclui.

    Na sexta-feira (18), a Anvisa autorizou o estudo clínico para testar uma possível dose de reforço que poderia ser usada como complemento da vacina contra Covid-19 desenvolvida pelos laboratórios Pfizer/BioNTech.

    A epidemiologista diz que à medida que a vacinação avance no Brasil, o Ministério da Saúde terá que discutir esta questão e refazer o planejamento da campanha. “Por exemplo, pessoas que se vacinaram em janeiro, essa proteção vai durar por quanto tempo? Isso tem que estar em nosso horizonte, mas ainda é muito precoce.”

    Antes disso, ela defende que o país retorne ao plano criado em janeiro e readeque o PNI (Plano Nacional de Imunização) de acordo com as evidências científicas já encontradas neste primeito semestre. “O que sabemos em junho é muito diferente do que sabíamos em janeiro, quando o primeiro plano foi pensado”, ressalta.

    Uma de suas defesas, antes da incorporação da terceira dose, é a ampliação do público-alvo para crianças e adolescentes. “Hoje a Anvisa já aprovou a vacinação de adolescentes acima de 12 anos com a Pfizer, então já temos essa possibilidade, o que faltam são doses, mas é muito importante incluirmos este público.”

    De acordo com Ethel Maciel, o Brasil é um dos países que mais registrou morte de bebês recém-nascidos pela Covid-19. “Infelizmente, nós temos vários rankings em que estamos nos primeiros lugares e rankings muito ruins. Então, o Brasil é um dos locais onde mais crianças com menos de um ano morreram de Covid-19, então a gente precisa pensar em vacinar as crianças também.”

    Além disso, ela acrescenta a nacessidade de vacinar adolescentes, sobretudo aqueles que já trabalham. “É um grupo que se expõe mais, seja por estar trabalhando em condições mais precárias ou porque está se mobilizando mais pela cidade.”

    Ethel Maciel, epidemiologista e professora doutora da UFES
    Ethel Maciel, epidemiologista e professora doutora da UFES (19-06-2021)
    Foto: Reprodução / CNN

     

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