Montadoras podem perder US$ 100 bilhões por escassez de semicondutores
Estudo da KPGM aponta que o setor automotivo foi um dos que mais sofreram com os efeitos da pandemia nas cadeias de suprimentos
A falta de semicondutores pode fazer a indústria automotiva perder US$ 100 bilhões, segundo uma pesquisa da KPMG, que sugere que as empresas do setor precisam “reavaliar com urgência seu modelo de negócios se quiser evitar problemas com o abastecimento de semicondutores”.
O estudo explica que o setor automotivo foi um dos que mais sofreram com a pandemia da Covid-19. No início, as montadoras foram fechadas para reduzir os riscos de contaminação da doença, ao mesmo tempo em que a procura por carros diminuiu — o que reduziu em 30% a demanda por semicondutores e chips. Quando as montadoras voltaram a produzir e as vendas retomaram no segundo semestre de 2020, outro problema surgiu: a falta de chips no mercado.
Juntas, as montadoras são responsáveis por 10% das vendas globais de semicondutores, mas, apesar da pequena fatia de mercado, elas registraram cerca de 80% dos US$ 125 bilhões de perdas causadas pela falta de componentes necessários. Com a produção de veículos reduzida, o lucro também diminuiu.
Em fevereiro, a Ford afirmou que pode perder de 10% a 20% de sua produção prevista para o primeiro semestre — e 50% no segundo semestre — pela falta de chips. A General Motors pode perder US$ 2 bilhões em lucro em 2021 e a Stellantis perdeu 11% de seus carros planejados para o primeiro semestre.
Especialistas e analistas ouvidos pela KPMG afirmam que a indústria de semicondutores está trabalhando com mais de 90% de sua capacidade utilizada e a 100% para peças críticas para a montagem. As montadoras, então, não têm alternativas se alguma coisa sair do planejado.
Existe luz no fim do túnel?
Entre as medidas que podem ser tomadas pela indústria para evitar as perdas bilionárias, estão a colaboração mais próxima, que sugere que as montadoras devem lidar diretamente com os fabricantes de semicondutores e entenderem a dinâmica da cadeia de suprimentos dos produtos; considerar o investimento na capacidade de fabricação de chips; fazer planejamentos mais detalhados e cognitivos, baseados em inteligência artificial; analisar o processo de seleção e fornecimento de chips e semicondutores a longo prazo e “usar peças padrão que podem ser modificadas ou atualizadas via software” e, por fim, otimizar a cadeia de suprimentos de semicondutores, considerando as mudanças organizacionais para agilizar e melhorar a maneira como essa cadeia é gerenciada.
Para a KPMG, além de minimizar os danos causados pela escassez de produtos, as iniciativas podem tornar as montadoras mais competitivas. “A menos que outras montadoras se adaptem, elas correm o risco de perder mercado para os concorrentes”, avalia a consultoria.