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    ‘É muito provável’ que MP da Eletrobras encareça energia, diz economista da LCA

    Fernando Camargo, sócio diretor da LCA e especialista em infraestrutura deu entrevista à CNN neste sábado

    Fernanda Pinotti*, da CNN, em São paulo

     

    A dúvida ainda paira no ar: a capitalização da Eletrobras deve aumentar ou reduzir o preço da energia elétrica aos consumidores? O poder executivo e líderes governistas envolvidos na tramitação da Medida Provisória (MP) que avança no Congresso garantem que sim, a conta de luz vai ficar mais barata. Economistas e entidades setoriais, no entanto, não tem tanta certeza disso.

    “É muito provável que haja um aumento na tarifa de energia elétrica no país por dois fenômenos diferentes. Um deles, que já está encomendado, é a estiagem e a consequente redução da entrega de energia hidráulica, que faz com que as térmicas sejam acionadas, o que, por si só, traz um aumento da conta”, diz o economista Fernando Camargo, sócio diretor da LCA e especialista em infraestrutura em entrevista à CNN.

    O outro fenômeno que deve pressionar o preço da energia, segundo ele, vem justamente da MP da Eletrobras, mas não por conta da capitalização em si, mas por “penduricalhos” que foram colocados no texto aprovado pelo Senado durante a semana. “Esses penduricalhos e outros fatores que entraram no texto devem ocasionar um aumento, em função de contratações feitas de forma, vamos dizer, menos planejadas, com um recorte político”, diz.

     

    O economista cita a obrigatoriedade de contratação do serviço de termoelétricas a gás em estados que não contam com gasodutos. “Isso leva a um custo nacional de infraestrutura até que essas usinas sejam construídas. A termoelétrica pode ser usada a qualquer hora do dia, desde que tenha gás natural disponível, mas é possível que fique mais caro do que a encomenda, por causa desse recorte politico”, diz. 

    Como sofreu mudanças no Senado, a MP ainda precisa voltar para Câmara, que tem até o dia 22 para concluir a votação da matéria antes que ela seja cancelada.

    Fernando Camargo, economista, sócio diretor da LCA
    Fernando Camargo, economista, sócio diretor da LCA, especialista em infraestrutura (19-06-2021)
    Foto: Reprodução / CNN

     

    Reação do mercado

    O mercado mostrou animação após a MP ter sido aprovada no Senado, na quinta-feira. O principal motivo do otimismo, segundo Camargo, é ligado à capitalização da companhia, que passa pela perda de controle do Estado, que não terá mais o controle.

    Pelas regras, nenhum investidor poderá ter mais de 10% de ações da companhia. “Essa é a estrutura de uma corporate, que vai ao mercado com diversos donos. É uma estratégia para atrair recursos de investidores e, inclusive, ter planos mais ousados. Esse é um fator positivo e o mercado reagiu bem com essa aprovação por isso”, diz.

    Por outro lado, em função dos “penduricalhos”, chamados de jabutis, as sinalizações não são tão boas, explica Camargo, porque o setor elétrico é muito técnico, depende de grandes decisões estratégicas feitas por pessoas que pensam esse setor ha muito tempo. “Não é um tema para ser decidido politicamente em um balcão de negociação de congressistas, é uma pena, é um dos poucos temas em que o Congresso não é o principal agente para decidir politicas do setor, justamente porque as decisões vêm de privilégios de quem está apoiando as medidas, isso passa uma mensagem ruim, porque o setor fica vulnerável a decisões políticas”, lamenta.

    *Supervisionada por Elis Franco / Texto publicado por Ligia Tuon

    Eletrobras
    Foto: Reuters/Brendan McDermid

     

     

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