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    Após denunciarem supostas irregularidades, irmãos Miranda depõem hoje na CPI

    Eles são responsáveis por apontarem possíveis fraudes do governo federal na compra da vacina indiana Covaxin

    Renato Barcellos, da CNN, em São Paulo

    A Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia ouve nesta sexta-feira (25), a partir das 14h, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o servidor do Ministério da Saúde e irmão do parlamentar, Luis Ricardo Fernandes Miranda. Eles são responsáveis por apontarem possíveis irregularidades do governo federal na compra da vacina indiana Covaxin.

    O requerimento de convocação para ouvir os depoentes foi apresentado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

    O funcionário do Ministério da Saúde revelou em depoimento ao Ministério Público Federal ter sofrido pressão de superiores para assegurar a importação dos imunizantes. O depoimento foi prestado no dia 31 de março dentro de um inquérito que investiga se houve favorecimento na negociação, realizada em tempo recorde e ao maior custo em relação a outras vacinas. 

    Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (23), o deputado Luis Miranda afirmou que levou pessoalmente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “provas contundentes” de irregularidades nas negociações para a compra da vacina Covaxin. 

    Miranda afirmou que decidiu ir ao presidente porque seu irmão estava sofrendo retaliação por resistir a anuir com as tratativas. Segundo ele, o irmão foi cobrado para acelerar a assinatura da nota fiscal das vacinas.

    Mais tarde, também na quarta, integrantes do governo federal fizeram um pronunciamento e apresentaram documentos para rebater o deputado. Na oportunidade, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, afirmou que Bolsonaro determinou a abertura, pela Polícia Federal, de uma investigação contra Luís Miranda pelas declarações.

    Cúpula da CPI criticou Onyx

    A fala de Onyx surpreendeu senadores que compõem a CPI. Após o anúncio feito pelo ministro, o relator Renan Calheiros afirmou ao analista da CNN Caio Junqueira que faria um requerimento para Lorenzoni ser obrigado a depor. Para o senador, Onyx terá de responder sobre o que disse ser uma “coação de testemunha”.

    Em entrevista à CNN, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), avaliou que o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência “parece tentar obstruir as investigações” do colegiado.

    Já o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), também em entrevista à CNNdisse que o governo federal “subiu o tom nas ameaças” contra o deputado. “Ele [Miranda] agora passa a ser testemunha da CPI. Não deveria, de forma nenhuma, ser ameaçado nesse momento pelo ministro Onyx”, disse Aziz.

    Durante a madrugada, Luis Miranda foi ao Twitter questionar Bolsonaro sobre as declarações de Onyx Lorenzoni. “Presidente Jair Bolsonaro, você fala tanto em Deus e permite que eu e meu irmão sejamos atacados por tentarmos ajudar o seu governo, denunciando para o senhor indícios de corrupção em um contrato do Ministério da Saúde. Sempre te defendi e essa é a recompensa?”, publicou o deputado.

    Governo nega irregularidades

    Na manhã desta quinta-feira (24), a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República fez uma série de publicações no Twitter voltando a negar que tenha havido irregularidades ou superfaturamento na compra da Covaxin.

    Mais tarde, por volta das 12h, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a compra do imunizante está em avaliação pelo setor jurídico da pasta. “Não foi pago um centavo e nem vai ser. Essa questão está no jurídico”, disse o chefe da pasta.

    Uma hora depois, o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou pela primeira vez sobre o caso. Em visita a Jucurutu, no Rio Grande do Norte, o chefe do Executivo ressaltou que o Brasil não recebeu “uma dose sequer dessa [vacina] que entrou na ordem do dia da imprensa”. 

    “Temos um compromisso, se algo estiver errado, apuraremos, mas graças a Deus, até o momento, graças à qualidade dos nossos ministros, não tivemos um ato de corrupção em dois anos e meio”, declarou Bolsonaro na ocasião.