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    Rainha Elizabeth deixa o castelo para o primeiro compromisso presencial em 2021

    A soberana de 94 anos visitou o Memorial das Forças Aéreas em Runnymede na quarta-feira (31) para marcar o centenário da Real Força Aérea Australiana

    Foto: Victoria Jones/ Reuters

    Análise por Max Foster e Lauren Said-Moorhouse, CNN

    Por que a Grã-Bretanha tem uma monarquia? A pergunta é tão antiga quanto a própria instituição. Mas há uma questão ainda maior que essa: por que outros países, além do Reino Unido, são regidos pela mesma monarquia?

    A rainha é chefe de Estado de 15 outros países que estiveram sob domínio britânico, estendendo-se até a Austrália e a Nova Zelândia – literalmente do outro lado do planeta.

    Devido à sua idade, Sua Majestade não viaja para esses países há anos, o que torna ainda mais notável que ela tenha mantido seu posto por lá há tanto tempo. Mais recentemente, membros da cúpula da realeza, como seu filho príncipe Edward e netos, os Sussex (príncipe Harry e família) e Cambridges (príncipe William e família), visitaram os países em seu nome.

    Fica a pergunta: como ela faz para manter fortes os laços com os súditos mais distantes? Parte da resposta foi dada nesta semana com um passeio breve, mas simbólico, nos arredores do Castelo de Windsor.

    A soberana de 94 anos visitou o Memorial das Forças Aéreas em Runnymede na quarta-feira (31) para marcar o centenário da Real Força Aérea Australiana. A aparição surpresa da monarca foi seu primeiro compromisso público em pessoa em 2021.

    Desde o início da pandemia, Elizabeth II raramente deixou os confins do Castelo de Windsor, trocando a presença por videochamadas diárias para continuar seus deveres. Isso se deve, em parte, ao avanço de sua idade (ela deve completar 95 anos nas próximas semanas, em 21 de abril), em parte para proteger o povo de se reunir em massa para vê-la e, assim, oferecer uma oportunidade maior para a transmissão de Covid-19.

    Nesta semana foram dados os primeiros e cautelosos passos do Reino Unido fora do lockdown. A rainha já recebeu há algum tempo sua primeira dose de vacina e deve receber a segunda em breve. Mas seu desejo de mitigar o risco em meio à pandemia continua sendo uma prioridade ao retomar mais eventos públicos.

    O fato de ela ter escolhido um evento ligado ao Commonwealth – onde a questão de sua relevância vem sendo discutida – para sua primeira saída pública demonstra sua atenção com o tema.

    Manter sua posição não é algo que possa ser considerado garantido. Em setembro do ano passado, a ilha de Barbados anunciou que deixaria totalmente seu “passado colonial para trás”, optando por remover Elizabeth II como chefe de estado. O país caribenho se tornará uma república em novembro de 2021 ao comemorar seu 55º aniversário de independência do império britânico.

    “Faz muito tempo que não venho aqui”, comentou a rainha ao chegar ao Memorial das Forças Aéreas nessa semana. Câmeras das mídias australiana e britânica foram convidadas a capturar o momento.

    É claro que a escolha de passeio não passou despercebida pela imprensa australiana. “Rainha acena para a Austrália em primeira aparição pública desde a entrevista de Meghan e Harry”, dizia a manchete do site News.com.au.

    A rainha pode não colocar os pés na Austrália há uma década, mas a mensagem deixou claro que o país não fora esquecido por ela, mesmo em meio ao mais recente tumulto familiar.

    Em uma ordem de serviço para o evento, Elizabeth II escreveu: “Durante meu reinado, a Real Força Aérea Australiana mostrou imensa dedicação ao dever e defendeu nossa liberdade em muitos conflitos ao redor do mundo”.

    Os australianos valorizaram o gesto. Com essas palavras, a rainha os lembrou de seu lugar na história, referindo-se ao seu reinado recorde, durante o qual ela consistentemente representou e promoveu os interesses australianos no cenário mundial.

    Sua relevância nos tempos atuais está sendo questionada pelo Movimento Republicano Australiano (ARM na sigla em inglês), que espera capitalizar com as consequências “daquela” entrevista com Meghan e Harry.

    “A família real sempre foi apresentada como o Rochedo de Gibraltar para todas as monarquias constitucionais”, afirmou o presidente da ARM, Peter FitzSimons, ao jornal “The Sydney Morning Herald”, do qual é colunista. “O que de fato vemos é disfunção extrema e o possível racismo”, continuou. FitzSimons disse que o movimento planeja revelar até o final do ano suas propostas de mudanças constitucionais para que o país rompa os laços com a família real.

    Muitos países abandonaram Elizabeth II como chefe de estado após conquistar a independência. Mas, quando se trata da Austrália, a rainha sobreviveu ao último plebiscito sobre sua substituição como chefe de Estado em 1999, logo após a crise causada pela morte da princesa Diana.  Caberá aos australianos decidir se a entrevista de Meghan e Harry piorou a situação da rainha. Mas, se a história nos ensina alguma coisa, é nunca subestimar o poder de Elizabeth II.

    (Texto traduzido e adaptado. Clique aqui para ler o original em inglês).