Irlanda impõe as medidas mais restritas da Europa para frear Covid-19
Desta vez, as escolas permanecerão abertas e os serviços essenciais, como a construção, terão permissão para continuar
Em uma das restrições contra a Covid-19 mais duras da Europa, a Irlanda anunciou nesta segunda-feira (19) o fechamento do varejo não essencial e a volta dos funcionamento de restaurantes e pubs apenas no sistema de delivery. Autoridades irlandesas pediram que a população não se desloque além de cinco quilômetros de suas casas.
A Irlanda impôs um dos bloqueios mais longos da Europa durante a primeira onda de casos do coronavírus e diminuiu as restrições em um ritmo tão cauteloso que os pubs que só servem bebidas em Dublin ainda nem haviam reaberto quando um aumento nas infecções levou a um aperto nas restrições.
Desta vez, as escolas permanecerão abertas e os serviços essenciais, como a construção, terão permissão para continuar, disse o primeiro-ministro Micheal Martin. O país vai ficar no nível 5, o mais alto de restrições, por seis semanas a partir da meia-noite de quarta-feira (21).
Os hotéis podem permanecer abertos, mas apenas se seus quartos forem necessários para trabalhadores essenciais.
“No esforço para suprimir o vírus, já introduzimos o que é provavelmente o regime mais rígido da Europa”, disse Martin em um discurso na televisão, duas semanas após rejeitar uma chamada dos chefes de saúde para mover o país para o nível 5. “O governo decidiu que as evidências de uma situação potencialmente grave surgindo nas próximas semanas agora são muito fortes”, afirmou.
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Embora países que lutam com altas taxas de infecção, como Bélgica, Holanda e França, tenham fechado bares, restaurantes e imposto toques de recolher noturnos, nenhum possui restrições de deslocamento tão rígidas dentro do país.
A Irlanda do Norte foi atingida com mais força na semana passada, fechando escolas por duas semanas e restaurantes por quatro, embora a maioria dos varejistas permaneçam abertos. No País de Gales, as pessoas foram convidadas a ficar em casa durante um período de duas semanas de bloqueio “corta-fogo”, anunciado nesta segunda-feira (19).
No domingo (18), a Irlanda bateu o recorde de casos registrados em um único dia pela quinta vez em nove dias, e tem a 12ª maior taxa entre os 31 países monitorados pelo Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças.
O número de pacientes com Covid-19 também dobrou nas últimas duas semanas, mas está em menos da metade do pico em abril.
Para amortecer o golpe, o governo vai aumentar a quantia com que contribui para o pagamento de desempregados e subsídios salariais relacionados ao coronavírus. O orçamento da semana passada, o maior pacote de estímulo da história do país, introduziu doações muito maiores, de até 5 mil euros por semana, para empresas fechadas ou afetadas pela pandemia.
Os dados divulgados nesta segunda-feira (19/10) mostraram que o número de pessoas que reivindicam o pagamento do seguro desemprego aumentou 20%, para 244.153 nas últimas duas semanas. As estimativas do governo mostram que mais de 100 mil poderiam ser dispensados ??temporariamente agora no nível 5 de restrição.
A taxa de desemprego ficou em 14,7% no mês passado. O ministério das finanças previu que a economia pode se contrair novamente no próximo ano se houver um período prolongado de restrições severas.