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    Programa chinês de modificação do clima cobrirá área maior que a da Índia

    De acordo com uma declaração do Conselho de Estado, a China terá um “sistema desenvolvido de modificação do clima” até 2025

    James Griffiths, da CNN

    A China revelou nesta semana planos para expandir de forma drástica um programa experimental de modificação do clima. A expansão vai cobrir uma área de mais de 5,5 milhões de quilômetros quadrados, o que representa mais de 1,5 vezes o tamanho total da Índia.

    De acordo com uma declaração do Conselho de Estado, a China terá um “sistema desenvolvido de modificação do clima” até 2025, graças aos avanços em pesquisas fundamentais e tecnologias-chave, bem como melhorias na “prevenção abrangente contra riscos de segurança”.

    Nos próximos cinco anos, a área total coberta por chuva artificial ou neve chegará a 5,5 milhões de km2, enquanto mais de 580 mil km2 serão cobertos por tecnologias de supressão de granizo. O comunicado acrescentou que o programa ajudará no socorro a desastres, produção agrícola, respostas emergenciais a incêndios em florestas e pastagens e no enfrentamento de altas temperaturas ou secas.

    Há anos, a China busca controlar o clima para proteger as áreas agrícolas e garantir céu limpo para eventos importantes. Durante os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, nuvens foram semeadas para reduzir a poluição e evitar a chuva antes do evento.

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    As principais reuniões políticas realizadas na capital chinesa são notórias por desfrutarem de um lindo céu claro, graças à modificação do clima e ao fechamento de fábricas próximas. Como conceito, a semeadura de nuvens existe há décadas.

    Ela age injetando pequenas quantidades de iodeto de prata em nuvens com muita umidade, que então se condensa em torno das novas partículas, tornando-se mais pesadas e por fim caindo como precipitação.

    Um estudo financiado pela US National Science Foundation, publicado no início deste ano, descobriu que “a semeadura de nuvens pode aumentar a queda de neve em uma ampla área se as condições atmosféricas forem favoráveis”.

    O estudo foi um dos primeiros a verificar definitivamente a eficácia da semeadura de nuvens, já que antes era difícil de distinguir a precipitação entre aquela que era resultado da prática e a normal.

    Mesmo essa incerteza não impediu a China de investir pesadamente em tecnologia: entre 2012 e 2017, o país gastou mais de US$ 1,34 bilhão em vários programas de modificação do clima. De acordo com a agência de notícias estatal Xinhua, em 2019 a modificação do clima ajudou a reduzir 70% dos danos causados pelo granizo na região de Xinjiang, oeste da China, uma importante área agrícola.

    Embora outros países também tenham investido em semeadura de nuvem, incluindo os EUA, o entusiasmo da China pela tecnologia criou algum alarme, especialmente na vizinha Índia. A agricultura no país é fortemente dependente das monções, que se tornaram menos previsíveis como resultado das mudanças climáticas.

    Índia e China recentemente se enfrentaram ao longo da compartilhada (e muito disputada) fronteira no Himalaia, com os dois lados engajados em seu confronto mais sangrento em décadas no início deste ano.

    Durante vários anos, indianos especularam que a modificação do clima poderia potencialmente dar à China uma vantagem em um conflito futuro, dada a importância das condições para qualquer movimento de tropas na inóspita região montanhosa.

    Embora o foco principal da modificação do clima em Pequim pareça ser doméstico, os especialistas alertaram que há potencial de impacto além das fronteiras do país.

    Em um estudo publicado no ano passado, pesquisadores da Universidade Nacional de Taiwan disseram que “a falta de coordenação adequada da atividade de modificação do clima (poderia) levar a acusações de ‘roubo de chuva’ entre regiões vizinhas”, tanto na China quanto em outros países.

    Eles também apontaram para a falta de um “sistema de freios e contrapesos para facilitar a implementação de projetos potencialmente controversos”.

    “A evidência científica e a justificativa política para a modificação do clima não estão sujeitas a debate ou ampla discussão (na China)”, escreveram os autores. “Além disso, a propensão da liderança para a intervenção tecnológica em domar diferentes sistemas climáticos raramente é questionada por pontos de vista alternativos.”

    Alguns especialistas especularam que o sucesso na modificação do clima pode levar a China a adotar mais projetos ambiciosos de geoengenharia, particularmente porque o país sofre os efeitos das mudanças climáticas. Soluções radicais como semear a atmosfera com partículas reflexivas podem teoricamente ajudar a reduzir as temperaturas, mas também podem trazer consequências imprevistas importantes, e muitos especialistas temem o que precisa acontecer para um país experimentar essas técnicas.

    “Sem regulamentação, os esforços de uma nação podem afetar outros países”, afirmou Dhanasree Jayaram, especialista em clima da Manipal Academy of Higher Education em Karnataka, Índia.

    “Embora a China ainda não tenha mostrado sinais de implantação ‘unilateral’ de projetos de geoengenharia no solo, a escala de sua modificação do clima e outros projetos de engenharia massivos, incluindo projetos de megarrepresas (como a de Três Gargantas), sugere que a China está disposta a implantar esquemas de geoengenharia em grande escala para enfrentar os impactos das mudanças climáticas e atingir seus objetivos do Acordo de Paris”.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

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