Maduro impõe quarentena radical em Caracas após aumento de casos de Covid-19
Anúncio foi feito pela vice-presidente Delcy Rodríguez nesta quarta-feira (14) e entra em vigor amanhã na região metropolitana de Caracas
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decidiu implementar uma quarentena “radical” em Caracas e toda a região metropolitana em virtude do aumento de casos de Covid-19 na região.
O anúncio foi feito pela vice-presidente Delcy Rodríguez nesta quarta-feira (14) e entra em vigor amanhã no Distrito Capital (o município de Caracas) e no Estado de Miranda, que engloba a região metropolitana.
Leia mais:
Venezuela fará eleição para novo Parlamento em 6 de dezembro
Operações de segurança deixam 1.300 mortos na Venezuela em 5 meses, diz ONU
“O presidente decidiu passar ao nível 1 da quarentena em virtude do aumento de casos”, disse Delcy em sua conta no Twitter. “A ação coordenada civil, policial e militar e a consciência dos cidadãos permitirão que essas medidas controlem o surto.
Oficialmente, a Venezuela notificou 9,7 mil casos da doença, com 93 mortes. O número é baixo comparado aos vizinhos andinos que têm enfrentado problemas em controlar a doença, como o Peru, o Chile e o Equador.
A oposição contesta a transparência do governo na divulgação dos dados da pandemia e acusa Maduro de tentar silenciar médicos que denunciam que o número de casos é bem maior. O governo diz que o auxílio de médicos cubanos e chineses — dois dos principais aliados do chavismo no cenário internacional — ajuda a conter o surto, mas nos últimos meses as medidas de contenção vêm aumentando.
No mês passado, o governo fechou o metrô de Caracas e ampliou o controle nas principais rodovias do país.
Reação à pandemia é vista com ceticismo
O ceticismo em relação à pandemia no país também se explica em razão da grave e crônica crise no sistema de saúde venezuelano, que acompanha Maduro desde o início de seu governo, em 2013.
Com a crise cambial e de escassez que atinge a economia do país, hospitais públicos têm há anos dificuldades em importar remédios, equipamentos e reagentes para exames. O cenário caótico contribuiu para diversos surtos de doenças consideradas erradicadas há anos no país, como dengue, malária e difteria, além de um aumento nos casos de doenças sexualmente transmissíveis.
Além disso, o fornecimento de água, crucial para higienização em tempos de coronavírus, é intermitente no país.