Casa Branca tem discursos contrários sobre a necessidade de quarentena
Donald Trump tem linha mais otimista sobre a pandemia
A Casa Branca é uma só.
Mas, desde o começo da semana, o governo federal dos Estados Unidos tem dois discursos bastante diferentes com relação às próximas providências no combate ao avanço do coronavírus no país.
A visão mais otimista é a do presidente. Donald Trump já fala em aliviar as medidas de restrição de mobilidade urbana na próxima semana. Já o conselheiro da presidência para assuntos de Saúde Pública, o vice-almirante Jerome Adams, garante que o pior ainda está por vir. E, segundo médico militar, esta semana a “coisa vai ser bem feia”, nos Estados Unidos. Ele insiste que o isolamento social ainda é a melhor solução para conter a pandemia.
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Os números comprovam a interpretação mais pessimista dos fatos. O número de casos confirmados, nos Estados Unidos, passa de 43 mil. Na segunda-feira, o país atingiu mais uma marca preocupante: mais de 100 mortos pelo vírus em apenas um dia.
Os governadores entendem a gravidade da situação. Dez estados pediram para que seus moradores não saiam de casa, a não ser em situações de emergência. A Califórnia foi além, e determinou um toque de recolher aos seus quase 40 milhões de habitantes. Ao todo, mais de 100 milhões de americanos receberam algum tipo de recomendação de quarentena. Isso significa que um terço da população americana está em casa.
Os impactos na economia, com o fechamento do comércio, o cancelamento dos serviços e a paralisação da indústria, fez com que o Banco Central americano publicasse previsões preocupantes. A taxa de desemprego pode chegar a 30% até o final do ano e queda na capacidade de produção dos Estados Unidos pode recuar 50%, no mesmo período.
As projeções explicam a urgência de Trump em “reabrir o país”, como ele mesmo diz. O presidente também pressiona por mais testes com cloroquina, o remédio para tratamento da malária, que pode funcionar contra o coronavírus.
Na segunda-feira, Trump contou o caso de um paciente em estado terminal que se recuperou do COVID-19 com cloroquina, nos Estados Unidos. O presidente não deu detalhes, para preservar a identidade da pessoa. Mas ele usou o exemplo para aprovar o envio do medicamento a Nova York – o estado mais afetado pela epidemia – onde o princípio ativo vai ser testado a partir de hoje.