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    Quem é Ramagem, homem forte de Bolsonaro que chefiava a Abin

    Eleito com apoio do ex-presidente, deputado federal ainda não é formalmente investigado

    Jussara SoaresRenata Agostini

    Homem de confiança do clã Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) comandava a Agência Brasileira de Investigação (Abin) durante o período em que o órgão teria espionado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas e adversários do ex-presidente entre 2019 e 2021.

    A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta sexta-feira (20), uma operação para investigar o uso do sistema de geolocalização de dispositivos móveis por servidores da Abin sem a autorização judicial. Dois servidores foram presos.

    Vídeo: Sob Bolsonaro, Abin espionou integrantes do STF, diz PF; dois servidores foram presos

    Ramagem não é formalmente investigado pela Polícia Federal, porém o avançar das investigações fecham o cerco ao aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Procurado pela CNN, o deputado federal não se pronunciou.

    Delegado da Polícia Federal desde 2005, Ramagem foi coordenador da segurança de Jair Bolsonaro em 2018 após o então candidato sofrer um atentado em Juiz de Fora. Foi nessa época que ganhou a confiança dos filhos de Bolsonaro.

    Após a eleição, inicialmente, Ramagem foi escalado para um cargo de assessor especial no Palácio do Planalto até que, em julho de 2019, Bolsonaro o colocou no comando da Abin, que é subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), então chefiado pelo general Augusto Heleno.

    Para chegar à chefia da Abin, Ramagem teve o apoio do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Aos fins de semana, ele costumava frequentar o Palácio do Alvorada levando informações estratégicas a Bolsonaro.

    A confiança de Bolsonaro em Ramagem era tamanha que, menos de um ano depois, decidiu que iria promovê-lo novamente e colocá-lo na chefia da Polícia Federal. Na época, chegou a dar declarações de que a PF deveria produzir informações para que ele tomasse decisões.

    O desejo de colocar Ramagem na PF foi o estopim para o rompimento de Sergio Moro (União Brasil-PR), que era ministro da Justiça, com Bolsonaro. Para Moro, empossar Ramagem como diretor-geral seria aparelhar a PF.

    Moro deixou o governo causando alarido e, no fim, foi Alexandre de Moraes quem bloqueou a ida de Ramagem para a Polícia Federal. O ministro suspendeu a posse por ver ausência dos princípios da “impessoalidade, moralidade e interesse público”.

    No final de 2020, segundo reportagem da revista “Época”, sob comando de Ramagem a Abin preparou relatório para subsidiar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para se defender no caso das rachadinhas. Objetivo era pedir a anulação da investigação.

    Com o apoio de Bolsonaro, Ramagem foi eleito deputado federal pelo Rio de janeiro com 59 mil votos. Ele é citado como uma das opções do ex-presidente para disputar a prefeitura do Rio de Janeiro.

    No Congresso, Ramagem compõe a tropa de choque de Bolsonaro. O ex-chefe da Abin ficou responsável por produzir o relatório paralela da CPMI que investiga os atos de 8 de Janeiro. Documento pediu o indiciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro da Justiça, Flávio Dino.

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