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    Oito pontos para saber sobre os assassinatos em massa dos armênios há 106 anos

    Mortes são consideradas por alguns estudiosos como primeiro genocídio do século 20; o dia 24 de abril é lembrado pelos armênios em todo o mundo

    Don Melvin, da CNN

    Os assassinatos em massa de armênios no Império Otomano, que aconteceram há 106 anos, são considerados por alguns estudiosos como o primeiro genocídio do século 20, embora a palavra “genocídio” não existisse na época.

    A questão de chamar os assassinatos de genocídio é emocional, tanto para os armênios, que descendem dos mortos, quanto para os turcos, herdeiros dos otomanos. Para ambos os grupos, a questão atinge tanto a identidade nacional quanto os fatos históricos.

    Alguns armênios julgam que sua nacionalidade não pode ser totalmente legitimada a menos que a verdade sobre o que aconteceu com seus antepassados seja reconhecida. Alguns turcos ainda consideram os armênios uma ameaça ao Império Otomano em tempos de guerra, e dizem que muitas pessoas de várias etnias – incluindo turcos – foram mortas no caos da guerra.

    Além disso, alguns líderes turcos temem que o reconhecimento de um genocídio possa levar a demandas por enormes reparações.

    Então, o que sabemos sobre o que aconteceu naqueles dias fatídicos? Veja algumas respostas:

    O que precedeu os assassinatos em massa dos armênios há mais de 100 anos? 

    Os turcos otomanos, tendo entrado recentemente na Primeira Guerra Mundial ao lado da Alemanha e do Império Austro-Húngaro, temiam que os armênios que viviam no Império Otomano oferecessem assistência à Rússia durante a guerra. A Rússia cobiçava o controle de Constantinopla (agora Istambul), que controlava o acesso ao Mar Negro – e, portanto, o acesso aos únicos portos marítimos da Rússia que funcionavam durante todo o ano.

    Quantos armênios viviam no Império Otomano no início dos assassinatos em massa?

    Muitos historiadores concordam que o número era de cerca de dois milhões. No entanto, as vítimas dos assassinatos em massa também incluíram alguns dos 1,8 milhão de armênios que viviam sob o domínio russo no Cáucaso, alguns dos quais foram massacrados pelas forças otomanas em 1918, enquanto marchavam pela Armênia Oriental e pelo Azerbaijão.

    Como começaram os assassinatos em massa?

    Em 1914, as autoridades otomanas já retratavam os armênios como uma ameaça à segurança do império. Então, na noite de 23 para 24 de abril de 1915, as autoridades em Constantinopla, a capital do império, prenderam cerca de 250 intelectuais armênios e líderes comunitários. Muitos deles acabaram deportados ou assassinados.

    O dia 24 de abril, conhecido como Domingo Vermelho, é celebrado como o Dia da Memória do Genocídio pelos armênios em todo o mundo. Este sábado é o 106º aniversário desse dia.

    Quantos armênios foram mortos?

    Este é um dos principais pontos de discórdia. As estimativas variam de 300 mil a 2 milhões de mortes entre 1914 e 1923, nem todas as vítimas no Império Otomano. Mas a maioria das estimativas – incluindo uma de 800 mil entre 1915 e 1918, feita pelas próprias autoridades otomanas – fica entre 600 mil e 1,5 milhão de mortes.

    Seja devido a assassinatos ou deportações forçadas, o número de armênios que viviam na Turquia caiu de 2 milhões, em 1914, para menos de 400 mil em 1922.

    Memorial do genocídio Armênio em Yerevan
    Memorial do genocídio Armênio em Yerevan
    Foto: Maja Hitij/Getty Images

    Como eles morreram?

    De quase todas as formas que se possa imaginar.

    Enquanto o número de mortos está em disputa, as fotos da época documentam alguns assassinatos em massa. Algumas mostram soldados otomanos posando com cabeças decepadas, em outras fotos eles posam entre os crânios na terra.

    As vítimas teriam morrido queimadas, por afogamento, tortura, gás, veneno, doenças e fome. Crianças foram carregadas em barcos, levadas para o mar e jogadas no oceano. O estupro também foi relatado com frequência.

    Além disso, de acordo com o site armenian-genocide.org, “a grande maioria da população armênia foi removida à força da Armênia e da Anatólia para a Síria, onde muitos foram enviados para o deserto para morrer de sede e fome”.

    O genocídio era um crime na época dos assassinatos?

    Não. A palavra genocídio nem existia na época, muito menos um crime legalmente definido.

    A palavra “genocídio” foi inventada em 1944 por um advogado polonês chamado Raphael Lemkin, para descrever a tentativa sistemática dos nazistas de erradicar os judeus da Europa. Ele formou a palavra combinando a palavra “raça” em grego com a latina “matar”.

    O genocídio tornou-se crime em 1948, quando as Nações Unidas aprovaram a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. A definição inclui atos que significam “destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.

    Quem chama de genocídio os assassinatos em massa dos armênios?

    A Armênia, o Vaticano, o Parlamento Europeu, a França, a Rússia, o Canadá e a Alemanha estão no grupo de alguns dos países que reconheceram o genocídio.

    Quem não chama os assassinatos em massa de genocídio?

    A Turquia, os Estados Unidos, a Comissão Europeia e o Reino Unido.

    Alguns anos atrás, na véspera do 99º aniversário do Domingo Vermelho, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan ofereceu condolências pelos assassinatos em massa, que ele disse ter “consequências desumanas”. Embora a Turquia continue a rejeitar veementemente a palavra “genocídio”, seus comentários foram mais longe do que os de qualquer líder turco anterior ao reconhecer o sofrimento dos armênios.

    (Esta é uma matéria traduzida. Clique aqui para ler a original, em inglês)

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