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    Biden fará discurso que espera há décadas na última noite de convenção democrata

    Discurso de aceitação de indicação para concorrer à Casa Branca é momento crítico da campanha

    Dan Merica e Eric Bradner, da CNN

    A quarta e última noite da Convenção Nacional Democrata terminará com o discurso que Joe Biden espera fazer há décadas, quando aceitará a indicação para a disputa presidencial por seu partido.

    O discurso de aceitação de um indicado é um momento crítico de qualquer campanha presidencial. Mas esse discurso pode ter mais peso, já que a maioria das campanhas presenciais foi interrompida por causa da pandemia do novo coronavírus.

    Essa falta de contato regular com o próprio Biden coloca ainda mais pressão em um discurso no horário nobre que pode moldar a forma como os eleitores vêem tanto o Partido Democrata quanto a candidatura de Biden.

    Os telespectadores assistirão ao que Biden diz – especialmente como ele posiciona sua campanha contra o presidente Donald Trump perante uma audiência nacional. Na próxima semana, na Convenção Nacional Republicana, espera-se que os republicanos passarão muito tempo tentando mostrar o ex-vice-presidente como velho e despreparado.

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    Mas não espere que o discurso de Biden seja centrado em Trump, disse um conselheiro sênior à CNN. Em vez disso, o ex-vice-presidente, embora critique duramente o presidente, buscará olhar além da presidência do republicano e adotar um tom mais otimista.

    Biden não estará sozinho no ataque a Trump e na defesa dos democratas. Ele será acompanhado por três mulheres que vetou para vice-presidente nos últimos dois meses e quatro democratas que concorreram contra ele nas primárias democratas.

    As três primeiras noites da convenção foram um sucesso, apesar do formato não convencional. Mas os organizadores do evento sabem que a noite final – e o discurso de Biden – moldará em grande parte a forma como os eleitores veem o sucesso ou o fracasso do evento como um todo.

    Veja abaixo os destaques da quarta e última noite da Convenção Nacional Democrata:

    O que Biden dirá?

    As primeiras três noites da convenção democrata focaram nos personagens da disputa de 2020 – e esse é um tema no qual Biden deve ser apoiar na noite desta quinta.

    Ele há muito diz que a corrida presidencial é uma “batalha pela alma da nação” – um slogan que pregou na lateral de seu ônibus de campanha durante as primárias democratas.

    Ele disse que decidiu se candidatar à presidência depois de ver Trump dizer que tanto supremacistas brancos quanto manifestantes anti-racistas em Charlottesville, na Virgínia, tinham “gente muito boa em ambos os lados”.

    Será que Biden lançará uma nova linha de ataque, mais incisiva, contra Trump? Ou se manterá em seus temas típicos – em última análise, mantendo a disputa em sua trajetória atual, como se fosse um referendo sobre o republicano?

    Um assessor sênior disse à CNN na noite de quarta-feira que Biden vê este momento “como maior do que o presidente Trump” e “uma oportunidade de apresentar seu argumento afirmativo aos Estados Unidos”.

    A convenção até agora, desde a sua abertura com um moderador perguntando aos americanos como eles estavam até o discurso de Jill Biden em uma sala de aula fechada na noite de terça-feira, mostrou que os democratas acreditam que a pandemia do novo coronavírus e a forma como Trump lidou com a situação são tudo o que realmente importa agora.

    Biden deve tentar conectar as ações de Trump durante a pandemia a seu argumento mais amplo contra o caráter do presidente.

    O momento de Biden

    Biden buscou a indicação presidencial democrata por quase metade de sua vida. Ele foi pré-candidato à presidência três vezes – em 1988, quando um escândalo de plágio acabou com suas esperanças; em 2008, quando não ganhou força real diante do então senador Barack Obama; e, finalmente, este ano, quando disse que sentia que a “alma da nação” estava em jogo.

    Em um ano em que seus instintos políticos da velha guarda parecem se encontrar com um momento sem precedentes, ele fará o discurso que passou décadas esperando.

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    Os oponentes apoiam Biden

    O ex-prefeito de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg
    O ex-prefeito de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg, é um dos ex-pré-candidatos que discursará a favor de Biden nesta quinta
    Foto: Brendan McDermid – 4.fev.2020/ Reuters

    Eles concorreram contra Joe Biden. Agora, falam a seu favor. Quatro dos ex-pré-candidatos nas primárias – o senador de Nova Jersey Cory Booker, o ex-prefeito de South Bend Pete Buttigieg, o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg e o empresário Andrew Yang – contarão aos democratas sobre o Joe Biden que conheceram na campanha e por que eles acreditam que ele deve ser presidente.

    A maioria dos democratas ainda tem memórias vivas das primárias complicadas e cheia de candidatos. Portanto, ter vários dos que concorrem contra Biden agora defendendo sua candidatura pode se provar poderoso com a base do partido. 

    Booker, Buttigieg, Bloomberg e Yang se juntam a ex-pré-candidatos como a senadora Elizabeth Warren, o senador Bernie Sanders e a candidata a vice-presidente Kamala Harris para discursar na convenção.

    O discurso de Buttigieg, de acordo com um assessor, continuará com a mensagem de pertencimento que ancorou a campanha do ex-prefeito de South Bend, mas “vincula isso a como o presidente Joe Biden reunirá as pessoas para superar os maiores desafios”.

    Yang, cuja campanha presidencial foi centrada em apelos por uma Renda Básica Universal, oferecerá um aceno para a base não tradicional que o impulsionou durante as primárias e argumentará sobre os motivos pelos quais os eleitores que podem nunca ter considerado apoiar Biden ou Harris deveriam apoiá-los agora, elogiando a dupla como pessoas que “entendem os problemas” e “querem o melhor para o país”.

    Booker, como parte de uma conversa gravada com o governador da Califórnia Gavin Newsom, discutirá “por que ele ainda tem um sentimento de esperança nestes tempos difíceis e sombrios e fará um apelo à ação que este momento exige de todos”, disse um assessor.

    E Bloomberg, um ex-republicano cuja escolha para falar na convenção foi criticada por democratas liberais, planeja discutir o partido tem “os melhores candidatos para enfrentar os desafios de hoje e realizar grandes coisas”, disse sua organização política por e-mail aos apoiadores.

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    Biden entrevistou 11 mulheres para escolher sua companheira de chapa. Na quinta-feira, três dessas finalistas – a senadora de Wisconsin Tammy Baldwin, a prefeita de Atlanta, Keisha Lance Bottoms e a senadora de Illinois Tammy Duckworth – discursarão na convenção em nome a favor dele.

    A mensagem delas exemplificará a diversidade das mulheres que Biden avaliou para serem suas companheiras de chapa e fornecerá ao ex-vice-presidente validadores em tópicos que vão desde cuidados de saúde até apoio a famílias de militares.

    Baldwin “discutirá as escolhas diante dos eleitores e que tipo de país eles querem, focando particularmente em sua própria história de saúde”, disse um assessor. 

    A senadora de Wisconsin, uma pioneira como a primeira pessoa LGBTQ eleita para o Senado em 2012, foi vetada em grande parte por causa de sua boa-fé legislativa e pelo fato de vir de um estado-chave.

    “Que tipo de país queremos ser”, perguntará Baldwin, de acordo com texto enviado à CNN. “Um lugar onde ‘Nós, o Povo’ significa apenas certas pessoas ou um em que ‘Nós, o Povo’ significa todas as pessoas?”

    Duckworth, outra finalista para ser vice, falará como os Biden têm laços militares profundos – principalmente por meio de seu falecido filho Beau Biden, que morreu de câncer no cérebro em 2015 – e argumentará que Joe Biden “cuidará de veteranos e famílias de militares, ao contrário de Donald Trump “, disse um assessor. Ela é uma veterana do Exército dos EUA que perdeu as duas pernas enquanto servia no Iraque.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)

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