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    Como Trump está tornando as coisas mais difíceis para Biden de propósito

    O objetivo é criar tantos incêndios que será difícil para o governo Biden apagar todos, disse um funcionário do governo à CNN

    Donald Trump e Joe Biden
    Donald Trump e Joe Biden Foto: Al Drago e Brian Snyder/Reuters

    Análise de Zachary B. Wolf, CNN

    O presidente Donald Trump continua a berrar no Twitter (entre rodadas de golfe) e a espalhar a mentira de que ganhou a eleição que perdeu, prometendo que estará na Casa Branca em janeiro.

    Enquanto isso, uma “mentalidade de bunker” se estabeleceu, de acordo com a reportagem da CNN, e a primeira-família cancelou os planos para o Dia de Ação de Graças na Flórida para, em vez disso, ficar na Casa Branca, a qual vai deixar em pouco mais de dois meses.

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    No entanto, em todo o governo comandado por Trump – com ações no Pentágono, falta de ações na economia e negacionismo sobre a pandemia –, o presidente e seus aliados estão subestimando o presidente-eleito Joe Biden e prejudicando o povo norte-americano. Ninguém reconhece que está prestes a ser substituído.

    Em vez disso, Trump tem andado ocupado demitindo funcionários que dizem qualquer coisa contrária à narrativa de fraude eleitoral. Na terça-feira (17) foi Christopher Krebs, diretor do Departamento de Segurança Interna (DHS – Department of Homeland Security) que confirmou que a eleição estava livre de manipulação.

    Segue um pequeno guia de como Trump está deixando as coisas para seu sucessor.

    Engessando Biden em questões de relações exteriores 

    Um relatório da equipe de segurança nacional da CNN demonstra como o governo Trump está trabalhando ativamente para tornar a vida de Biden mais difícil.

    O objetivo é criar tantos incêndios que será difícil para o governo Biden apagar todos, disse um funcionário do governo à CNN.

    O governo de Trump está:

    ·         Retirando ainda mais tropas do Afeganistão e do Iraque nos últimos dias de Trump como presidente.

    ·         Denominando novas designações terroristas no Iêmen que poderiam complicar os esforços para intermediar a paz. 

    ·         Apressando a autorização de uma venda maciça de armas que poderia alterar o equilíbrio de poder no Oriente Médio.

    ·         Planejando uma repressão de última hora à China.

    ·         Considerando a ideia de um ataque militar de última hora contra o Irã, de acordo com o jornal “The New York Times”.

    ·         Construindo um muro de sanções que dificultam a volta de Biden ao acordo nuclear com o Irã que Trump abandonou.

    ·         Enviando Mike Pompeo na primeira visita oficial de um secretário de Estado dos EUA a um assentamento israelense. 

    Tornar as coisas mais difíceis para Biden de propósito poderia configurar o argumento de Trump para uma revanche em 2024, de acordo com especialistas no relatório.

    E a mudança de última hora promovida por Trump na liderança civil no Pentágono faz parte desse esforço.

    Entregando uma granada econômica a Biden
    O fracasso de Trump em negociar um novo estímulo contra a Covid-19 com o Congresso colocará Biden em uma batalha política desde seu primeiro dia para ajudar os norte-americanos prejudicados pela pandemia.

    Eis o que expira em dezembro se não forem tomadas outras medidas:

    ·         Disposições para reforçar o seguro-desemprego

    ·         Um adiamento dos pagamentos de empréstimos estudantis 

    ·         Uma disposição de licença familiar remunerada

    ·         Fundo de auxílio do coronavírus para estados cuja base fiscal foi dizimada

    ·         Uma moratória sobre despejos

    Trump poderia lidar com essas questões com decretos presidenciais, se esse fosse seu foco. Independentemente disso, a primeira grande batalha política da presidência de Biden será provavelmente este impasse com um Senado que será estreitamente republicano ou controlado pelos democratas.

    Trump também autorizou um atraso temporário nos impostos sobre a folha de pagamento neste ano. Nem todos os empregadores participaram, mas com Trump incapaz de tornar o atraso fiscal permanente ou perdoá-lo, Biden terá que descobrir como não fazer com que os impostos acumulados sobre a folha de pagamento pareçam um aumento de impostos quando a conta chegar em 2021.

    Enfraquecendo a democracia americana

    A mais importante dessas surpresas desagradáveis é a firme recusa de Trump em aceitar a legitimidade da vitória de Biden, uma atitude fútil, já que Biden fará o juramento de posse e Trump não será mais presidente em janeiro.

    Seja porque quer aposentar a dívida de campanha, semear um novo império de descrentes democráticos na mídia, ou porque é pessoalmente incapaz de admitir a derrota, as ações de Trump terão consequências. 

    Continuamos a checar essas alegações e teorias. Todos elas se mostraram mentiras.

    É evidente que muitos dos seguidores de Trump estão 100% comprometidos com sua descrença nos resultados eleitorais. Se a ortodoxia republicana acredita que Biden não é um verdadeiro presidente, ela pode legitimar e até mesmo exigir obstruções a seus esforços para governar nos próximos quatro anos, colocando em risco o processo democrático.

    Se Biden for governar como um unificador como prometeu, terá primeiro de encontrar uma forma de abordar as pessoas que estão sendo preparadas para acreditar na noção contrafatual de que ele é um ladrão eleitoral.

    Os republicanos podem argumentar que Trump estava fadado ao fracasso por democratas ressentidos, mas isso é uma falsa equivalência, uma vez que democratas, de Barack Obama a Hillary Clinton, reconheceram a vitória de Trump em tempo real. Também ignora as evidências que levaram à investigação da Rússia, ao impeachment de Trump e muito mais. 

    Por que a “mentalidade de bunker” é tão traiçoeira

    O termo acima, mentalidade de bunker, pode ser usado pelos assistentes da Casa Branca para si mesmos anonimamente. Sempre associei isso ao fim de Adolf Hitler, no bunker, cercado de bajuladores e rejeitando os fatos diante de uma derrota certa.

    Mas o historiador Benjamin Carter Hett escreveu sobre isso com mais profundidade no jornal “LA Times”, e fez questão de destacar que o fato de Trump forçar a mentira de que ganhou as eleições e de seu partido apoiá-lo terá efeitos corrosivos sobre a democracia.

    Vou mencionar os dois últimos parágrafos aqui, mas deve-se ler o artigo todo e aplicá-lo ao que estamos vendo na Casa Branca.

    “Agora, vemos o Partido Republicano atendendo com prazer às ilusões de Trump sobre sua ‘vitória’ eleitoral. Políticos tão proeminentes como os senadores Lindsey Graham e Ted Cruz e o Secretário de Estado Mike Pompeo estão avidamente seguindo a mesma linha. Suas mentiras também vão se prolongar e semear ressentimentos por anos.

    Eles mostraram que vencer, e até agradar o frágil ego de Trump, significa mais para eles do que a sobrevivência de nossa democracia. Quanto tempo poderemos continuar como uma democracia com um de nossos dois grandes partidos nas mãos de tais pessoas será a questão mais urgente dos próximos anos.”

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).