Países oferecem ajuda à Índia contra recordes de Covid-19 e falta de oxigênio
Este é o quinto dia consecutivo que a Índia registra mais de 300 mil casos de Covid-19
A Índia registrou 352.991 novos casos de Covid-19 nesta segunda-feira (26), elevando seu total para mais de 17,3 milhões de infecções, de acordo com uma contagem de números obtida pela CNN por meio do Ministério da Saúde indiano.
O número de mortos no país também está crescendo rapidamente, com 2.812 mortes registradas na segunda-feira – marcando o décimo dia consecutivo de alta nos números.
A contagem de segunda-feira representa o maior número de casos registrados em um único dia em qualquer lugar do mundo desde o início da pandemia, de acordo com uma contagem de números da CNN coletados pela Universidade John Hopkins.
Este é o quinto dia consecutivo em que a Índia, com uma população de 1,3 bilhão de pessoas, adiciona mais de 300 mil casos por dia e supera o recorde global de novas contaminações.
Enquanto a Índia luta contra uma segunda onda devastadora de Covid-19 que está matando milhares a cada dia, os esforços internacionais para ajudar a enfrentar a crise estão se acelerando, com a Grã-Bretanha e os Estados Unidos prometendo fornecer ajuda e suprimentos médicos muito necessários.
A segunda onda, que começou em março, aumentou rapidamente, com a Índia registrando mais de um milhão de novos casos em apenas três dias. Nas últimas duas semanas, as instalações médicas têm ficado sem oxigênio e leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão lotados, com pacientes deixados fora dos hospitais esperando por atendimento. O país registrou 195.123 mortes até o momento.
A situação é particularmente terrível na capital Nova Delhi, que está fechada (em lockdown) até 3 de maio. A cidade está enfrentando uma grave escassez de oxigênio. Delhi não produz seu próprio oxigênio e depende de recursos fornecidos pelo governo central, de acordo com o ministro-chefe de Delhi, Arvind Kejriwal.
Vários hospitais de Delhi tuitaram pedidos de socorro no fim de semana, apelando por suprimentos de oxigênio. No sábado (24), pelo menos 20 pacientes gravemente enfermos morreram depois que o suprimento de oxigênio foi adiado em um hospital de Delhi.
Em um tweet no domingo, o primeiro-ministro Narendra Modi disse que seu governo vai instalar 551 usinas de geração de oxigênio “em cada distrito para garantir a disponibilidade adequada” do insumo.
O governo central tem sofrido fortes críticas no país pela forma como lida com o surto, ao passo em que hospitais lotados postam apelos nas redes sociais por mais suprimentos e funcionários estaduais e federais. Muitos se voltaram para o mercado negro em uma tentativa desesperada de salvar seus entes queridos.
Modi só falou à nação sobre a crise pela primeira vez na semana passada, depois de realizar comícios políticos e minimizar em grande parte a urgência da segunda onda nas semanas anteriores.
Durante seu programa mensal de rádio no domingo, Modi disse que manteve reuniões com especialistas da indústria farmacêutica, fabricantes de vacinas e produtores de oxigênio sobre como lidar com a segunda onda.
“Estou falando com vocês em um momento em que a Covid-19 está testando nossa paciência e capacidade de suportar a dor. Muitos de nossos entes queridos nos deixaram de forma prematura”, disse ele no programa de rádio. “Depois de enfrentar com sucesso a primeira onda, o moral da nação estava alto, estava confiante. Mas esta tempestade abalou a nação.”
Ajuda global
Com dolorosas da situação Índia e aumento do número de mortos produzindo manchetes globais, países ao redor do mundo se ofereceram para ajudar.
A administração Biden e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos distribuirão suprimentos e suporte para a Índia, incluindo o envio de ventiladores, material de proteção individual, kits de teste de diagnóstico rápido e terapêutica, conforme relatou a Casa Branca e altos funcionários do governo.
“Os Estados Unidos também estão buscando opções para fornecer geração de oxigênio e suprimentos relacionados em caráter urgente”, de acordo com os registros de ligação entre os consultores de segurança nacional dos dois países.
No início deste ano, os EUA proibiram temporariamente a exportação de matérias-primas essenciais para a produção de vacinas. Esta decisão polêmica significou que os fabricantes de vacinas em todo o mundo, incluindo o Serum Institute of India (SII), enfrentaram uma escassez de materiais para fazer as vacinas Covid-19 e foram forçados a procurar outro lugar.
A proibição tem enfrentado críticas crescentes, com alguns caracterizando-a como acumulação de recursos à medida que a segunda onda da Índia se acelerou – especialmente devido à própria situação de melhoria dos EUA e ao programa de vacinação eficaz.
Adar Poonawalla, CEO da SII, apelou diretamente ao presidente dos EUA, Joe Biden, em 16 de abril, conforme a crise nacional se agravava. “Se quisermos realmente nos unir para vencer este vírus, em nome da indústria de vacinas fora dos Estados Unidos, humildemente peço que suspendam o embargo às exportações de matéria-prima dos Estados Unidos para que a produção de vacinas possa aumentar”, tuitou Poonawalla.
No domingo, a Casa Branca anunciou que suspenderia parcialmente a proibição e identificaria “matéria-prima específica necessária com urgência para a fabricação indiana da vacina de Covishield, que será imediatamente disponibilizada para a Índia”.
No entanto, o anúncio não mencionou o compartilhamento das doses da vacina AstraZeneca, da qual os EUA têm dezenas de milhões em estoque. As doses, que não foram autorizadas pela Food and Drug Administration dos EUA, não foram utilizadas, com exceção de alguns milhões de injeções enviadas para o Canadá e o México.
No domingo, o Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, disse que o envio de vacinas em excesso para a Índia estava “na mesa”, embora ele não tenha oferecido um cronograma ou plano para tal movimento.
Ele também alertou que, embora os EUA pareçam estar no caminho da recuperação, com os casos diários se mantendo estáveis e as vacinações aumentando, o vírus é um problema global.
“Essa é a razão pela qual nós e outros países ricos temos que exercer o que considero uma responsabilidade moral para ajudar o resto do mundo a controlar isso”, disse Fauci. “Daqui a um ano estaremos em muito melhor forma do que estamos agora, mas haverá outros países que não estarão. Quanto mais rápido protegermos o resto do mundo, mais segura será nossa proteção”.
O Reino Unido também está enviando 600 equipamentos médicos para a Índia, incluindo concentradores de oxigênio e ventiladores, conforme anunciou o governo no domingo. O auxílio segue um pedido direto da Modi ao Reino Unido. A primeira remessa deve chegar a Nova Delhi na terça-feira (27).
A Índia também está importando 23 plantas de geração móvel e contêineres da Alemanha, que serão transportados por avião e chegarão à Índia em uma semana. Os suprimentos serão enviados a hospitais militares que tratam de pacientes com Covid-19, disse o Ministério da Defesa da Índia na sexta-feira.
O vizinho Paquistão anunciou que forneceria “ajuda humanitária” em um “gesto de solidariedade”, de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores do país.
Os dois Estados com armas nucleares têm uma longa história de hostilidade, e as tensões aumentaram consideravelmente no ano passado. O Paquistão está se oferecendo para enviar ventiladores, material de proteção individual e outros tipos de assistência médica.
“Quero expressar nossa solidariedade ao povo da Índia enquanto luta contra uma onda perigosa de Covid-19”, disse o primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, em um comunicado publicado no sábado. “Nossas orações por uma recuperação rápida vão a todos aqueles que sofrem com a pandemia”, disse Khan. “Devemos lutar contra este desafio global que confronta a humanidade juntos.”
Os gigantes da tecnologia Microsoft e Google também ofereceram apoio à Índia, incluindo financiamento para suprimentos médicos, como dispositivos de concentração de oxigênio.
(Texto traduzido. Clique aqui para ler a versão em inglês)