Morte durante protestos em Portland: o que se sabe sobre o caso
Na noite de sábado, um homem foi baleado no peito e morreu; ainda não há informações sobre suspeitos nos EUA
Alguns dias depois que um homem foi baleado e morreu no centro de Portland, no estado norte-americano do Oregon, na noite de sábado (29) – quando apoiadores do presidente Donald Trump entraram em confronto com manifestantes que marchavam contra a polícia –, poucos detalhes foram divulgados sobre o que realmente aconteceu.
A polícia local não divulgou nenhuma informação sobre a vítima, que foi baleada no peito. Além disso, também não há informações sobre suspeitos, e a corporação pede que qualquer um que tenha presenciado o incidente ou gravado algum vídeo entre em contato.
O chefe de polícia Chuck Lovell pediu à população que não tire conclusões precipitadas sobre o que levou ao disparo.
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O que aconteceu no sábado em Portland
Estavam sendo realizados protestos contra injustiça racial e brutalidade policial. As manifestações no país começaram após a morte de George Floyd em maio e tomaram um novo fôlego com o caso Jacob Blake, que levou sete tiros de um policial no estado de Wisconsin e está no hospital.
Um comício de Trump em Portland estava marcado para acontecer na região de Clackamas, no Oregon, onde um grupo de apoiadores do mandatário se reuniu, informou a emissora KOIN, afiliada da CNN.
Após o evento, um comboio de carros, motos e caminhões seguiu o caminho planejado, que aparentemente incluía o centro de Portland, de acordo com uma propaganda do evento no Facebook.
A polícia local estava ciente do comício e tentou manter a caravana fora do centro, disse Lovell em uma entrevista coletiva nesse domingo (30). Contudo, um grupo de carros conseguiu entrar na área.
No Twitter, a corporação afirmou que houve “alguns casos de violência entre manifestantes e anti-manifestantes”.
Vídeos divulgados por um repórter do jornal The New York Times mostram confrontos entre apoiadores de Trump e manifestantes. Um homem que estava na parte de trás de uma picape com uma bandeira escrita “Oregon por Trump” é visto apontando e disparando uma arma de paintball contra manifestantes que estavam em uma esquina.
O que se sabe sobre a vítima
O homem que morreu usava um chapéu com uma insígnia de Patriot Prayer, um grupo de extrema direita que já entrou em confronto com manifestantes no passado, de acordo com o repórter do NYT Mike Baker.
Sobre a vítima, Trump escreveu no Twitter: “Descanse em paz”.
O que diz uma testemunha
Justin Dunlap, que presenciou o disparo e capturou parte do ocorrido na transmissão ao vivo que fez no Facebook, disse que “não ouviu muita coisa”. “Ouvi uns três segundos de pessoas gritando e vi um homem borrifar um spray”, contou ele à CNN. “A vítima lançou o spray direto no outro homem.”
A CNN não conseguiu confirmar se a vítima é a pessoa que lançou o spray.
“Assisti ao vídeo umas 100 vezes, em slow motion e na minha TV, e ainda não sei de onde os tiros vieram”, afirmou Dunlap.
Ele disse que vem documentando as marchas em Portland desde os protestos contra a morte de George Floyd. “Eu estava no lugar errado na hora certa”, contou. “Sou apenas um cidadão jornalista. Só quero que as pessoas saibam o que está acontecendo aqui.”
O que diz a polícia
Donald Trump e o prefeito de Portland, Ted Wheeler, trocaram críticas logo após o incidente – o presidente no Twitter e o prefeito em uma entrevista coletiva.
“Ted Wheeler, o louco esquerdista radical democrata que não faz nada, prefeito de Portland, que tem visto morte e destruição da sua cidade durante seu mandato, acha que essa situação sem lei deve durar para sempre. Errado! Portland nunca vai se recuperar com um idiota como prefeito”, escreveu Trump no Twitter no domingo.
Na entrevista coletiva, Wheeler respondeu ao mandatário. “É você quem criou o ódio e a divisão”, disse o prefeito. “A tragédia da noite passada não pode se repetir”, afirmou. “Não importa quem você é ou quem os políticos são, temos todos que parar a violência.”
A governadora do Oregon, Kate Brown, também criticou Trump em um comunicado divulgado no domingo, dizendo que ele “vem encorajando a divisão e alimentando a violência”.
“Aconteceu em Kenosha. E agora, infelizmente, está acontecendo em Portland, Oregon”, disse ela. “Mas apesar da zombaria e dos tuítes do presidente, isso é uma questão de vida ou morte. Seja pela resposta completamente incompetente dele à pandemia, que já matou quase 200 mil pessoas, ou o seu total encorajamento da violência em nossas ruas. Deveria estar claro para todos agora que ninguém está seguro de verdade com Donald Trump como presidente”, afirmou Brown.
(Texto traduzido, clique aqui e leia o original em inglês.)