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    Além da Covid-19, Índia e Bangladesh sofrem com a chegada de um poderoso ciclone

    Amphan carrega ventos de 240 km/h, apesar de as previsões apontarem que ele se enfraquecerá antes de tocar terra na quarta-feira

    Um poderoso ciclone que se formou na Baía de Bengala, no nordeste do oceano Índico, está seguindo em direção à fronteira entre Índia e Bangladesh, com um potencial de grande destruição em dois países que ainda lutam contra a pandemia do novo coronavírus.

    O ciclone Amphan se fortaleceu e equivale agora a um furacão de categoria 4 no Atlântico ou a um supertufão no oeste do Pacífico. Amphan carrega ventos de 240 km/h, apesar de as previsões apontarem que ele se enfraquecerá antes de tocar terra na quarta-feira (20), perto do delta (foz do rio formada por vários canais) do Ganges.

    Mesmo se a tempestade cair enfraquecida, ainda pode causar estragos enormes. O Amphan está previsto para atingir regiões mais pobres, densamente povoadas e com infraestrutura precária. Se cair no delta mais baixo, ainda há a possibilidade de causar grandes temporais.

    Desastres naturais são tragicamente comuns nessas partes do mundo, mas esta pode ser a primeira tempestade poderosa a atingir Índia e Bangladesh em meio a uma emergência global de saúde.

    Até a manhã desta segunda-feira (18), Bangladesh havia identificado 22.268 casos do novo coronavírus e 328 mortes relacionadas à doença, enquanto a Índia registrou 96.169 infectados e 3.029 mortes, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. Os dois países ainda não conseguiram reduzir suas taxas de contaminação.

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    Autoridades indianas informaram nesta segunda que o país identificou mais de 5 mil novos casos de Covid-19 em apenas 24 horas, o maior número registrado em um só dia desde o início da pandemia. Bangladesh teve 1.273 novos casos da doença dentro do mesmo período de tempo, segundo o Ministério de Saúde e Bem-Estar da Família do país.

    Dois desastres simultâneos

    Lidar com dois desastres será difícil, principalmente quando as medidas para salvar vidas durante a passagem de uma tempestade — como a criação de centros para pessoas que tiveram de abandonar suas casas — são difíceis de se colocar em prática em razão das determinações de distanciamento social.

    O estado indiano de Odisha emitiu alerta máximo para 12 distritos, enquanto o vizinho Bengala Ocidental – na fronteira da Índia com Bangladesh — soou um alerta para ciclones em seis distritos costeiros, incluindo Calcutá, uma das cidades mais populosas do país, com mais de 4,4 milhões de habitantes.

    Shri Pradhan, diretor-geral da Força de Resposta a Desastres da Índia, disse que as autoridades estão deslocando dez equipes para Odisha e sete para Bengala Ocidental para iniciar os trabalhos de retirada de pessoas.

    A tempestade também pode levar fortes chuvas ao maior campo de refugiados do mundo em Cox’s Bazar, onde ao menos um milhão rohingyas vivem após fugirem da violência no estado de Rakhine, em Mianmar.

    Uma intensa tempestade pode devastar o campo, que teve os primeiros casos de Covid-19 confirmados na semana passada. Um defensor dos direitos humanos disse que um novo surto da doença no local seria um “cenário de pesadelo”.

    “A deterioração das condições sanitárias que certamente ocorrerá com a estação de monções e a temporada de inundações que se aproxima contribuem para uma mistura de condições nas quais o vírus com certeza se espalhará”, afirmou Daniel P. Sullivan, que trabalha para a ONG Refugees International.

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