Argentina recua e pede para participar de acordos do Mercosul
Em documento entregue a outros países, espera que os tratados avancem em ritmo mais lento e disse que pode adotar medidas protecionistas
A Argentina disse nesta terça-feira (5) que quer voltar à mesa de negociações de acordos comerciais do Mercosul com outros países, recuando da decisão anunciada no final de abril, quando o país avisou aos demais sócios do bloco que iria abandonar os acordos por completo. Em documento entregue a Brasil, Paraguai e Uruguai, Buenos Aires espera que os tratados avancem em ritmo mais lento e disse que pode adotar medidas protecionistas caso julgue necessário.
O recuo é uma resposta às críticas do setor empresarial e da oposição ao chanceler Felipe Solá e ao presidente Alberto Fernández, por conta da primeira decisão de abandonar as negociações. Ontem, em um encontro com empresários do agronegócio, Solá indicou que o país permanecerá na mesa de negociação, mas disse que o bloco precisa levar em consideração o contexto de pandemia e a fragilidade pela qual economia argentina passa no momento.
Fontes diplomáticas disseram à CNN que a proposta ainda está sendo avaliada pelos demais sócios do bloco. O Brasil ainda não tem posição definida e, pelo documento entregue pela chancelaria argentina, ficou com dúvidas. Nesta quinta-feira (7), os quatro países irão se reunir novamente para discutir o assunto.
Atualmente, o Mercosul tem negociações abertas com Coreia do Sul, Cingapura, Canadá e Líbano. A maior preocupação do governo Fernández diz respeito ao acordo com os coreanos, visto com ressalvas, já que pode comprometer a política de proteção à indústria argentina. Industriais acreditam que uma liberação de importações de bens manufaturados vindos da Coreia irá prejudicar o setor. A empresários, Felipe Solá disse que irá propor a reabertura de negociações de acordos comerciais do Mercosul com a América Central, Vietnã e Colômbia.