Ataque para impedir confirmação de eleição é inédito em 220 anos do Capitólio
Em 220 anos de história, o Capitólio registrou muitos incidentes. Mas o cerco, ataque e invasão à sede do Congresso americano com o apoio de milhares de manifestantes, alguns deles armados, para impedir a ratificação de uma eleição depois de ouvir o discurso de um presidente que não aceita a derrota, é algo absolutamente inédito.
Partes do Capitólio começaram a ser ocupadas em 1800, depois que o então presidente George Washington lançou a pedra fundamental, em 1793. Na Guerra de 1812 entre a Inglaterra e sua antiga colônia, as tropas britânicas invadiram Washington e atearam fogo ao Capitólio, que foi salvo da completa destruição por uma tempestade que se seguiu.
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A primeira tentativa de assassinato contra um presidente americano ocorreu em 1835, quando Andrew Jackson deixava um funeral na Câmara dos Deputados. O pintor de casas desempregado Richard Lawrence mirou no presidente e puxou o gatilho, mas o revólver falhou.
O incidente de dimensões políticas maiores da história do Capitólio antes dessa quarta-feira (06) ocorreu em 1954. Quatro militantes nacionalistas porto-riquenhos abriram fogo no plenário da Câmara, ferindo cinco deputados. Os quatro foram condenados a penas de 16 a 75 anos. Mas foram depois indultados pelo presidente Jimmy Carter.
Bombas foram colocadas no prédio em 1915, 1971 e 1983, mas ninguém saiu ferido.
Russell Eugene Weston Jr. abriu fogo na entrada leste do prédio contra agentes da polícia do Capitólio, matando dois deles, antes de ser preso. Weston explicou a um psiquiatra forense que atacou o Congresso com o objetivo de evitar que os Estados Unidos fossem aniquilados por doenças e legiões de canibais.
Finalmente, em 2016, Larry Russell Dawson apontou uma pistola de compressão de ar contra um policial no Centro de Visitação do Capitólio e foi ferido. Dawson, condenado a 11 meses de prisão, declarou-se um “profeta de Deus”.
Nos incidentes dessa quarta-feira, uma mulher morreu, várias pessoas ficaram feridas e 13, presas, além de 5 armas apreendidas. Todos os presos são de fora de Washington, segundo a polícia.
A dimensão simbólica do ataque à alternância de poder, essência da democracia, entrará para a história.