Vice-presidente Michelle Obama?
Joe Biden prometeu que escolherá uma mulher como vice-presidente – e a ex-primeira-dama está entre as pessoas mais populares entre democratas e independentes
Na noite de segunda-feira, 20 de abril, em entrevista ao principal especialista político de Pittsburgh, Joe Biden soltou uma pequena notícia sobre sua busca para a vice-presidência.
“Eu a escolheria sem pensar duas vezes”, disse Biden a Jon Delano, a respeito da ex-primeira-dama Michelle Obama. “Ela é brilhante. Sabe o que há ao redor. É uma mulher excelente. Os Obama são grandes amigos.”
Então, tá bom, ok!
Agora, a verdade é que Biden dizendo que adoraria ter Michelle Obama como sua companheira de chapa no Partido Democrata é como se eu dissesse que queria ter Stephen Curry se estivesse montando um time de basquete. É meio que óbvio.
Joe Biden prometeu que escolherá uma mulher como vice-presidente – e a ex-primeira-dama está, bem, entre as mulheres (e pessoas) mais populares entre os democratas e independentes no país. Michelle Obama foi escolhida como a mulher mais admirada nos Estados Unidos em 2018 e 2019 , de acordo com o Gallup. Sua biografia, “Minha História” (“Becoming” no título original) vendeu mais de 10 milhões (!) de cópias. Ela fundou um grupo não-partidário com o objetivo de aumentar o registro de eleitores – o grupo ganhou o noticiário na semana passada ao endossar a lei do Partido Democrata sobre voto antecipado e por e-mail em meio à crise do coronavírus.
Em resumo: não há outra pessoa nos Estados Unidos que Biden possa escolher como vice-presidente que aumentaria mais suas chances de vitória do que Michelle Obama. Ponto final.
A verdadeira questão quando se trata de Michelle Obama não é se ela ajudaria Biden, mas sim se ela realmente estaria disposta a ser escolhida para o cargo de vice-presidente. E todos os sinais sugerem que a resposta a essa pergunta é um sonoro “não”.
Em “Minha História”, Michelle disse sem rodeios : “Vou dizer aqui diretamente: não tenho intenção de concorrer a um cargo, nunca.” No ano passado, em uma entrevista para o podcast de Conan O’Brien, a ex-primera-dama descartou novamente a possibilidade de concorrer à presidência (ou a qualquer outro cargo) explicando que seu tempo na Casa Branca tornara impossível que ela voltasse a ser anônima e vivesse uma vida “normal”. Ela acrescentou:
“E eu não sei o quanto gostaria de estar em uma posição de liderança, saber o que você está sentindo? Mas não dá para viver a vida atrás de uma janela colorida em um carro. Nós sacrificamos isso, e isso não é uma reclamação, mas se eu vou ser um líder, tenho que estar lá. Tenho que poder estar lá ouvindo as verdades das pessoas e poder de fato ver a dor delas sem que seja filtrada pelo meu filtro.”
Os que estão próximos aos Obama são igualmente céticos quanto ao fato de o cargo estar no futuro da ex-primeira-dama.
“Acho que tenho tanta chance de dançar no Ballet Bolshoi em 2020 quanto a probabilidade de ela concorrer “, disse o ex-estrategista-chefe de Obama David Axelrod ao site Politico sobre Michelle Obama em 2018. Na mesma época, Valerie Jarrett, amiga de longa data da ex-primeira-dama, disse à Alisyn Camerota da CNN : “Vou falar de forma bem clara. Isso nunca vai acontecer. Ela comprometeu sua vida ao serviço público. E usará sua incrível plataforma para ser uma força do bem, mas não na política”.
Caramba, Biden admitiu isso na noite de segunda-feira – mesmo dizendo que adoraria ter Michelle Obama na chapa! “Não acho que ela queira morar nem perto da Casa Branca novamente”, disse Biden a Delano.
Agora: isso é política. Então, quando as pessoas dizem que não estão interessadas em concorrer a um cargo, sempre há algum motivo para ser um pouco cético. Afinal, Barack Obama negou categoricamente qualquer interesse em concorrer à presidência em 2008 – e sabemos como isso acabou.
Mas aqui está a diferença: Barack Obama já estava ativamente na política. Esteve na assembleia estadual. Concorreu ao Congresso. Foi eleito para o Senado dos EUA. Ele era – e é – um político. Michelle Obama nunca escolheu concorrer a nada. Ela nunca foi política. Então, se ela afirma que não está interessada em ser uma, você provavelmente deve confiar nela.
Depois de dizer tudo isso, é impossível descartar totalmente a possibilidade de Michelle Obama concordar em ser a candidata a vice-presidente. Por quê? Porque se Biden perguntasse a ela e dissesse que se ela dissesse “sim” eles teriam uma chance muito maior de derrotar Donald Trump, é possível que ela se convencesse com esse argumento.
Embora nenhum dos dois tenha feito nenhuma crítica incisiva a Trump, Michelle Obama disse a Gayle King da CBS em 2019 que “o que me entristece é o que está fazendo com o país como um todo. Precisamos ter consciência de que tipo de país estamos deixando para nossos filhos ou netos.”
Será que um apelo ao patriotismo e ao fazer o certo pelo país pode influenciar Michelle Obama a reconsiderar sua recusa de sequer considerar candidatar-se? É tecnicamente possível. Mas as chances são as mesmas de eu e Axelrod sermos convidados a dançar no Ballet Bolshoi.