Guerra de Israel: entenda o que se sabe sobre o ataque ao hospital em Gaza
A CNN não conseguiu verificar de forma independente a autoria do bombardeio, que deixou centenas de mortos e divide narrativas entre Israel e Palestina
Um ataque ao hospital al-Ahli, na cidade de Gaza, na terça-feira (17), deixou centenas de mortos, de acordo com o Ministério da Saúde palestino. A responsabilização pelo ocorrido divide Israel, Palestina e outras nações em meio ao conflito entre os israelenses e o grupo radical islâmico Hamas.
A CNN não conseguiu verificar de forma independente a autoria do atentado.
O que se sabe sobre o hospital?
Fundado em 1882 e gerido pela Igreja Anglicana, o Hospital al-Ahli Arab é descrito oficialmente como “um refúgio de paz no meio de um dos lugares mais conturbados do mundo”. Está localizado no bairro de Zeitoun, na cidade de Gaza, na região norte da Faixa de Gaza.
A unidade oferece 80 leitos, além de serviços como um programa gratuito para detectar câncer de mama, um centro para mulheres idosas e uma clínica móvel com serviços gratuitos para cidades vizinhas.
Quantas pessoas estavam no hospital?
Embora tivesse um número limitado de leitos, o hospital operava além de sua capacidade — como outros da região — para receber feridos desde o início dos disparos aéreos israelenses lançados em resposta ao ataque terrorista do Hamas a Israel, em 7 de Outubro.
Além de lidar com o aumento de pacientes, as pessoas também procuravam refúgio em hospitais por toda Gaza, por esses lugares serem considerados seguros.
Fadel Naim, chefe de cirurgia ortopédica, disse que havia cerca de 1.000 pessoas no local naquela manhã, e mais pessoas correram para lá no final do dia, após um alerta do Exército israelense para os moradores do bairro de Zeitoun evacuarem suas casas.
O que antecedeu o ataque?
Israel disse anteriormente aos palestinos no norte de Gaza que se deslocassem para o sul, para “sua própria segurança”.
Os militares israelenses disseram especificamente aos residentes de Zeitoun para deixar a área no dia do atentado, em mensagem divulgada na plataforma de mídia social X, o antigo Twitter.
O hospital especializado do Kuwait, na cidade de Rafah, no sul de Gaza, relatou ter recebido dois avisos israelenses para evacuação na segunda-feira (16). Seu diretor, no entanto, disse que a equipe não iria embora.
Quando aconteceu o ataque?
Naim disse que havia terminado uma cirurgia e estava prestes a começar outra quando ouviu uma enorme explosão. Ele alega que a explosão ocorreu por volta das 18h30, em horário local, na terça-feira.
Veja: Bombardeio atinge hospital na Faixa de Gaza
Qual foi o dano causado?
Imagens internas do local obtidas pela Reuters mostraram cerca de duas dúzias de veículos destruídos em suas dependências.
Eles estavam cercados por edifícios danificados com janelas quebradas. Havia manchas de sangue nas paredes e no chão.
O que diz a Palestina?
As autoridades palestinas culparam Israel.
A Jihad Islâmica, um grupo extremista palestino aliado do Hamas, negou que qualquer um de seus foguetes estivesse envolvido na explosão e alegou não ter qualquer atividade em Gaza ou nos arredores naquele momento.
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que os Estados Unidos eram responsáveis e que Washington deu a Israel “a cobertura para a sua agressão”.
O ministro da Saúde da Autoridade Palestina, com sede na Cisjordânia, culpou Israel pelo que chamou de “massacre”.
O que diz Israel?
O país negou a culpa e alegou que a explosão foi causada por um lançamento fracassado de foguete pela Jihad Islâmica.
Um porta-voz do exército israelense disse que uma análise dos sistemas operacionais das Forças de Defesa de Israel indicou que foguetes foram disparados por extremistas em Gaza e passaram pelas proximidades do hospital no momento em que ele foi atingido.
“A inteligência de múltiplas fontes que temos em mãos indica que a Jihad Islâmica é responsável pelo lançamento fracassado do foguete que atingiu o hospital em Gaza”.
Um porta-voz militar afirmou que não houve danos estruturais nos edifícios ao redor do hospital e nenhuma cratera condizente com um ataque aéreo. O porta-voz disse que o Hamas inflou o número de vítimas e disse que o grupo não poderia saber tão rapidamente quanto alegou o que causou a explosão.
Os militares disseram que cerca de 450 foguetes disparados de Gaza falharam e caíram na Faixa de Gaza nos últimos 11 dias.
O que diz a ONU?
Um alto funcionário da Organização das Nações Unidas pediu uma investigação própria da entidade sobre o episódio.
“A ONU certamente irá querer fazer a sua própria investigação, e isso deve ser feito muito em breve e muito rapidamente”, disse o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência, Martin Griffiths, à âncora da CNN Christiane Amanpour.
O que dizem os Estados Unidos?
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que apoiou Israel desde o início da guerra, disse que, com base nas informações que viu, o atentado pareceu resultar de um foguete errante disparado por um “grupo terrorista”, ecoando a opinião das autoridades israelenses.
Autoridades norte-americanas disseram à CNN que evidências iniciais coletadas pela inteligência do governo sugerem que a explosão ocorreu por falha no lançamento de um foguete pela Jihad Islâmica.
O que diz a igreja anglicana?
Justin Welby, arcebispo de Canterbury e chefe da Igreja Anglicana, disse: “Esta é uma perda terrível e devastadora de vidas inocentes”. O hospital Ahli é administrado pela Igreja anglicana.
Veja também: Imagens do conflito entre Israel e Hamas
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*Publicado por Leonardo Rodrigues, com informações da Reuters