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    Biden recoloca EUA no Acordo de Paris: como isso afeta o Brasil

    Em um dos primeiros atos como presidente, Biden assinou um ato pelo qual a maior economia do mundo retorna ao acordo que busca a redução de emissões de carbono

    Iuri Pittada CNN

    Em um dos primeiros atos como presidente dos Estados Unidos, Joe Biden assinou um ato pelo qual a maior economia do mundo volta a aderir ao Acordo de Paris, pelo qual os países se comprometem com metas de redução de emissões de carbono na atmosfera, para conter o aquecimento global.

    Essa mudança de curso em relação às políticas de Donald Trump tem impacto em todo o mundo, inclusive – ou principalmente – no Brasil. Para lideranças empresariais ouvidas pela CNN, as novas políticas ambientais dos EUA e outras diferenças da nova administração tendem a abrir oportunidades para setores como o etanol e a soja brasileiros, além de reforçar tendências em prol da diversidade e do desenvolvimento sustentável.

    “Assim como a pandemia, as mudanças climáticas exigem respostas construídas por meio da colaboração global. É uma tendência que se acelerou no último ano e que levou muitas empresas a se comprometerem com metas de zero emissão líquida (de carbono) em suas atividades até 2050, em linha com o Acordo de Paris que volta a ter a adesão dos EUA”, diz Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CBDES). 

    “Com o reforço dos Estados Unidos nessa agenda, torna-se ainda mais importante que o Brasil dê sinais no mesmo sentido, como o compromisso com metas de redução do desmatamento ilegal e a implementação de um mercado de carbono efetivo e que contemple o potencial do país”, reforça a executiva.

    Para Evandro Gussi, diretor-presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), a volta dos EUA ao Acordo de Paris e aos compromissos com a redução de emissões pode fortalecer o setor de biocombustíveis, beneficiando tanto a produção de lá como a de cá. “O etanol americano e o brasileiro têm um papel muito relevante na redução das emissões dos veículos”, diz o dirigente.

    Guerra comercial e fortalecimento da OMC

    Embora Biden tenda a fazer cobranças públicas pela preservação da Amazônia, a exemplo de outros líderes europeus, o presidente dos EUA não deve repetir ações como as do francês Emmanuel Macron, que recentemente defendeu a autossuficiência europeia em soja como forma de evitar o desmatamento da floresta tropical para produção da oleaginosa – a crítica foi rebatida por produtores brasileiros, que desde 2008 adotam bem-sucedidas medidas de rastreamento e controle para que nenhuma soja exportada tenha sido plantada em áreas desmatadas após aquele ano.

    “Biden deve questionar o desmatamento dentro da postura de redução de emissões, mas não terá a intenção de prejudicar injustamente os produtores como fez Macron”, afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar.

    Para o dirigente, um fator que pode ser chave e benéfico ao Brasil é se Biden distensionar as relações comerciais dos EUA com a China e recuperar o papel que a Organização Mundial do Comércio (OMC), enfraquecida durante a gestão Trump. 

    “O Brasil vai precisar de uma OMC fortalecida caso a Europa imponha barreiras às commodities relacionadas às questões de emissões de carbono e rastreabilidade, como já estão discutindo. São medidas que ferem as normativas da organização e das quais a Europa é signatária, mas só poderemos questionar esses pontos se Biden retomar o funcionamento do órgão que arbitra controvérsias como essa, e que ficou sem indicação de árbitros por decisão de Trump, para não prejudicá-lo na ‘guerra comercial’ com a China”, explica Nassar.

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