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    Guerra em Israel só não supera 8 de janeiro em mobilização política nas redes, mostra Quaest

    Desde o ataque contra civis israelenses desencadeado pelos militantes do Hamas, no dia 7, até segunda-feira (16), a Quaest detectou mais de 10 milhões de menções ao conflito

    Iuri Pittada CNN

    A guerra entre o grupo radical islâmico Hamas e Israel se tornou a principal munição da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas redes sociais, reproduzindo a polarização política que marca o cenário brasileiro nos últimos anos.

    Dados de um monitoramento digital feito pela Quaest Consultoria e Pesquisa, a pedido da CNN, mostram que o conflito só não despertou maior mobilização do que os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e que houve predomínio dos posicionamentos críticos à gestão do petista, assim como ampla disseminação de desinformação.

    Desde o ataque contra civis israelenses desencadeado pelos militantes do Hamas, no dia 7, até segunda-feira (16), a Quaest detectou mais de 10 milhões de menções ao conflito, publicadas por aproximadamente 530 mil autores únicos e um alcance médio de 892 milhões de usuários das principais redes sociais e canais de notícias (Twitter, Instagram, Facebook, YouTube, Google e sites noticiosos).

    A título de comparação, em 2023, apenas os ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, registraram maior volume de menções por dia – foram 2,2 milhões apenas na tarde dos atos antidemocráticos, ante média diária de 1 milhão de citações ao conflito em Israel e na Faixa de Gaza.

    Nenhum outro episódio político deste ano, como as investigações sobre a falsificação de certificados de vacinação, a tentativa de venda de joias dadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as enchentes do Rio Grande do Sul, superaram a média de 500 mil citações em um mesmo dia, de acordo com o monitoramento.

    Aproximadamente três em cada quatro menções foram categorizadas como pró-Israel, com 78% das postagens, ante 14% com posicionamento contrário ao país e 8% avaliadas como neutras e/ou informativas, segundo a Quaest.

    Guerra em Israel só não supera 8 de janeiro em mobilização política nas redes, mostra Quaest
    Dados de um monitoramento digital feito pela Quaest Consultoria e Pesquisa a pedido da CNN mostram que o conflito só não despertou maior mobilização do que os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e que houve predomínio dos posicionamentos críticos à gestão do petista, assim como ampla disseminação de desinformação / Divulgação

    Polarização e desinformação

    O pico de citações à guerra ocorreu no dia 10, quando uma série de conteúdos com notícias fraudulentas ganhou mais força – entre os exemplos, a decapitação de bebês por terroristas e a falsa informação de que uma embaixada do Hamas seria construída em Brasília.

    As manifestações em apoio a Israel predominaram no campo político da direita, de acordo com os dados da Quaest, assim como uma reprovação da posição de Lula em demonstrar solidariedade ao povo palestino.

    Entre a esquerda, o monitoramento detectou maior tendência de defesa à criação de um Estado da Palestina, repúdio às políticas de Israel para os territórios e elogios às ações do presidente e do governo no debate diplomático e no resgate de brasileiros que estão nas áreas de conflito. Mas Lula enfrenta críticas também nesse campo ideológico, entre os mais radicais, por associação entre o Hamas e o terrorismo.

    Guerra em Israel só não supera 8 de janeiro em mobilização política nas redes, mostra Quaest
    Dados de um monitoramento digital feito pela Quaest Consultoria e Pesquisa a pedido da CNN mostram que o conflito só não despertou maior mobilização do que os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e que houve predomínio dos posicionamentos críticos à gestão do petista, assim como ampla disseminação de desinformação / Divulgação

    Entre as fake news mais compartilhadas e tratadas como trending topics pela Quaest estão postagens que afirmavam incorretamente que Lula e outros políticos de esquerda, como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, seriam “apoiadores do Hamas”.

    Esse tipo de assunto só foi superado pelas postagens sobre a falsa decapitação de bebês, na primeira semana do conflito.

    A Quaest também detectou como um dos trending topics o debate sobre classificar ou não o Hamas como terrorista – um dos principais ataques da oposição ao governo e ao PT, cuja resposta foi o fato de que nem o Conselho de Segurança das Nações Unidas usa o termo para se referir à organização – e críticas por parte de aliados de Lula de que a imprensa não daria o devido crédito à coordenação de ações de resgate dos brasileiros no Oriente Médio.

    Para o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest, o mapeamento dos termos mais citados nas postagens revela o personalismo do governo: Brasil foi a palavra mais usada, demonstrando o quanto o conflito no Oriente Médio se tornou um assunto nacionalizado e inserido na polarização política do país, assim como Lula foi o principal personagem nas menções, sejam críticas, sejam favoráveis.

    “A polarização política parece ter superado a consciência dos brasileiros sobre as consequências humanitárias do conflito”, afirma o cientista político. “O governo Lula terá que lidar com as críticas recebidas para gerenciar sua popularidade, como também a aprovação e reprovação do governo”, complementa Nunes.

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