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    Eleições na Argentina: jovens vivenciam eleição mais acirrada em uma geração

    Difícil situação econômica do país dá alcance para promessas radicais do candidato Javier Milei entre os mais novos, mas Sergio Massa também segue como uma opção para juventude argentina

    Magali DruscovichLucila Sigalda Reuters

    O jovem argentino Tomas Kremenchuzky está se preparando para votar pela primeira vez em uma eleição presidencial que promete ser, não somente para ele, mas para milhares de outros jovens, a disputa mais acirrada da história da Argentina, na qual o candidato favorito ameaça derrubar o modelo de governança e econômico do país.

    Kremenchuzky, apelidado de “Toto”, tem 17 anos e o direito de voto garantindo pela constituição da Argentina, já que o país permite que jovens com idade a partir de 16 anos participem das votações.

    No entanto, não somente esse fato chama a atenção: Muitos jovens argentinos lutam para encontrar oportunidades em um país no qual o custo de vida é alto e a inflação passa de três dígitos.

    E é nesse cenário de dificuldade econômica que Javier Milei alavanca sua popularidade, uma vez que se vende ao eleitorado argentino como um radical que vai fazer grandes mudanças pelo seu país, a começar por “explodir” o Banco Central argentino, limitar a atuação do Estado e dolarizar a economia do país.

    “Pela maneira como Milei fala, eu acredito em tudo o que ele diz. Ele tem um jeito de se expressar que chega às pessoas”, disse Toto, que vem de uma família abastada, joga futebol e estuda em uma escola particular em Buenos Aires.

    Em uma votação primária aberta em agosto, Toto votou na conservadora Patricia Bullrich – escolha que ele atribui à influência dos seus pais – mas diz que poderia mudar o seu voto em outubro para Milei se o libertário — corrente que defende a liberdade como absoluta e que pregam uma descrença no poder do Estado — o convencesse nos debates eleitorais.

    “Milei propõe algo diferente, que mais tarde na prática pode acabar sendo muito bom – ou muito ruim”, disse Toto.

    Entretanto, as opiniões sociais conservadoras de Milei e a promessa de cortes drásticos nos gastos do governo são desanimadoras para alguns jovens eleitores.

    Rocio Pozzetti, de 16 anos, que frequenta uma escola pública de artes, teme que Milei desfaça as redes de segurança social, atingindo duramente os mais pobres. Ela está votando no candidato do partido governista peronista, Sergio Massa, apesar da turbulência econômica que ele supervisionou como ministro da Economia.

    “Massa é o único candidato que representa os meus ideais e pode construir um país melhor, com justiça social”, disse Pozzetti. “É preocupante que as pessoas apoiem Milei.”

    Descontentamento com os políticos argentinos

    Pozzetti, que estuda teatro e dança, disse compreender o “descontentamento que leva as pessoas a abandonar o familiar em favor do desconhecido”.

    “Acho que muitos votaram em Milei porque ele era um rosto novo e representa toda aquela raiva que todo mundo tem com a política e que as pessoas se identificam”, disse Pozzetti.

    Noelle Chab, uma jovem de 18 anos residente em Buenos Aires, votou em Milei nas primárias e disse que votará novamente no candidato radical em outubro porque acredita que ele representa a mudança e quer “remover” o governo peronista.

    “Javier Milei é o único que representa uma mudança na política argentina”, apontou Chab. “É evidente que este é o pior governo da história argentina, causou muitos danos e continua a causar danos”.

    Simon Rubinstein, de17 anos, fã de futebol, Fórmula 1 e “Star Wars”, gosta das ideias de Milei sobre encolher o Estado, mas tem medo de algumas de suas propostas, incluindo a dolarização e controles mais flexíveis sobre armas.

    “Devido à situação econômica do país, independentemente de quem ganhe, haverá pelo menos alguns anos maus”, disse Rubinstein, que votou em Bullrich nas primárias.

    Todos os jovens eleitores disseram que se preocupam com as opiniões socialmente conservadoras de Milei, incluindo a sua forte posição antiaborto. O procedimento foi legalizado na Argentina no final de 2020 e seria difícil de reverter.

     

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