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    Israel vive pós-pandemia enquanto mundo registra recorde de casos de Covid-19

    País do Oriente Médio parece ter atravessado a pandemia definitivamente, enquanto o mundo registra 5,2 milhões de novas infecções por semana, um novo recorde

    Hadas Gold, Michael Schwartz, Henrik Pettersson, Byron Manley e Sergio Hernandez, da CNN 

    Enquanto o mundo registrou mais de 5,2 milhões de novas infecções pelo novo coronavírus na semana passada, quebrando o recorde semanal desde o início da pandemia, Israel caminha no sentido oposto. O pequeno país do Oriente Médio tem divulgado pouco mais de 100 novas infecções por dia, o que representa uma fração do que o país registrava em janeiro, no pico de casos.

    Com isso, os segmentos econômicos mais afetados começam a voltar a normalidade. O setor musical e de eventos no país já consegue ver luz ao final do túnel da pandemia. Shuki Weiss, empresário que ajudou a levar os Red Hot Chili Peppers e os Rolling Stones para tocar em Israel, começou a perceber o despertar da indústria em que trabalha no mês passado.

    “Todos os shows que anunciamos nos últimos 14 dias esgotaram em quatro ou cinco horas, o que não é comum em Israel”, disse Weiss à CNN. “Em Israel, quando as pessoas veem o anúncio de um show que está chegando, elas não têm o hábito de esgotar as bilheterias. Agora, porém, a situação é completamente diferente. A cada show anunciado você vê pessoas correndo, congestionando nosso site. Todos os shows se esgotaram em poucas horas. As pessoas estão desesperadas para ver apresentações por aqui.”

    Em Israel, um senso de normalidade está voltando à vida diária. As máscaras não são mais necessárias ao ar livre. A economia está aberta. É difícil conseguir uma reserva em muitos dos restaurantes. Os alunos estão de volta à escola em tempo integral. O teatro ao vivo e os esportes também foram retomados.

    Ainda existem restrições e regras em vigor, como a necessidade de máscaras em espaços fechados e limite para aglomeração de pessoas em qualquer espaço interno ou externo. Um green pass, ou certificado de vacinação, é necessário para a maioria das atividades sociais em locais fechados ou eventos de grande escala. O documento mostra que a pessoa está imunizada ou que tem anticorpos por ter contraído o vírus anteriormente.

    Porém, o país ainda está fechado para visitantes de fora, até mesmo parentes de primeiro grau de residentes israelenses devem receber permissão especial para entrar, embora o governo tenha anunciado que grupos de turismo vacinados terão permissão para visitar o país depois do dia 23 de maio.

    Jovens caminham em Tel Aviv, em Israel; país já vive período pós-pandemia
    Jovens caminham pelas ruas de Tel Aviv, em Israel; país já vive período pós-pandemia
    Foto: Mostafa Alkharouf – 21.abr.2021/Anadolu Agency via Getty Images

     

    Mas para os israelenses, há uma sensação de que o país é um dos primeiros a experimentar a vida pós-pandemia.

    “Estou feliz em dizer que estamos realmente progredindo (para) nossos dias pós-Covid”, disse Weiss, acrescentando que, em junho, os organizadores esperam retormar aos eventos em grandes estádios. “Os shows menores estão indo muito bem, estão acontecendo, o que precisa ser comemorado.”

    Não é que a maioria dos israelenses pense que o novo coronavírus acabou completamente. Mesmo que as máscaras não sejam necessárias ao ar livre, muitas pessoas continuam a usá-las ao andar nas ruas.

    Ao comprar roupas perto do mercado central de Jerusalém, Dror Langer disse não ter certeza se Israel superou a pandemia.

    “As pessoas ainda estão com medo, eu uso máscara e posso ver que outras pessoas estão usando máscara, mas esperamos que tudo acabe”, disse à CNN. “Temos a sensação de que tudo está acabando, tudo está abrindo, as pessoas estão felizes, indo aos hotéis, indo aos passeios de fim de semana. Todos os restaurantes e hotéis estão lotados.”

    Sentada do lado de fora de um restaurante em Jerusalém, Michal Ahmbadi embalava seu bebê recém-nascido enquanto finalmente aproveitava a refeição que ela e seu marido tinham reservado antes da pandemia.

    “Ainda há alguma sensação residual do coronavírus, como a necessidade de uma máscara em local fechado. Mas realmente há uma sensação de que voltamos à normalidade”, disse ela. “Estou menos preocupada (com a chegada de novas mutações), mas na minha opinião precisa ser gradual (a reabertura), todas as questões da retomada dos voos e o retorno de turistas do exterior precisa ser gradual.”

    De acordo com o Ministério da Saúde de Israel, a grande maioria das pessoas elegíveis para a vacina receberam pelo menos uma dose – todas faixas etária acima dos 20 anos tem pelo menos 75% das pessoas vacinadas – embora ainda existam centenas de milhares para imunizar. Mas um dos maiores especialistas em coronavírus do país, Eran Segal, do Instituto de Ciência Weizmann, disse acreditar que as vacinas quase erradicaram a Covid-19 em Israel.

    “A imunidade de rebanho não é precisa, mas acho que atingimos um alto nível de imunidade a ponto de os surtos serem altamente improváveis ??(a menos que uma variante que contorne as vacinas chegue)”, disse ele à CNN.

    De acordo com os cálculos de Segal, desde o último pico de infecção em Israel, em meados de janeiro, há 98% menos casos e 87% menos mortes. Cerca de 85% da população com mais de 16 anos já foi vacinada ou tem alguma forma de imunidade de uma infecção anterior, mostram seus dados.

    “A vida está próxima do (que era) pré-Covid”, tuitou Segal na semana passada.

    A situação econômica acompanha esse otimismo. De acordo com o Banco de Israel, a economia israelense está “se recuperando em um ritmo rápido” e a taxa de desemprego mensal em março caiu para menos de 10% em comparação com os 14% de fevereiro.

    Para israelenses como Langer, a felicidade com a melhoria da situação é ponderada pela preocupação constante de que talvez mais programas de vacinação sejam necessários ou que medidas restritivas adicionais tenham que ser aplicadas novamente.

    “Quem sabe o que vai acontecer?”, disse ele. “Mas a vida é muito curta e temos que viver.”

    Do outro lado da pandemia 

    Enquanto Israel dá sinais de ter deixado o pior da pandemia para trás, o mundo registra o aumento persistente no número de casos. Autoridades em 219 países e territórios relataram cerca de 144,9 milhões de casos e 3,1 milhões de mortes pelo novo coronavírus desde que a China relatou seus primeiros casos à Organização Mundial da Saúde (OMS), em dezembro de 2019.

    Desde então, a grande maioria dos casos e mortes ocorre fora da China continental, onde o surto começou. Conforme a pandemia se espalhou pelo globo, o vírus deixou um rastro de mortes. Na América Latina, América do Sul e Caribe, a proporção das mortes globais ainda está aumentando.

    As epidemias de diferentes países seguiram trajetórias diferentes. A doença atingiu os Estados Unidos de maneira especialmente preocupante. Cerca de 31,9 milhões de casos foram notificados no país e 570.357 pacientes morreram. Mas são os vizinhos do Sul que mais preocupam agora.

    Na América Latina, o país mais problemático é o Brasil, que, na quinta-feira (22), registrou mais de 283 mil mortes e 14 milhões de casos, com uma média de 2.580 mortes diárias, muito acima do segundo colocado na região, o México, que possui média de 409 mortes diárias. Enquanto a população brasileira é um terço maior que a mexicana, o número de mortes registradas por dia no país sul-americano é seis vezes maior.

    Apesar da quantidade impressionante de mortes confirmadas por Covid-19 no mundo, especialistas dizem que não está claro ainda o quão mortal o vírus realmente é. Isso se deve principalmente ao fato de que um grande número de casos leves ou assintomáticos não serem detectados. Além das pessoas que não procuram ajuda médica, há ainda os casos em que os profissionais da saúde não recomendam exames para detecção da doença. Isso acontece principalmente quando não há hospitalização.

    A falta de dados nesses casos pode empurrar a taxa de mortalidade para cima, já que os casos menos graves são excluídos da contagem. O diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, Anthony Fauci, estimou a taxa de mortalidade do vírus em cerca de 2%, enquanto a OMS estima em 3,4%.

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)

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