Casal sobrevive a naufrágio no Mediterrâneo, e alianças são encontradas no mar
Após sobreviver a naufrágio com 5 mortos na costa italiana, casal de imigrantes argelinos descobre que equipe de resgate encontrou suas alianças de casamento
O casal argelino Ahmed e Doudou, de 25 e 20 anos, tentou há algumas semanas uma travessia arriscada que já custou milhares de vidas. Em busca de melhores condições na Europa, eles deixaram seu país rumo à Líbia e tentaram atravessar o Mediterrâneo em um barco, que naufragou perto da ilha italiana de Lampedusa. Segundo o braço italiano dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), cinco pessoas morreram entre as 20 que estavam a bordo.
Além da sorte de sobreviver, o casal teve outra surpresa semanas após o naufrágio, quando suas alianças foram encontradas no mar.
Ahmed e Doudou sobreviveram, resgatados por pescadores. “Eles ficaram no mar por 48 horas quando o barco virou, todos eles acabaram na água”, disse Ahmad Al Rousan, porta-voz da Médicos Sem Freonteiras na Itália, à CNN, em uma entrevista por telefone.
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Semanas depois do naufrágio, em 9 de novembro, equipes da ONG de resgate marítimo Open Arms encontraram um barco meio afundado à deriva no Mediterrâneo, com uma mochila vermelha dentro.
Coberta de minúsculas criaturas marinhas, a mochila continha apenas algumas coisas necessárias para a travessia. Algumas camisas, um par de sapatos sobressalentes, um carregador de telefone. E duas alianças de casamento com os nomes Ahmed e Doudou.
“Em um primeiro momento, pensamos que provavelmente as alianças pertenciam a alguém que estava morto ou perdido na viagem”, disse Riccardo Gatti, presidente da Open Arms Itália, à CNN. “Pensamos: ‘isso aqui realmente pertenceu a alguém e não sabemos onde eles estão ou se ainda estão'”.
A Open Arms compartilhou fotos da mochila e seu conteúdo, incluindo os anéis, nas redes sociais. O grupo também repassou as imagens à Médicos Sem Freonteira e outras organizações que fornecem apoio a sobreviventes.
As equipes de resgate que trabalham no Mediterrâneo costumam encontrar itens pessoais perdidos no mar. Mas as chances de devolvê-los a seus donos – se eles ainda estiverem vivos – são quase nulas. Al Rousan tem trabalhado em várias operações de resgate por nove anos e ele não se lembra de isso já ter acontecido.
“Quando (a Open Arms) nos contatou, eu disse a eles que era impossível encontrar os proprietários”, disse. Mas eles tentaram mesmo assim, passando as fotos da mochila para algumas pessoas que estavam no mesmo barco que Ahmed e Doudou. “E então eles nos ligaram e disseram que a mochila pertencia a Ahmed”.
“Falei diretamente com o Ahmed e ele começou a me explicar o que tem dentro, porque a foto que mandei era só da mochila e algumas coisas no convés”, disse ele, acrescentando que Ahmed lhe contou sobre os anéis, explicando que estavam na mochila porque o casal esperava consertá-los depois de chegar à Europa. “Eles estavam um pouco quebrados”, disse Al Rousan.
“Ele me disse que estava muito feliz ao ver a foto e que estava muito emocionado com os anéis, mas ainda está em choque e disse: ‘Fico pensando nas cinco pessoas que perderam a vida na nossa frente.”
Gatti disse que a tripulação do barco de resgate limpou a mochila e seu conteúdo e planeja enviá-la para Ahmed assim que a quarentena pela Covid-19 terminar.