‘Ele não é um democrata’, diz Biden sobre o rival Bloomberg
Crítica foi feita após Bloomberg sugerir que o ex-presidente não tinha experiência necessária para liderar os EUA
O ex-vice-presidente norte-americano Joe Biden disse que o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg não é um democrata. A declaração foi em resposta a uma entrevista de Bloomberg à CNN nessa segunda-feira (2) – um dia antes da Superterça – em que disse que Biden é um “legislador” e que ser presidente “requer um administrador e executivo”.
Biden respondeu aos comentários do bilionário e disse, também em entrevista à emissora, que ser presidente “requer alguém que tenha feito coisas, alguém que entenda como unir as pessoas. Aliás, ser um presidente democrata requer um democrata, e isso pede alguém que tenha um histórico”.
Questionado se Biden acredita que Bloomberg, que está concorrendo para a presidência dos EUA pelo Partido Democrata, é democrata, o ex-vice-presidente respondeu: “Ele não é um democrata. Bem, não tem sido um democrata”. Bloomberg foi eleito prefeito de Nova York como um candidato republicano e, depois, independente. Em outubro de 2018, ele mudou o registro novamente, desta vez para o lado democrata.
Biden ressaltou que acredita que o povo americano está em busca de “alguém que possa fazer coisas, que esteja pronto em um dia, e seja um democrata”, garante. “Tenho sido democrata a vida toda. Nunca tive qualquer dúvida ou preocupação sobre meu ponto de vista com relação a isso”, disse.
O caminho até a Superterça
Os comentários de Biden foram feitos um dia antes desta Superterça (3), quando eleitores de 14 estados definem cerca de um terço dos delegados que votarão na Convenção Nacional Democrata, que será realizada em julho.
Biden obteve uma leve vantagem na corrida presidencial depois que venceu as primárias da Carolina do Sul, no dia 29 de fevereiro. O ex-vice-presidente também ganhou o apoio do ex-prefeito de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg e da senadora Amy Klobuchar, de Minnesota. Os dois nomes desistiram recentemente da disputa pelo comando da Casa Branca.
Bloomberg não disputou as primárias da Carolina do Sul e pulou estados anteriores. A autofinanciada campanha dele focou nos estados da Superterça: Alabama, Arkansas, Califórnia, Carolina do Norte, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont e Virgínia.
Do Partido Republicano ao Democrata
Na entrevista à CNN, Bloomberg justificou sua filiação ao Partido Republicano e ressaltou suas contribuições às causas e aos candidatos democratas. Ele explicou que foi um membro do Partido Democrata, mas que, quando disputou a prefeitura de Nova York, mudou seu registro para o Republicano “porque era a única forma de concorrer”.
“Acho que minhas ações são tão democratas quanto poderiam ser”, disse Bloomberg. “Veja a lista de coisas que fiz pelo Partido Democrata e os valores que sigo, que são coerentes com os dos democratas. Acho que isso me faz mais democrata do que qualquer outro que fale sobre fazer e não fazer as coisas”, afirmou o ex-prefeito.
Bloomberg disse também que é o candidato que pode vencer Donald Trump, e está “pronto para o trabalho”. “Não acho que os outros (concorrentes) estejam”. Biden “é um legislador, e o trabalho (de ser presidente) requer um administrador e executivo, e me sinto confiante com relação a isso”, disse ele.
Questionado sobre o fato de que Biden era vice-presidente de Obama e, portanto, estaria pronto para o cargo, Bloomberg afirmou: “Não sei, você teria que conversar com o presidente Obama sobre isso. Tudo que eu sei é que continuamos colocando legisladores em uma função que requer um administrador”, conclui.