Salvator Mundi: a pintura mais cara do mundo vira musical da Broadway
“Salvator Mundi! The Musical”, anunciado pela Caiola Productions, ganhadora do prêmio Tony, contará a história do retrato de Jesus
Uma nova narrativa do drama e mistério em torno da pintura mais cara do mundo deve ir aos palcos da Broadway, em Nova York, em 2022, em forma de musical.
“Salvator Mundi! The Musical”, anunciado pela Caiola Productions, ganhadora do prêmio Tony, contará a história do retrato de Jesus, feito por Leonardo da Vinci durante o renascimento, supostamente perdido por centenas de anos e redescoberto apenas neste século.
A autora do musical “Salvator Mundi!”, Deborah Grace Winer, acredita que a obra de arte de Leonardo da Vinci tem todos os ingredientes necessários para criar uma narrativa histórica convincente para o palco.
“Há um aspecto épico que na minha opinião combina muito bem com os musicais. O alcance dessa história é quase shakespeariano e operístico”, comparou Deborah, em entrevista por telefone.
A tela pequena, com 66 centímetros de altura, foi encomendada por Luís XII da França por volta de 1500. Mas, depois de ser danificada e ficar coberta de tinta escura, a pintura foi confundida durante séculos com uma cópia feita por um artista menos conhecido. Em 2005, a pintura foi vendida em leilão como uma cópia do original por menos de US$ 10 mil a um consórcio de negociantes de arte. Em seguida, a tecnologia infravermelha revelou retrabalhos anteriores da mão de Jesus, sinalizando que a pintura havia sido feita provavelmente pelo próprio Da Vinci.
A obra ficou exposta National Gallery de Londres em 2011, e seu preço disparou. “Salvator Mundi” circulou entre colecionadores particulares até seu preço atingir o recorde de US$ 450 milhões na Christie’s, em 2017.
É uma história que leva à seguinte pergunta: “Do que é feita a arte; o que dá valor a alguma coisa?”, disse a dramaturga. “É essa ideia de seguir um objeto ao longo da história. É sobre poder e símbolos. Por US$ 450 milhões, você pode comprar o salvador do mundo”.
Ainda há uma certa aura de intriga ao redor do trabalho. Em outra reviravolta no caso, a pintura “Salvator Mundi” nunca mais foi vista publicamente desde que o martelo do leilão foi batido três anos atrás. O Louvre Abu Dhabi atrasou inexplicavelmente sua tão aguardada exposição em 2018. A tela ainda está por aparecer – acredita-se que esteja armazenada em Genebra ou no iate privado do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.
O musical não será o primeiro a abordar a vida enigmática e a carreira do mestre da pintura nos palcos. Em 1993, os críticos rejeitaram uma infeliz produção teatral do West End de Londres chamada “Leonardo the Musical: A Portrait of Love”, que abordava a criação de sua famosa “Mona Lisa”. A peça ficou apenas dois meses em cartaz.
A história da arte é um assunto raro para o teatro. Em 1984, a obra-prima pontilhista de Georges Seurat, “Uma tarde de domingo na ilha de La Grande Jatte”, foi o tema da peça “Sunday in the Park with George”, de Stephen Sondheim, que ganhou vários prêmios, incluindo o Pulitzer de Drama, além de muitas montagens. Mais recentemente, o musical pop-rock “Starry”, sobre Vincent Van Gogh e seu irmão Theo, teve apresentações em Los Angeles e Nova York.
(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)