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    Coreia do Sul lança novo caça KF-21 e entra para a elite dos supersônicos

    Com o anúncio, o país espera que o novo jato substitua os antigos F-4 e F-5, projetados pelos EUA e lançados na década de 1960

    Brad Lendon e Yoonjung Seo, CNN

    A Coreia do Sul revelou seu caça supersônico integralmente desenvolvido no país na sexta-feira (9), ingressando assim em um clube seleto de gigantes da aviação militar e preparando o terreno para um programa de US$ 5,2 bilhões (cerca de R$ 29,38 bilhões) que espera ser um grande motor de exportação e criação de empregos.

    Uma vez operacional, o jato KF-21 deverá ser armado com uma variedade de mísseis ar-ar e ar-terra, e possivelmente até mísseis de cruzeiro lançados por via aérea. Os caças bimotores terão versões com um e dois lugares, dependendo das missões a que se destinarem.

    “Uma nova era de defesa independente começou e é um marco histórico no desenvolvimento da indústria da aviação sul-coreana”, disse o presidente Moon Jae-in no lançamento do KF-21, apelidado de Boramae, ou “jovem falcão treinado para caça”, na fábrica da Korea Aerospace Industries, em Sacheon, na província de South Gyeongsang.

    Moon comentou que, depois que os testes de solo e de voo forem concluídos, a produção em massa do KF-21 começará com uma meta de 40 jatos fabricados até 2028 – e outros 120 até 2032.

    “Quando a produção em grande escala começar, 100 mil empregos adicionais serão criados, e teremos um valor agregado de 5,9 trilhões de won coreanos (cerca de R$ 29,38 bilhões). O efeito será muito maior se forem exportados”, acrescentou o presidente sul-coreano.

    A Coreia do Sul deve produzir seis protótipos do KF-21 para testes e desenvolvimento. Os três primeiros devem ser concluídos até o final deste ano, e os outros três no primeiro semestre de 2022, de acordo com a Administração do Programa de Aquisição de Defesa (DAPA, na sigla em inglês) do país.

    Clube seleto

    Embora apenas 65% do KF-21 seja de origem sul-coreana, seu lançamento ainda representa uma conquista significativa para um país que não tem uma longa história de produção de aeronaves.

    “Quando os testes finais forem concluídos, a Coreia do Sul se tornará o oitavo país do mundo a desenvolver um caça supersônico avançado”, afirmou o governo em comunicado.

    Os outros sete países são os Estados Unidos, Rússia, China, Japão, França, Suécia e o consórcio europeu formado por Reino Unido, Alemanha, Itália e Espanha.

    Destes, apenas os Estados Unidos e a China possuem produção nacional de jatos de combate de 5ª geração, ou seja, aviões que apresentam tecnologias furtivas, capacidade de bloqueio de radar, e equipamentos aviônicos avançados que integram dados remotos e de bordo para dar aos pilotos uma imagem completa de sua operação em tempo real, de acordo com o Joint Air Power Competence Center da OTAN.

    O caça supersônico sul-coreano KF-21
    A Coreia do Sul apresentou seu jato supersônico KF-21 nesta sexta-feira (9)
    Foto: Reuters

    A DAPA, no entanto, chama o KF-21 de caça de geração 4.5, porque ele não tem, por exemplo, um compartimento interno de armas que aumenta a furtividade. Mas analistas dizem que o caça sul-coreano pode voar mais alto e mais rápido do que o mais novo caça de 5ª geração fabricado nos Estados Unidos , o F-35, e ainda é capaz de carregar uma robusta carga de armas.

    “O KF-21 é o primeiro caça fabricado com tecnologia nacional, o que indica que a Coreia do Sul agora é capaz de produzir caças por conta própria. Ele também servirá de base para o desenvolvimento de aeronaves de combate melhores e para a operação de armas desenvolvidas localmente”, afirmou um comunicado da DAPA à CNN.

    O KF-21 é um projeto conjunto entre a Coreia do Sul e a Indonésia, no qual o primeiro detém 80% das ações, e o segundo, 20%. A Coreia do Sul disse que a Indonésia está atrasada nos pagamentos do projeto, mas as negociações continuam, e o ministro da Defesa indonésio esteve no lançamento do caça na sexta-feira (9).

    Moon elogiou a Indonésia por sua atuação. “Em especial, agradeço ao governo indonésio por se tornar um parceiro que acreditou no potencial da Coreia do Sul”, disse o presidente sul-coreano.

    Espera-se que o novo caça substitua os caças F-4 e F-5 da Coreia do Sul, jatos de 3ª geração projetados pelos EUA e lançados na década de 1960.

    O KF-21 é o primeiro caça fabricado com tecnologia nacional, o que indica que a Coreia do Sul agora é capaz de produzir caças por conta própria. Ele também servirá de base para o desenvolvimento de aeronaves de combate melhores e para a operação de armas desenvolvidas localmente

    DAPA à CNN

     

    À medida que a produção aumentar, os jatos de 4ª geração F-16 e F-15Ks da Coreia do Sul também poderão ser substituídos, escreveu o analista Abraham Ait, editor-chefe da Military Watch Magazine, na revista The Diplomat no ano passado.

    A Coreia do Sul também opera caças supersônicos furtivos F-35, tendo recebido o primeiro de uma encomenda de 40 jatos em 2018.

    Vendas no exterior

    Embora o KF-21 possa substituir centenas de caças da frota sul-coreana, ele também tem um importante potencial de exportação, pois seu preço deve ser significativamente menor do que os F-35 que os EUA vendem para militares estrangeiros.

    A Tailândia, as Filipinas e possivelmente até o Iraque “poderiam ser os principais clientes do caça”, escreveu Ait, acrescentando que esses países operam o mesmo tipo de aeronave que o KF-21. Eles também já são clientes dos caças leves FA-50 desenvolvidos pela Coreia do Sul.

    Se o país tiver sucesso na comercialização do KF-21 como produto de exportação, ele dará continuidade a uma tendência para a Coreia do Sul.

    De acordo com estatísticas do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo, as exportações sul-coreanas de armas foram 210% maiores de 2016 a 2020 do que nos cinco anos anteriores, dando à Coreia do Sul uma participação de 2,7% no mercado mundial de armas.

    A porta-voz do governo, Lim Se-eun, disse nesta quinta-feira (8) que a Coreia do Sul planeja construir seus próprios sistemas de vigilância, reconhecimento e capacidade de guerra eletrônica, além de melhorar suas defesas aéreas, desenvolver armas guiadas mais fortes e garantir um sistema de navegação por satélite independente e capacidade de guerra espacial. Tudo isso com o objetivo de estar entre as sete principais nações da indústria de aviação global até 2030.

    (Esse texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui.)

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