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    Norte-americano morre após se automedicar com cloroquina contra coronavírus

    Morador do Arizona e sua mulher teriam se automedicado com versão da droga usada para limpar aquários; procura pela droga aumentou após menção de Donald Trump

    Theresa Waldrop, Dave Alsup e Eliott C. McLaughlin, da CNN 

    Um morador da cidade de Phoenix, nos Estados Unidos, morreu e sua mulher está internada em cuidado intensivo depois que os dois tomaram fosfato de cloroquina em uma aparente tentativa de se automedicar contra o novo coronavírus, de acordo com uma rede que opera hospitais nessa cidade norte-americana.

    De acordo com informações preliminares, os dois não teriam usado a versão farmacêutica da droga, mas “um aditivo comumente usado em aquários para limpar tanques de peixes”, disse a rede Banner Health, em comunicado.

    A emissora NBC News conversou com a mulher e ela disse que soube da conexão da cloroquina com o coronavírus durante uma entrevista coletiva do presidente norte-americano, Donald Trump. “Eu tinha (a substância) em casa porque costumava criar peixes koi [espécie de carpas ornamentais]”, disse ela à emissora.

    Trump apontou a cloroquina como um possível tratamento para o COVID-19, a doença causada pelo novo coronavírus. A droga é aprovada pela FDA – agência reguladora e fiscalizadora de alimentos e remédios dos EUA – para o tratamento da malária, lúpus e artrite reumatóide, mas não para o coronavírus.

    Os especialistas da Banner Health enfatizaram que o medicamento – assim como outros remédios e produtos domésticos inadequados – “não deve ser ingerido para tratar ou prevenir esse vírus”.

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    “Dada a incerteza em torno do COVID-19, entendemos que as pessoas estão tentando encontrar novas maneiras de prevenir ou tratar esse vírus”, disse Daniel Brooks, diretor médico do Centro de Informações sobre Intoxicações e Drogas da Banner, em comunicado. “Mas a automedicação não é a maneira de fazer isso.”

    Há sete anos, a publicação Advanced Aquarist apresentou três formas de cloroquina como “uma ‘nova’ droga para o tratamento de doenças de peixes” e detalhou sua eficácia no combate a certos parasitas em aquários de água salgada.

    Um varejista on-line de produtos relacionados a aquários, cujo estoque de cloroquina está esgotado no momento, incluiu em seus termos de uso que os clientes concordam em usar a droga “SOMENTE no tratamento e manutenção de peixes ornamentais”. “Concordamos em não desviar intencionalmente esses produtos químicos para qualquer outro uso”, diz o texto.

    A Banner Health, com sede no Arizona, não deu detalhes sobre como o casal, na faixa dos 60 anos, adquiriu a cloroquina ou qual hospital os tratou. “Cerca de trinta minutos após a ingestão, o casal experimentou efeitos imediatos exigindo internação em um hospital da Banner Health”, afirmou o comunicado.

    Trump chamou a cloroquina e a hidroxicloroquina de [drogas] potencialmente importantes na luta contra o COVID-19.

    “HIDROXICLOROQUINA E AZITROMICINA, juntos, têm uma chance real de ser uma das maiores mudanças na história da medicina”, tuitou o presidente norte-americano no sábado (21).

    Pesquisas anteriores sugerem que a droga pode ser útil contra o vírus, mas os comentários de Trump levaram as autoridades de saúde a alertar que mais estudos são necessários.

    Anthony Fauci, o principal especialista em doenças infecciosas dos EUA, disse que os medicamentos podem ser eficazes contra o novo coronavírus. No entanto, no domingo ele afirmou à Margaret Brennan, da CBS, que Trump tinha ouvido falar sobre a eficácia da combinação hidroxicloroquina e azitromicina a partir de relatos anedóticos.

    “Não discordo do fato de que elas possam funcionar [contra o coronavírus], mas meu trabalho é provar definitivamente, do ponto de vista científico, que eles funcionam”, disse Fauci, que trabalha na força-tarefa contra o coronavírus da Casa Branca.

    Na Nigéria, autoridades de saúde emitiram um alerta sobre a cloroquina, dizendo que três pessoas no país tomaram uma overdose da droga depois que Trump a endossou como um possível tratamento.

    A Banner Health disse que “está insistindo” que os prestadores de cuidados de saúde não prescrevam cloroquina para pacientes que não estão hospitalizados.

    “A última coisa que queremos agora é inundar nossos departamentos de emergência com pacientes que acreditam ter encontrado uma solução vaga e arriscada que poderia prejudicar sua saúde”, disse Brooks.

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