Segundo turno no Peru deve opor outsider de esquerda e herdeira de Fujimori
Com 95% das urnas contabilizadas, o socialista Pedro Castilho lidera votação presidencial com 15,73% dos votos; Keiko Fujimori é a segunda mais votada, com 11%
Com mais de 95% das urnas da votação presidencial realizada no domingo (11) contabilizadas, o Peru está a caminho de um segundo turno polarizado entre os socialistas – em ascendência no país andino com o descontentamento com a economia e a pandemia –, e a herdeira conservadora da poderosa dinastia Fujimori.
De acordo com dados do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE, em espanhol), até a manhã desta terça-feira (13) o socialista Pedro Castillo, líder sindical e professor primário de 51 anos – que era praticamente desconhecido semanas antes da eleição – estava na liderança com 2.616.315 votos (15,73% do total).
Ele era seguido por Keiko Fujimori, filha do ex-líder atualmente preso Alberto Fujimori, que aparecia na segunda colocação com 1.829.463 votos (11% do total), o que a coloca como favorita para enfrentar Castilho no segundo turno, em junho.
Na sequência, aparecem praticamente empatados os candidatos Rafael López Aliaga, do Renovación Popular, com 1.600.795 (9,62%), e Hernando de Soto, do Avanza País, com 1.595.887 votos (9,59%).
A polarização de Keiko e Castillo
Os dois candidatos mais votados no 1º turno são polarizadores por razões diferentes. Castillo pretende reescrever a Constituição e levar o segundo maior produtor mundial de cobre com força para a esquerda.
Seu partido, o Peru Livre, se descreve como “esquerda socialista” e emergiu da obscuridade relativa. Em pesquisas pré-eleitorais feitas um mês atrás, ele aparecia com menos de 4% das intenções de voto – longe dos seis principais concorrentes em que a maioria das sondagens se concentrou.
Mas sua ascensão foi rápida nas últimas quatro semanas, e pesquisas de boca de urna mostraram um apoio forte às suas propostas em áreas pobres do país atingidas duramente pela pandemia do novo coronavírus.
Do outro lado, Keiko, uma defensora do livre mercado, é uma figura profundamente polarizadora na política peruana. Ela enfrenta um inquérito sobre suposta lavagem de dinheiro, em caso relacionado com a construtora brasileira Odebrecht, que pode resultar em uma pena de 31 anos de prisão.
A filha de Alberto Fujimori, preso por abusos de direitos humanos, nega todas as acusações de corrupção.