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    Derrota de Trump na Suprema Corte beneficia 650 mil estrangeiros nos EUA

    Criado no governo Barack Obama, em 2012, programa protege jovens que chegaram sem documentação aos EUA antes dos 16 anos

    Núria Saldanha, da CNN, em Washington

    A Suprema Corte dos Estados Unidos bloqueou a tentativa do governo americano de encerrar um programa (DACA – Deferred Action for Childhood Arrivals) para proteger imigrantes sem documentação, que entraram nos EUA quando eram crianças. A decisão foi uma derrota para o presidente Donald Trump, que trata a reforma da imigração como principal bandeira do mandato.

    Criado em 2012, durante a administração de Barack Obama, o DACA protege da deportação os jovens que chegaram nos Estados Unidos antes de completar 16 anos e concede autorização para que eles possam viver e trabalhar no país por um período de dois anos, que pode ser renovado. São cerca de 650 mil beneficiados.

    Quando assumiu o governo em 2017, Trump rescindiu o programa, uma medida para restringir a imigração, que foi parte da sua campanha política para chegar à Casa Branca. Mas a decisão dele foi revogada nesta quinta-feira (18), pela Suprema Corte, por 5 votos a 4. Os magistrados entenderam que o governo não forneceu explicações suficientes para justificar o fim do DACA e o juiz conservador John Roberts votou com os quatro liberais por considerar a decisão arbitrária.

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    A decisão foi comemorada pelos “dreamers”, como são chamados os beneficiários do DACA. O colombiano Luis, de 23 anos, conta que o programa é fundamental para a sobrevivência dele há sete anos. “Isso me permitiu ir para a faculdade, conseguir um emprego em tempo integral. Tudo isso poderia ter sido perdido se o tribunal tivesse decidido hoje de maneira diferente”, disse.

    Pelo Twitter, Trump escreveu que as decisões da Suprema Corte são políticas e horríveis como explosões de espingarda no rosto de republicanos ou conservadores. E pediu que os americanos votem nele nas eleições presidenciais de novembro.

    Dos 650 mil jovens estrangeiros com idade média de 26 anos que são protegidos pelo DACA, oito em cada 10 nasceram no México. São pessoas que construíram a vida nos Estados Unidos, estudam, trabalham, tiveram filhos e que – juntos – pagam um US$ 1,7 bilhão em impostos por ano. Muitos deles sequer conhecem outros países porque vivem em solo americano desde que eram bebês e, por isso, reconhecem apenas este lugar como casa.

    O DACA entende que essas pessoas foram trazidas ao país quando eram menores de idade e ainda não tinham a chance de tomar decisões próprias, por isso não podem ser acusadas de cometer um ato ilegal. A decisão da Suprema Corte não impede Trump ou um futuro presidente de tentar encerrar o programa temporário novamente. Só uma legislação aprovada pelo Congresso pode dar segurança aos milhares de imigrantes que chegaram ao país ainda na infância. Há quase 20 anos Democratas e Republicanos discutem o problema, mas ainda não chegaram a um consenso sobre uma lei para solucionar a imigração infantil.

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