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    Promotores dizem que ‘falso consultor’ atuou como espião da China em Washington

    Dickson Yeo, natural de Singapura, teria se declarado culpado de agir como "agente ilegal" - coletando informações de americanos para o governo chinês

    Capitólio, sede do Congresso americano em Washington
    Capitólio, sede do Congresso americano em Washington Foto: Tom Brenner/File Photo/ Reuters

    James Griffiths, da CNN

    Um cidadão de Singapura que vive em Washington, capital dos EUA, se declarou culpado de ser um “agente ilegal de uma potência estrangeira” no país, disseram promotores nesta sexta-feira (24).

    Segundo o relato, Jun Wei Yeo, também conhecido como Dickson Yeo, trabalhou para a inteligência chinesa por quatro ou cinco anos, recrutando americanos com acesso a informações confidenciais pela internet e encarregando-os de escrever relatórios, que ele passou a Pequim.

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    “O governo chinês usa uma série de duplicidades para obter informações confidenciais de americanos inocentes”, afirmou o procurador-geral dos Estados Unidos, John Demers, em comunicado. “Yeo foi central em um desses esquemas, usando sites de relacionamento profissional e uma falsa empresa de consultoria para atrair americanos que poderiam interessar ao governo chinês. Este é mais um exemplo da exploração do governo chinês da abertura da sociedade americana”.

    Sua confissão de culpa ocorre em meio a uma repressão contínua a agentes chineses nos EUA.

    Na sexta-feira, uma cientista chinesa que estava escondida no consulado de São Francisco no país se rendeu às autoridades americanas. Sua prisão ocorreu após o fechamento do consulado chinês em Houston, que Washington vinculou a operações de espionagem e roubo de propriedade intelectual.

    Essa medida provocou uma grande reação de Pequim, que ordenou o fechamento do consulado dos EUA em Chengdu, também acusado de ser um centro de operações de espionagem.

    Consultoria falsa

    Segundo os promotores, Yeo foi recrutado pela inteligência chinesa durante uma viagem a Pequim por volta de 2015, quando estava estudando para um doutorado na Universidade Nacional de Singapura. Ele teria recebido dinheiro em troca de relatórios e informações políticas e, mais tarde, foi convidado a assinar um contrato com as forças armadas da China, o Exército de Libertação Popular (PLA).

    Embora ele não tenha assinado o contrato, Yeo teria continuado trabalhando com agentes de inteligência chineses, que cada vez mais solicitavam que ele se concentrasse na obtenção de “informações não públicas” dos EUA, relacionadas a questões como inteligência artificial e a guerra comercial entre EUA e China.

    Yeo teria se reunido com autoridades de inteligência dezenas de vezes e, quando viajava para a China para essas reuniões, era regularmente retirado das fronteiras da alfândega e levado a um escritório separado para admissão no país, que ele teria dito aos promotores ter o objetivo de “esconder sua identidade quando viajava para a China”.

    Enquanto visava cada vez mais os EUA, Yeo teria criado um site falso de consultoria e começoado a solicitar currículos, recebendo centenas, incluindo muitos de militares e funcionários dos EUA com permissões de segurança, que ele passaria para agentes chineses.

    Uma pessoa que ele teria recrutado dessa maneira seria um civil que trabalhava para a Força Aérea dos EUA no programa de aeronaves militares F-35B, com uma autorização de segurança de alto nível. Essa pessoa, que não foi identificada pelos promotores, estava tendo problemas financeiros, e Yeo o teria contratado para escrever um relatório para ele.

    Yeo se mudou para os EUA em janeiro de 2019, após agentes terem supostamente pedido para não se comunicar com eles por medo de interceptação. Segundo o relato, quando teve que entrar em contato, Yeo foi orientado a fazê-lo em uma cafeteria local.

    Não está claro como e quando Yeo foi preso, mas este ano ele foi acusado de atuar como “agente ilegal de uma potência estrangeira sem primeiro notificar o Procurador-Geral” e, posteriormente, se declarou culpado.

    Ele deve ser sentenciado em outubro e pode pegar até 10 anos de prisão.

    “A acusação de culpa de hoje ressalta as maneiras pelas quais o governo chinês continua atingindo os americanos com acesso a informações confidenciais do governo, incluindo o uso da internet e cidadãos não chineses para atingir americanos que nunca deixam os Estados Unidos”, Michael R. Sherwin, advogado interino dos EUA para o distrito de Columbia, disse em comunicado. “Continuaremos processando aqueles que usam práticas enganosas na Internet e em outros lugares para minar nossa segurança nacional”.

    (Esta matéria é uma tradução. Veja a reportagem original aqui)