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    Covid-19: CDC revisa orientações do governo Trump que não tinham base na ciência

    Agência norte-americana afirmou que ao menos 3 documentos sofreram 'influência indevida'; eles foram removidos ou alterados do site do órgão

    John Bonifield, Jacqueline Howard e Caroline Kelly, da CNN

    Uma revisão das orientações para a pandemia de Covid-19 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos concluiu que algumas orientações da agência durante a administração de Donald Trump não foram baseadas na ciência ou sofreram influência indevida.

    A revisão concluiu que algumas orientações “usavam linguagem menos direta do que as evidências disponíveis suportadas”, “precisavam ser atualizadas para refletir as evidências científicas mais recentes” e “apresentavam a base científica subjacente para orientação de forma inconsistente”, de acordo com um porta-voz.

    Além disso, a revisão identificou três documentos que não eram de autoria principal do CDC e, ainda assim, foram apresentados como documentos da agência. O CDC removeu dois dos documentos de seu site e atualizou e substituiu o terceiro.

    A revisão foi ordenada pela diretora do CDC, Rochelle Walensky, em resposta a preocupações sobre algumas das orientações da agência durante o primeiro ano da pandemia sob o governo Trump.

    “Estou focada em levar o CDC adiante com ciência, transparência e clareza liderando o caminho. É imperativo para o povo americano confiar no CDC. Do contrário, podem ocorrer doenças e lesões evitáveis ??– e, tragicamente, vidas podem e serão perdidas”, disse Walensky em um comunicado à CNN.

    “Esta agência e suas informações críticas de saúde não podem ser vulneráveis ??a influências indevidas, e este episódio ajuda a delinear nosso caminho para reconstruir a confiança e garantir que as informações que o CDC compartilha com o povo americano são baseadas em ciência sólida que manterá a nós, nossos entes queridos, e nossas comunidades saudáveis ??e seguras.”

    A revisão do CDC foi relatada primeiro pelo jornal The Washington Post.

    O governo Trump repetidamente bateu de frente com seus próprios consultores médicos sobre a natureza e as mensagens públicas subsequentes da pandemia em curso. 

    Já em fevereiro de 2020, a médica Nancy Messonnier, uma importante especialista em vacinação do CDC, alertou que o vírus poderia causar graves transtornos à vida americana, afetando escolas e empresas, e disse às pessoas para se prepararem ao mesmo tempo que Trump estava tranquilizando a nação de que o vírus estava “indo embora” e estava “muito sob controle”.

    Os efeitos do confronto foram gritantes, com os nomeados de Trump muitas vezes levando a melhor. Michael Caputo – um aliado próximo de Trump que atuou no alto escalão do Departamento de Saúde e Serviços Humanos – foi acusado por críticos de politizar o CDC e a resposta do departamento à pandemia do coronavírus. 

    A CNN noticiou em setembro que Caputo e sua equipe exigiram ver relatórios científicos semanais do CDC antes de serem lançados, com alguns funcionários da pasta pressionando para mudar a linguagem dos relatórios para não minar a mensagem política de Trump. Em resposta a essa afirmação, Caputo criticou o CDC com acusações conspiratórias.

    Em outubro, fontes disseram a Jake Tapper da CNN que Messonnier foi avisada para “se calar” enquanto Trump minimizava a ameaça do coronavírus. A Casa Branca de Trump interrompeu as instruções do CDC sobre a pandemia em março passado, depois que a especialista alertou sobre o agravamento da propagação e interrupções, irritando o então presidente.

    Walensky escreveu na revisão que ela teve alguma dificuldade em entender quais documentos de orientação forneceram novas atualizações importantes – e ela recomendou maneiras pelas quais a agência sob o governo Biden pode fazer as coisas de maneira diferente.

    Enquanto conduzia a revisão, a nova diretora do CDC escreveu que “achou muito difícil” dizer se um novo documento representava uma atualização importante ou muito pequena das orientações existentes e decifrar quais eram as recomendações básicas em documentos longos.

    Alguns documentos também foram removidos ou substituídos do site do CDC durante a revisão. A revisão nomeia o documento que havia sido removido anteriormente como “A Importância da Reabertura das Escolas da América neste outono”, enquanto o documento “Visão Geral dos Testes para SARS-COV-2” foi substituído. De acordo com a análise, um link para o documento “Abrindo a América novamente” também foi removido do site.

    Walensky observou na revisão que “não havia uma prática consistente de divulgar as evidências de apoio em um resumo científico em conjunto com todas as novas orientações importantes”. E acrescentou: “estamos agora empenhados em fornecer resumos científicos atualizados se houver pesquisas para informar as atualizações de orientação”.

    Walensky escreveu que o CDC “finalizará a produção e as revisões das novas orientações priorizadas remanescentes” nas próximas semanas. 

    Walensky fez várias recomendações para avançar, incluindo deixar claro quais evidências científicas foram usadas para os principais novos documentos de orientação, bem como planejar briefings para a mídia quando novas orientações forem lançadas, junto com várias outras recomendações.

    Stephen Collinson, Maggie Fox e Elizabeth Cohen contribuíram para esta reportagem.

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)

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