Em meio a tensão entre países, China formaliza prisão de jornalista australiana
A jornalista australiana de origem chinesa Cheng Lei foi formalmente presa na China após seis meses de detenção sob suspeita de "fornecer ilegalmente segredos"
A jornalista australiana de origem chinesa Cheng Lei foi formalmente presa na China após seis meses de detenção sob suspeita de “fornecer ilegalmente segredos de Estado no exterior”, disse a ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne, nesta segunda-feira (8).
Cheng, que era uma âncora de destaque do canal em inglês da mídia estatal chinesa CGTN, foi presa em 5 de fevereiro, disse Payne. Inicialmente detida em meados de agosto do ano passado, ela compareceu regularmente a eventos empresariais e embaixadas da comunidade australiana em Pequim.
Payne disse que o governo australiano “levantou suas sérias preocupações sobre a detenção da Sra. Cheng regularmente em níveis superiores, incluindo sobre seu bem-estar e as condições de detenção”.
As tensões entre a Austrália e a China têm aumentado recentemente, depois que Canberra pediu uma investigação internacional sobre a origem da pandemia do novo coronavírus e Pequim respondeu com represálias comerciais.
O ex-embaixador da Austrália na China, Geoff Raby, disse que o caso de Cheng “parece ir além das questões na relação bilateral”.
“O apoio a Lei é, no entanto, muito mais difícil na ausência de contato de alto nível entre os governos”, disse Raby à Reuters.
Payne disse que as autoridades visitaram Cheng seis vezes durante sua detenção, a última delas no final de janeiro. Os dois filhos de Cheng, de nove e onze anos, estão atualmente morando com a família na Austrália.
Nos dias após a detenção de Cheng em agosto ter se tornado pública, dois correspondentes estrangeiros australianos foram levados de avião para fora da China, ajudados por funcionários consulares australianos depois que os dois foram interrogados pelo Ministério da Segurança do Estado da China.
O Ministério das Relações Exteriores da China posteriormente revelou que a agência de segurança da Austrália questionou jornalistas chineses que trabalhavam na Austrália semanas antes de Cheng ser detida.