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    ‘Nada me impressionou’, diz Sanders após perder candidatura mais uma vez

    Em entrevista à CNN, senador falou sobre o cenário político americano e aliança com Joe Biden

    Ryan Nobles, da CNN

    Bernie Sanders concorreu à presidência dos EUA em 2020 porque pensou que poderia vencer, mas disse que não tinha ilusões sobre o que estava enfrentando e como isso seria difícil. 

    Após desistir da candidatura, ele refletiu sobre sua segunda tentativa frustrada à Casa Branca. A primeira foi em 2016, em que competiu contra Hillary Clinton pela indicação do Partido Democrata. Com a saída de Sanders, o caminho está livre para que Joe Biden seja o adversário de Donald Trump nas eleições gerais pela presidência dos Estados Unidos, em novembro deste ano.

    Sanders diz que continua orgulhoso de suas conquistas, mas acredita que ainda há muito a fazer por uma inclusão mais ampla da classe média americana no sistema político e para conseguir a implementação das propostas progressistas pelas quais ele tem lutado a vida toda.

    “É difícil”, disse Sanders à CNN. “Mas sabíamos o que estávamos fazendo, e nada do que aconteceu me impressionou”.

    “Acho que o que vimos depois de Nevada [último estado em que Sanders venceu as primárias] foi um movimento do establishment político e da mídia, dizendo que queriam qualquer um menos eu”, disse ele. “Não sei quantos artigos eu vi sobre isso, que diziam ‘Precisamos de qualquer pessoa, menos o Bernie’, e eles conseguiram. E é isto”.

    Sanders ficou na corrida por mais tempo do que em 2016, mas vai terminar com o apoio de menos delegados do que havia conseguido quatro anos atrás. No entanto, neste ciclo, Sanders foi considerado um dos favoritos. Ele se recuperou rapidamente após sofrer um infarto em outubro de 2019, levantou mais fundos de campanha do que seus rivais e foi endossado por figuras-chave da ala progressista dos EUA.  

    Quando Sanders venceu o voto popular em três das primeiras quatro votações, a candidatura parecia a seu alcance, mas suas esperanças foram se esvaindo após a vitória de Joe Biden na Carolina do Sul.

    O triunfo do ex-vice-presidente no estado realinhou a corrida. Outros candidatos moderados desistiram de concorrer pela indicação e enfileiraram-se atrás de Biden, mostrando que Sanders não estava preparado para uma luta que já estava prevista.

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    Após Sanders encerrar sua campanha, foi criticado pela maneira que endossou a candidatura de Joe Biden. Alguns de seus apoiadores acreditam que ele deveria ter deixado mais claras as diferenças entre eles.

    Mas Sanders insistiu que suas distinções não estremeceriam a relação entre os dois democratas, construída enquanto eram colegas no Senado americano. É uma decisão da qual Sanders não se arrepende e argumenta que aqueles que a criticam, não a entenderam.

    Desde que deixou a corrida, Sanders está empenhado em convencer sua base eleitoral a apoiar Joe Biden no desafio contra Trump.

    “Joe e eu temos nossas discordâncias, com certeza. Mas Joe é um cara decente e eu acho que ele está mais que disposto agora para sentar junto de seus apoiadores, ouvir o que eles têm a dizer e tentar resolver essas preocupações”, disse.

    Ele reconhece que Biden terá de se esforçar para ganhar os eleitores mais progressistas, mas Sanders acha que, até novembro, essas pessoas vão mudar de ideia.

    “Acredito que a maior parte das pessoas vão acordar de manhã e pensar, ‘ok, qual será meu papel agora? É aceitável eu não fazer nada e aceitar as possivilidades? Eu permitirei que o presidente mais perigoso da história recente seja reeleito ou farei tudo que posso para derrotá-lo, pressionando Biden a adotar a postura mais progressista possível?'”, questionou Sanders. “E eu acho que a grande parte das pessoas vai optar pela segunda alternativa”.

    Os dois democratas estão produzindo forças-tarefa com o apoio de especialistas que apoiavam ambos. Essas propostas serão divulgadas como parte da campanha de Biden.

    Sanders diz que continuará engajado. Ele acha que muitas de suas propostas desde 2016, como um sistema de saúde universal e universidades gratuitas, encontram mais apoio popular atualmente. Ele também foi elogiado por muitas figuras democratas proeminentes.

    Ao anunciar seu apoio a Biden, o ex-presidente Barack Obama descreveu Sanders como um “americano original”. Sanders disse que a acolhida de personalidades como Obama mostram o rumo possível para a política dos EUA.

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    “Se Obama estivesse concorrendo à presidência hoje, ele não diria o que disse em 2008, porque o mundo mudou significativamente e também a consciência política”, disse. “E todo bom político, assim como Biden e Obama são, entende que você tem de ir aonde está seu povo”.

    O que desencoraja Sanders, no entanto, é que muitos dos cidadãos que se beneficiariam de seus projetos progressistas, como o aumento do salário mínimo e a universalização do ensino e da saúde, ainda não estão envolvidos politicamente. Sanders acredita que é porque eles ainda sentem que o sistema não funciona a favor deles.

    “Como nação, temos a menor participação eleitoral do mundo. É difícil convencer os eleitores a votarem quando eles pensam que o sistema é viciado e que o voto deles não conta para nada. Eu ouvi isso um milhão de vezes e é muito duro”, conta. “Mas é isso que tem que ser feito”.

    No entanto, há um papel que Sanders não pretende interpretar novamente: o de candidato a presidente.

    “Ninguém pode prever o futuro, mas acho justo dizer que não vou concorrer à presidência novamente”, disse. “Eu acho”. 

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