Americano preso na Venezuela será investigado por terrorismo, diz Maduro
Matthew Jhon Heath, também será investigado pelos crimes de tráfico ilegal de armas, e associação criminosa
Um americano preso este final de semana na Venezuela acusado de espionagem e de tentar explodir uma refinaria de petróleo, será denunciado pelo crime de terrorismo. Matthew Jhon Heath, também será investigado pelos crimes de tráfico ilegal de armas, e associação criminosa. Além dele, sete venezuelanos também, foram presos e serão denunciados pelos mesmos crimes.
O anúncio da prisão do americano foi feito pelo presidente Nicolas Maduro, que alega ser uma investida dos Estados Unidos contra a produção de combustível do país.
A CNN entrou em contato com a Marinha dos Estados Unidos sobre as acusações de Maduro. Em nota, a corporação respondeu que tinha em seu quadro de fuzileiros navais um militar também chamado Matthew John Heath, mas não confirma se é o mesmo que foi capturado na Venezuela.
“Estamos confirmando que tínhamos um fuzileiro naval com o nome de Matthew John Heath. Abaixo estão as informações liberáveis. Não podemos confirmar qualquer afiliação ou especulação sobre potencial afiliação ao homem capturado, pois isso seria uma questão para o Departamento de Estado e as autoridades competentes”, diz a nota da Marinha norte-americana.
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O anúncio sobre a prisão do americano, foi feito durante uma videoconferência de Nicolás Maduro com lideranças do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do qual ele faz parte. No dia, Maduro chegou a dizer que que o norte-americano era soldado da Marinha dos Estados Unidos e disse que com ele, foram apreendidos armamentos e uma quantidade de dólares em espécie.
“O cidadão americano não tinha passaporte, tinha uma fotocópia dentro dos sapatos, carregava um telefone via satélite que se recusou a desbloquear. Imagens de instalações de petróleo foram encontradas. Por que ele tinha imagens de nossas instalações de petróleo em seu telefone? Ele também tinha fotos de instalações militares em Zulia e Falcón”, disse o procurador-geral da república, Tarek William Saab.
Saab disse também que o suposto espião tinha em sua bagagem uma moeda que o ligava à Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos e, após ser detido pela Direção Geral de Contra-espionagem Militar, pediu para falar com funcionários da embaixada dos EUA.
Os venezuelanos presos também serão denunciados pelo crime de traição contra a pátria.
“Todos os cidadãos venezuelanos serão acusados dos crimes de traição, terrorismo, tráfico ilícito de armas e associação, enquanto o cidadão norte-americano será acusado dos crimes de terrorismo, tráfico ilegal de armas e associação para cometer um crime “, disse o procurador.
O presidente Nicolas Maduro disse que além dos armamentos e de dinheiro em dólares que teriam sido encontrados com o soldado, o governo ainda dispõe de outras provas que, segundo ele, apontam que o Matthew estava praticando espionagem no país.
“As provas foram repassadas ao Ministério Público e já está em fase de declaração. Além disso, soma-se o fato de que, há dois dias, junto com um grupo engenheiros especialistas, cientistas tecnológicos, descobriram e desmontaram o plano para causar uma explosão na refinaria El Palito”, disse Nicolás Maduro.
A refinaria citada por Maduro é uma das maiores da Venezuela, e estava paralisada até a última, por conta de problemas em equipamentos. O país que é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, vive, atualmente, uma crise do combustível e sofre com a escassez de gasolina.
No discurso, Nicolás Maduro argumenta que a presença do americano em território venezuelano e a suposta tentativa de explodir a refinaria representaria uma “guerra”, contra a produção de gasolina do país.
“É uma guerra de vingança do império gringo para impedir que a Venezuela produza gasolina”, Alega Maduro.
No mês passado, o tribunal venezuelano condenou dois ex-militares dos Estados Unidos a 20 anos de prisão, por envolvimento em uma tentativa de derrubar o presidente Nicolas Maduro. As prisões aconteceram no mês de maio, em uma operação que deixou oito mortos.
A Venezuela vive uma crise de combustível sem precedentes. No país que é um dos maiores produtores de petróleo do mundo e já abasteceu muitos outros países, enfrenta a falta de gasolina até para serviços essenciais, como o trabalho dos profissionais de saúde que atuam no combate a pandemia da Covid-19.
O país tem dependendo de combustível de outras regiões, como do Oriente Médio. No final de semana, o Irã enviou cerca de 2 milhões de barris de gás natural, ignorando os bloqueios e sansões dos Estados Unidos.
Contingência
Nesta semana o governo venezuelano anunciou a criação de um plano de contingência por conta da escassez de combustível no país. Outra vez, Nicolás Maduro acusou os Estados Unidos de ser o responsável pela crise do combustível venezuelano.
“A Comissão Presidencial informa o povo venezuelano e a comunidade internacional sobre as terríveis consequências do vil bloqueio, na forma de sanções injustas, ilegais e unilaterais, impostas pelo governo dos Estados Unidos contra a PDVSA, suas subsidiárias e seus fornecedores, nacionais e estrangeiros”, declara em nota pública.
Em uma publicação no twitter, o diretor executivo da Federação de Trabalhadores Petroleiros da Venezuela, Eudis Girot, disse que o plano do governo é um fracasso e que está rodeado de máfias que destroem a PDVSA.
“O Plano de Maduro para produzir gasolina fracassou. Desordem, repressão, improvisação e incapacidade. Maduro está rodeado de máfias que destroem a PDVSA. OS que sabem produzir gasolina estão na miséria, morrendo”, publicou na rede social.
Vazamento
Além dos problemas relacionados a pouca produção de combustível, a Venezuela também tem enfrentado problemas operacionais em algumas de suas principais refinarias. Neste final de semana, um problema em uma tubulação em uma das unidades da PDVSA derramou uma grande quantidade de óleo na costa marítima do país, atingido quase 20 quilômetros de extensão.
O governo da Venezuela disse que a limpeza da costa está sendo feita pela PDVSA e pelo Ministério do Ecossocialismo.
A CNN entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente, que informou em nota, por meio do Ibama, que realizou estudo de correntes marítimas e identificou que o óleo não avança no sentido da costa brasileira.
“Segundo estudo das correntes marítimas, o derramamento de óleo na Venezuela está localizado na corrente equatoriana, que sobe em direção à América Central, se deslocando em direção contrária ao litoral brasileiro. O Ibama continuará monitorando a situação até que o derramamento na Venezuela esteja controlado”, disse.