Projeção inicial indica 2º turno no Equador, com aliado de Correa à frente
Andrés Arauz, apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, liderou o primeiro turno na eleição do Equador, segundo primeiros dados divulgados
Segundo as projeções iniciais, o economista equatoriano Andrés Arauz liderou o primeiro turno nas eleições presidenciais do país, realizadas neste domingo (7).
Aos 36 anos e aliado do ex-presidente esquerdista Rafael Correa, Arauz avança para a disputa de um segundo turno em 11 de abril, mas, às 2h da madrugada (horário de Brasília), a contagem ainda muito acirrada para ser possível afirmar se ele enfrentará o ativista ambiental Yaku Perez ou o banqueiro conservador Guillermo Lasso.
A atuação surpreendentemente forte de Perez, que está concorrendo com uma plataforma de proibição da mineração industrial, abala uma eleição que até agora foi definida por um duelo de ideologias de “bem-estar social” contra o “livre mercado’.
Diana Atamaint, do Conselho Nacional Eleitoral, disse que a contagem rápida mostrou Arauz com 31,5% dos votos, Perez com 20,04% e Lasso com 19,97%. A contagem foi baseada em cerca de 2.400 declarações eleitorais de uma amostra representativa de centros de votação.
Oficialmente, porém, foram contabilizados apenas cerca de 17% dos votos.
Pouco depois do anúncio, Perez disse a repórteres que havia conquistado votos suficientes para entrar no segundo turno e disse que estava fazendo uma vigília fora da sede do conselho eleitoral em Quito para evitar manipulação de votos.
“Viemos com um plano para fazer uma vigília, de forma ativa e respeitosa, mas para defender a vontade da grande maioria dos equatorianos que vêem esperança de mudança”, disse Perez.
Lasso liderou uma manifestação comemorativa na maior cidade do país, Guayaquil, onde os apoiadores gritaram “segundo turno” e “presidente Lasso”.
“Quando virmos 100% dos votos revisados, será reconfirmado que estamos no segundo turno”, disse Lasso.
O presidente Lenin Moreno, ex-aliado de Correa, conduziu uma agenda pró-mercado na esperança de reviver uma economia lenta e altamente endividada. Nos últimos, seu governo foi abalado por protestos populares, com um aumento proposto de combustível levando a violentos atos de rua em 2019.
Moreno, que assumiu o cargo em 2017, não tentou concorrer a um segundo mandato.
Para evitar o segundo turno de 11 de abril, Arauz precisaria de mais de 50% dos votos válidos, ou 40% do total, com 10 pontos percentuais a mais que o segundo colocado.
O Equador também foi fortemente afetado pela pandemia de Covid-19. Um surto brutal de coronavírus no ano passado foi marcado pelas imagens de corpos não coletados nas ruas de Guayaquil.
Os bloqueios em todo o mundo reduziram a demanda de combustível e os preços do petróleo, o principal produto de exportação do Equador, prejudicando uma economia que também sofria com cortes drásticos nos gastos do governo.
(Reportagem de Alexandra Valencia e Brian Ellsworth; Reportagem adicional de Yury Garcia em Guayaquil; Escrita de Brian Ellsworth; Edição de Daniel Wallis, Peter Cooney e Raju Gopalakrishnan)