Com participações pela internet, democratas fazem convenção partidária nos EUA
Evento para oficializar chapa de Joe Biden e Kamala Harris na disputa pela Casa Branca começa na noite desta segunda-feira (17), às 23 horas (de Brasília)
Há vários ciclos eleitorais nos Estados Unidos, críticos dizem que as convenções políticas são programas de TV disfarçados. Neste ano, isso é o que elas realmente são: uma produção para a televisão com entradas ao vivo e clipes curtos de todo o país.
O grande show do Partido Democrata para oficializar Joe Boden e Kamala Harris como seus candidatos à Casa Branca começa na noite desta segunda-feira (17).
“A convenção reduzida será uma mistura de discursos ao vivo e pré-gravados e elementos visuais altamente produzidos”, escreveram Astead W. Herndon e Reid J. Epstein no New York Times no domingo (16).
De acordo com fontes ouvidas por Jessica Dean, correspondente da CNN em Washington que acompanha a pré-campanha de Joe Biden, a convenção virtual dos democratas apresentará centenas de transmissões ao vivo de todo o país e quatro cenários localizados nas cidades de Nova York, Los Angeles, Milwaukee e Wilmington, no estado de Delaware.
Assista e leia também:
Campanha de Trump planeja publicidade digital durante a convenção democrata
Eleições nos EUA: como a pandemia da Covid-19 mudou as convenções políticas
Michelle Obama e Sanders devem unir forças na 1ª noite da convenção democrata
“A convenção inteiramente virtual contará com apresentadores para conduzir o programa de duas horas, com transmissões de fora do estúdio de em Los Angeles”, escreveu Dean. “Além disso, haverá discursos ao vivo de vários lugares históricos e simbólicos dos EUA, o que reforçará tematicamente seus comentários.”
John Verhovek, da emissora ABC, relatou que os democratas planejam estruturar a primeira noite da convenção em torno de três crises que atingem os Estados Unidos: a pandemia de Covid-19, a recessão e o reconhecimento nacional da injustiça racial.
Bastidores da convenção
Os planos do partido para a apresentação são liderados por Ricky Kirshner, produtor-executivo do Comitê Nacional Democrata (DNC, em inglês) desde 1992. Kirshner também é produtor do show do intervalo do Super Bowl e das transmissões do Tony Awards.
Ao jornal The Washington Post, ele disse “tudo pode acontecer”. “[A convenção] não tem um script, isso eu posso garantir para vocês. Haverá muita coisa ao vivo neste show.”
Mas é claro que algumas coisas seguirão um script – e alguns discursos foram gravados de antemão. O conteúdo ao vivo “será mixado em tempo real com uma parcela quase igual de performances pré-gravadas, mini documentários e discursos”, escreveu Michael Scherer, no Post.
Essa situação tem causado alguma tensão entre os organizadores da convenção e as redes de televisão. NBC, ABC e CBS se comprometeram a exibir uma hora de conteúdo da convenção por noite, a partir das 22 horas (23 horas de Brasília).
Os canais por assinatura, como a CNN americana, programaram uma cobertura especial durante toda a noite, mas isso não significa que a convenção será a única atração. Há o risco de o evento ser um fracasso “caso as redes de TV coloquem seus comentaristas para falar em cima dos cenários pré-produzidos e os telespectadores menos partidários classifiquem o programa como um longo filme de propaganda”, completou Scherer.
Ninguém duvida, claro, que os eleitores democratas assistirão a transmissão pelo streaming oficial do DNC na internet – o que os republicanos também farão na próxima semana.
Qual a importância da convenção?
“Com os problemas que o país está enfrentando agora como o coronavírus, o declínio econômico e a questão racial, as convenções fornecerão aos eleitores planos de como cada partido planeja lidar com essas situações”, disse Marc Burstein, produtor-executivo sênior da ABC.
Para a editor de notícias políticas da CBS, Caitlin Conant, as convenções “permitem que os candidatos, basicamente, se reapresentem para os Estados Unidos e coloquem o foco novamente nas questões políticas”.
(Com informações de Brian Stelter, da CNN)