Parlamento venezuelano acusa Maduro por garimpo ilegal na fronteira com Brasil
Presidente coordenaria retirada de 3 toneladas de ouro por mês, garantindo receita mensal de US$ 150 milhões para Caracas
A Assembleia Nacional da Venezuela, presidida por Juan Guaidó, responsabilizou nesta terça-feira (28) o presidente Nicolás Maduro pela extração ilegal de ouro nos estados venezuelanos de Delta Amacuro, Bolívar e Amazonas – os dois últimos fazem fronteira com a Região Norte do Brasil. Uma resolução aprovada por unanimidade pelos deputados declarou como “ouro de sangue” todo o produto do garimpo no sul venezuelano. Os três estados compõem a Amazônia.
“O Parlamento responsabiliza Nicolás Maduro por todas as atividades ilícitas de exploração e contrabando de ouro e outros materiais pertencentes à República que foram desenvolvidos pela Companhia Militar Anônima das Indústrias de Mineração de Petróleo e Gás (CAMIMPEG) pelo Ministério da Defesa e as empresas ilegais de grupos criminosos e gangues organizadas e de guerrilha que tomaram ilegalmente áreas estratégicas de exploração mineral sob os auspícios e cumplicidade de seu regime destrutivo”, disse a Assembleia Nacional, em comunicado na tarde desta terça.
De acordo com o parlamentar Rachid Yasbek, da oposição, Maduro extrai cerca de três toneladas de ouro por mês, garantindo receita mensal de US$ 150 milhões a Caracas.
Segundo o Regime de Nicolás Maduro, o chamado Plano de Ouro, iniciado em 2018, “procura fortalecer reservas internacionais e finanças nacionais para o desenvolvimento da Pátria. Este programa promove a mineração legal e eco sustentável no Arco Mineiro do Orinoco”, na região da Amazônia.
En el marco del Plan Oro, inauguramos en el estado Bolívar, la Planta de Procesamiento de Oro "Sarrapia", con una capacidad de hasta 90 Kg. de oro al mes. Esfuerzo que forma parte de la instalación de 54 plantas para ordenar el mapa productivo aurífero de Venezuela. pic.twitter.com/avHTyBGwta
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) November 3, 2018
Contrabando no Brasil
Em dezembro do ano passado, a Polícia Federal deflagrou a Operação Hespérides, para desbaratar uma quadrilha que comercializou ilegalmente ao menos 1,2 tonelada de ouro entre 2017 e 2019. Em valores atuais, o montante corresponde a R$ 230 milhões.
O inquérito traz indícios de que a organização criminosa era composta por venezuelanos e brasileiros que, residindo em Roraima, compravam ilegalmente ouro extraído de garimpos da Venezuela e de garimpos clandestinos do estado.