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    Saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde repercute internacionalmente

    Nesta sexta-feira (15), o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão após permanecer 29 dias no cargo

    O pedido de demissão do agora ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, após permanecer 29 dias no cargo, repercutiu na imprensa internacional. “É o dia mais triste da minha vida. Não vou manchar a minha história por causa da cloroquina”, disse, ao entrar em colisão com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por não endossar a ampliação do uso da substância para tratar o novo coronavírus, da forma defendida pelo presidente — e cuja eficácia não tem comprovação científica. 

    O jornal americano The New York Times destacou o embate entre o ex-ministro da Saúde e Bolsonaro em relação às medidas restritivas implementadas para combater a pandemia no país. O veículo também fez uma comparação com o ministro anterior, Luiz Henrique Mandetta, que havia enfrentando problemas semelhantes. 

    “Enquanto governadores e prefeitos em grande parte do país pedem para os brasileiros ficarem em casa o máximo possível, Bolsonaro implora para que a população saia para trabalhar, com a justificativa de que uma desvantagem econômica seria mais prejudicial ao país do que o vírus”, escreveu New York Times. Outro fato reportado pelo jornal também aconteceu nesta semana, quando o presidente da República classificou as academias, barbearias e salões de beleza como atividades essenciais.

    “Ele [Bolsonaro] repetidamente minimizou a pandemia, comparando a Covid-19 como “um resfriado moderado” e elogiou uma droga não comprovada como um tratamento eficaz. Quando questionado, no final de abril, sobre o número crescente de mortos no Brasil, ele disse: “E daí? Desculpe, mas o que você quer que eu faça?”, reportou o jornal. 

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    O jornal The Washington Post noticiou as manifestações que ocorreram após o anúncio da saída do ministro. “Depois que a demissão de Teich foi anunciada, foram ouvidos protestos em diferentes regiões de São Paulo e Rio de Janeiro”, escreveu. Além das manifestações, o jornal também mencionou que o uso da cloroquina também é defendida pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

    “A droga, usada contra a malária, foi amplamente elogiada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como tratamento. Mas os pesquisadores no mês passado não relataram benefícios em uma grande análise do medicamento”, destacaram. “No mês passado, cientistas no Brasil interromperam parte de um estudo sobre a cloroquina, após o desenvolvimento de problemas cardíacos em um quarto das pessoas”. 

    “Nos últimos dias, a relação entre Bolsonaro e o seu ministro da Saúde deu sinais de degradação. Entre as causas, estavam as ressalvas apresentadas por Teich em relação à utilização da hidroxicloroquina”, destaca o jornal.

    Europa

    O jornal britânico The Guardian considerou a saída de Teich como uma “renúncia abrupta”, um dia após o Brasil anunciar que ultrapassou 200 mil casos confirmados de Covid-19 e ter registrado quase 14 mil mortes. O veículo também falou sobre os embates que tanto Teich, quanto o ex-ministro Mandetta, tiveram com o presidente durante o mandato. 

    A BBC noticiou em uma breve nota a saída de Nelson Teich, ressaltando que o Brasil é o país mais afetado pela pandemia na América Latina. Além disso, a emissora destacou que o ministro não foi consultado sobre o decreto presidencial que trata das atividades essenciais, editado nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro.

    “Na segunda-feira, Bolsonaro declarou academias e salões de beleza como serviços essenciais que podem permanecer abertos durante o novo surto de coronavírus, mas Teich disse que seu ministério não foi consultado”, escreveu a BBC. 

    Na manchete do jornal português Público, chama a atenção o fato de ser o segundo ministro da Saúde a sair do cargo em menos de um mês. Eles também falam sobre a possibilidade do general Eduardo Pazuello, atual secretário-executivo da pasta, assumir o cargo de Teich. 

    América do Sul

    O jornais argentinos Clarín e La Nación destacam que, em meio à crise sanitária causada pelo novo coronavírus, a maior autoridade de saúde do Brasil estaria com dificuldades para atuar na pasta devido às diferenças de posicionamento entre o presidente. 

    O jornal El Observador, do Uruguai, destacou que apesar do uso da cloroquina não ser comprovado cientificamente, o medicamento tem sido defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. “Ao assumir, Teich prometeu um ‘alinhamento total’ com Bolsonaro, mas nos últimos dias as divergências entre os dois se manifestaram”, destacam.

    “Por outro lado, o ministro sofreu um grave desrespeito na semana passada, quando Bolsonaro incluiu, sem consultá-lo, academias e cabeleireiros na categoria de ‘atividades essenciais’ que poderiam permanecer abertas nos estados onde os governadores impunham medidas de quarentena ou isolamento social”, noticiou o jornal uruguaio.  

    Já o jornal La Tercera, do Chile, escreveu: “como seu antecessor, Teich teve várias divergências com o Chefe de Estado e a maneira como o coronavírus deveria ser enfrentado no Brasil”. 

     

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