EUA se aproximam de líderes africanos para barrar avanço de China e Rússia
Governo Biden fez série de reuniões em busca de ganhar espaço no continente
Os Estados Unidos fizeram uma série de reuniões com líderes da África. O governo de Joe Biden, que chegou prometendo mudanças na política externa, quer aumentar a influência do país no continente africano, onde China e Rússia ganham cada vez mais espaço.
“Os Estados Unidos estão prontos, agora, para ser seu parceiro em solidariedade, apoio e respeito mútuo”, disse Biden na Cúpula da União Africana, no início do ano, prometendo ampliar as relações comerciais e fazer investimentos para promover a paz e a segurança na África.
O secretário de estado americano, Antony Blinken, deu o primeiro passo para intensificar os laços econômicos com os africanos e fez um alerta para sobre a presença da China. “Não estamos pedindo a ninguém que escolha entre os Estados Unidos ou a China, mas gostaria de encorajá-los a fazer essas perguntas difíceis” disse.
Blinken conversou também com jovens líderes de 10 países do continente. Entre eles, o secretário de inovação de Cabo Verde, Pedro Lopes. Com uma população de 500 mil habitantes, o país tem um milhão de cidadãos morando nos EUA e um terço do PIB depende do turismo, sofrendo com a restrição de viagens da pandemia.
O governo Biden articula para conter os avanços do gigante asiático pelo mundo, que tem usado seu poder econômico para conquistar influência. Na África, a China, há anos, investe em infraestrutura no continente – desde a construção de estradas e ferrovias a redes de tecnologia móvel, além de participar de missões de paz para manter a estabilidade nos países africanos.
“A China viu o continente africano como uma terra de oportunidades e não apenas de riscos e pobreza. Os Estados Unidos e Europa precisam entender isso: eles precisam da áfrica porque ela tem a capacidade de alimentar o mundo”, disse a ex-secretária de estado para os direitos humanos da França, Rama Yade, que nasceu no Senegal.
Ela conta ainda que a China tem investido em moedas digitais no continente, em alternativa ao dólar, principal via das negociações internacionais. Outro rival dos Estados Unidos, a Rússia também é muito popular na África por ter ficado historicamente ao lado dos países do continente que buscavam independência e por oferecer apoio militar.
“Entre a China e a Rússia existe um esforço para montar um sistema multilateral alternativo, já que as portas estão fechadas para as nações africanas em organizações multilaterais ocidentais”, avalia Rama.
Durante o encontro, a Nigéria solicitou a Blinken que os EUA mudem sua base militar que supervisiona a África da Alemanha para o continente, para assim ajudar os africanos a enfrentarem o terrorismo e a crescente violência armada.