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    Saiba como Biden e Trump se preparam para o primeiro debate presidencial nos EUA

    CNN Brasil transmitirá o primeiro debate entre os candidatos nas eleições dos Estados Unidos na próxima terça-feira (29), às 22 horas

    Dan Merica, Eric Bradner, MJ Lee, Arlette Saenz e Kylie Atwood, da CNN

    Joe Biden, candidato democrata à presidência dos EUA, está trocando a leitura de livros para dias inteiros de preparação. O presidente Donald Trump está estudando com cartões de anotações e recebendo ajuda de um aliado de longa data, o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie.

    Enquanto Trump e Biden entram em um fim de semana importante de preparação para o confronto em Cleveland, no estado de Ohio, na terça-feira (29), ambas as campanhas permanecem em silêncio sobre a rotina dos candidatos.

    O primeiro debate entre ambos, que são os candidatos dos dois grandes partidos dos Estados Unidos à Casa Branca, será transmitido na terça-feira (29) pela CNN Brasil a partir das 22h (horário de Brasília).

    Os preparativos iniciais de Biden para o debate se concentraram na leitura de briefings e na realização de sessões curtas com assessores políticos, disseram pessoas familiarizadas com sua rotina. Ele geralmente prefere que os assessores o bombardeiem com perguntas rápidas do que simular debates fictícios, disseram as fontes.

    Ron Klain, ex-chefe de gabinete de Biden que também administrou a preparação para debates da ex-candidata democrata Hillary Clinton, ajuda a supervisionar os preparativos para o debate de terça, disseram as fontes. Outros consultores de longa data que estiveram envolvidos em sessões de preparação incluem Anita Dunn, Steve Ricchetti e Mike Donilon.

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    Trump, de acordo com uma fonte familiarizada com seus preparativos, está estudando os ataques esperados de Biden. O foco dos preparativos é uma série de anotações que o presidente está revisando – a frente da nota mostra um ataque esperado de Biden, enquanto o verso do cartão mostra o que Trump fez sobre o assunto, o que ele fará em um segundo mandato e como virar o ataque contra o ex-vice-presidente.

    Christie, que interpretou o papel de Hillary no debate com Trump em 2016, também está ajudando nos preparativos para o encontro de terça-feira, acrescentou a fonte.

    O primeiro debate terá duração de 90 minutos e se concentrará em seis tópicos: “Os históricos de Trump e Biden”, “A Suprema Corte”, “Covid-19”, “A economia”, “Raça e violência em nossas cidades” e “A integridade da eleição”. O programa será moderado por Chris Wallace, da Fox News.

    A preocupação da campanha de Biden – e também a expectativa – é que Trump seja imprevisível, fazendo afirmações falsas de forma persistente. Sua campanha não acredita ser sábio, ou mesmo possível, que Biden tente verificar afirmações falsas de Trump em tempo real, em vez de deixar parte dessa responsabilidade para o moderador.

    “Nossa esperança é que (o moderador Chris Wallace da Fox News) responsabilize Trump por coisas que ele diz e que são simplesmente mentiras e inverdades, mas isso caberá ao moderador, e veremos o que ele escolherá fazer”, disse a vice-gerente de campanha de Biden, Kate Bedingfield, na quinta-feira. “Mas posso dizer que Joe Biden aproveitará a oportunidade para falar diretamente ao povo americano sobre o que fará como presidente.”

    Joe Biden à esquerda e Donald Trump à direita, sem uma linha entre eles
    CNN vai exibir primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden, às 22h, na terça-feira (29)
    Foto: CNN Brasil

    Um dos objetivos do ex-vice-presidente durante o debate será fazer o que ele fez nos últimos meses na campanha: focar nos principais desafios econômicos e de saúde pública que o país enfrenta e vinculá-los às falhas de Trump em controlar a pandemia do novo coronavírus.

    Trump e seus principais assessores tiveram uma mensagem um tanto inconsistente antes do primeiro debate, especialmente quando se trata de como eles acreditam que Biden se sairá no encontro ao vivo dos dois.

    Trump e sua equipe reduziram a expectativa sobre Biden antes de seu discurso ao Comitê Nacional Democrata, em agosto. Então, quando Biden fez um discurso coerente, os comentários pareceram mais destacados aos olhos dos eleitores por causa dessa expectativa de desempenho fraco que não se concretizou.

    O mesmo aconteceu na preparação para o primeiro debate.

    Trump, durante um evento na Pensilvânia este mês, tentou aumentar as expectativas sobre Biden, dizendo que o ex-vice-presidente “deveria ser capaz vencer” em um debate porque “ele é muito mais experiente”. Trump até disse que Biden era “ótimo” debatendo.

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    Mas manter o foco dessa mensagem tem sido um problema para Trump. Poucos minutos depois desses comentários, ele voltou a atacar as habilidades verbais e a acuidade mental de Biden, dizendo que o ex-vice-presidente é “fraco” e “o pior candidato presidencial na história da política” e “não pode falar sem o teleprompter”.

    Trump, em outro sinal de que não pode evitar falar mal sobre Biden mesmo que isso prejudique as expectativas ao seu redor, também lançou uma teoria totalmente não comprovada de que o ex-vice-presidente é capaz de se sair bem em debates porque está usando drogas para melhorar seu desempenho.

    Até mesmo os assessores de Trump admitiram publicamente que os republicanos haviam reduzido demais as expectativas sobre o desempenho de Biden.

    “Acho que ele vai se sair muito melhor do que muitos dos meus companheiros republicanos e o presidente Trump esperam”, disse Jason Miller, um assessor do presidente, ao jornal The Washington Post.

    “E é por isso que estou tentando dizer (aos apoiadores de Trump: ‘Ei, pessoal, não criem uma expectativa tão baixa sobre Joe Biden porque ele, na verdade, vai se ser muito bem’.”

    Joe Biden, candidato democrata à presidência dos EUA
    Joe Biden, candidato democrata à presidência dos EUA
    Foto: Jonathan Ernst -28.jul.2020/ Reuters

    Há uma sensação entre os assessores de Biden e os principais democratas fora da campanha de que um debate pode mudar pouco os contornos do que tem sido uma campanha notavelmente estável por meses. Muitos apontam como Clinton se saiu bem em seus debates contra Trump há quatro anos e ainda assim perdeu a eleição.

    O motivo pelo qual é improvável que o debate mude a trajetória da disputa presidencial, disseram os democratas, é que a forma como Trump lidou com a pandemia não resolveu o problema e pouco do que ele ou Biden possam dizer no palco remodelará suas realidades.

    “Se os debates importassem, Joe Biden não seria o candidato democrata”, disse Jen Psaki, diretora de comunicações da Casa Branca nos governos Obama-Biden. “É uma oportunidade de falar diretamente ao público norte-americano. Então, é claro, é importante por esse motivo. Mas Joe Biden não é o indicado [democrata] por causa de sua habilidade em debate e claramente o eleitorado democrata não achou que isso importasse.”

    Existem diferenças entre a opinião de democratas veteranos sobre como Biden deve responder a Trump.

    Psaki disse que debater com Trump ainda é “complicado”, mas que a melhor estratégia para Biden é “ignorar Trump, jogar seu próprio jogo e não ser puxado para o jogo de Trump”.

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa
    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
    Foto: Reprodução/CNN (22.set.2020)

    “Em última análise, um debate bem-sucedido não é sobre quem desmentiu o outro”, disse ela. “Na hora, pode parecer que isso é o que importa, mas na verdade trata-se de falar diretamente com as pessoas em casa.”

    Outros democratas, porém, disseram que gostariam de ver o ex-vice-presidente dar respostas fortes aos ataques de Trump.

    “Acho que o presidente [Trump] irá para o ataque e meu conselho é que toda vez que ele atacar, Joe deve responder de volta, deve tomar seu tempo inicialmente para responder e responder de forma dura, forte e em termos inequívocos e, em seguida, responder sobre o que ele faria “, disse o ex-governador da Pensilvânia, Ed Rendell.

    “Ele não deve deixar nenhum ataque passar sem resposta. Joe é forte, ele é um lutador, então isso deve ser natural para ele.”

    Tim Murtaugh, um importante assessor de campanha de Trump, disse a repórteres neste mês que o presidente espera se diferenciar de Biden destacando seus primeiros anos no cargo e usando as mesmas críticas que faz na campanha eleitoral.

    “Acho que a forma como ele se diferencia de Joe Biden é falando sobre seu histórico”, disse Murtaugh. “Será um contraste muito claro, o mesmo contraste que traçamos ao longo desta campanha.”

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)