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    Usuários do TikTok dizem ter sabotado comício de Donald Trump

    Utilizadores da rede social disseram que se registraram no evento sem a intenção de ir, inflando as expectativas de público na arena

    Donie O'Sullivan, da CNN

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não lotou a arena de 19 mil lugares em que fez seu comício na noite deste sábdo (20), apesar de ter se gabado de receber um milhão de reservas para o evento que marcou seu retorno à campanha eleitoral. 

    Muitos dos que pediram por ingressos podem ter sabotado o presidente — em uma proeza organizada principalmente pela rede social TikTok. 

    Na última semana, Trump publicou no Twitter que “quase um milhão e pessoas pediram ingressos para o comício de sábado à noite em Tulsa, Oklahoma!” e um funcionário local disse que esperavam cerca de 100 mil participantes. No entanto, a entrada na arena ocorreu por ordem de chegada e a equipe da campanha abandonou os planos de discursos do presidente e do vice Mike Pence para o “excedente” esperado do lado de fora do local

    Um porta-voz do Departamento de Bombeiros de Tulsa disse à Reuters que a contagem do público ficou em 6.200 pessoas.

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    Um esforço coordenado aconteceu no TikTok nos dias anteriores ao evento, encorajando que as pessoas confirmassem presença no evento e não fossem. A plataforma normalmente é lembrada como um local para adolescentes dançando e não necessariamente pela ação política. 

    O gerente da campanha de Trump, Brad Parscale, disse à CNN neste domingo (21) que “os esquerdistas e trolls da internet achando que impactaram o público do nosso comício de alguma forma não sabem do que estão falando ou como osnossos comícios funcionam”. Ele acrescentou que “confirmar presença para um comício significa registrar-se com um número de telefone, e nós constantemente excluímos os números falsos, como fizemos com dezenas de milhares no comício de Tulsa para calcular a expectativa de público. Esses pedidos falsos de ingressos nunca entraram na nossa conta”.

    Anteriormente, um funcionário da campanha também afastou a sugestão de que essas publicações possam ter interferido na participação do evento. No sábado, ele disse à CNN que “tivemos 300 mil inscrições de republicanos que votaram nas últimas quatro eleições. Esses não são crianças do TikTok. Foi o medo de protestos violentos. Isso é óbvio com a falta de família e crianças no local. Normalmente temos milhares de famílias”. 

    Na última semana, a diretora de comunicações da campanha, Erin Perrine, disse que “os esquerdistas fazem isso o tempo todo. Eles acham que se inscreverem para os ingressos deixará os assentos vazios. Não é o caso, sempre tem mais pedidos do que assentos disponíveis em comícios. Só o que eles estão fazendo é nos dar acesso a suas informações pessoais”. 

    Apesar do esforço dos TikTokers ser composto principalmente por jovens e adolescentes, Mary Jo Laupp, uma avó de 51 anos moradora de Fort Dodge, em Iowa, aparenta ter um papel central em encorajar as pessoas a irem ao site de Trump, se registrarem para o comício e não aparecerem. 

    “Aqueles de nós que quiserem ver aquele auditório com 19 mil assentos mal preenchido ou completamente vazio, vá reservar ingressos agora e deixe ele de pé sozinho lá no palco”, disse ela a seus cerca de mil seguidores no TikTok. 

    E aí, junto de danças coreografadas, piadas e pegadinhas, o convite da avó virou um desafio. Usuários começaram a postar vídeos mostrando que também haviam confirmado presença no evento. Publicações similares no Instagram e no Twitter angariaram milhares de curtidas. 

    Um vídeo, com mais de 250 mil visualizações, chama os fãs de k-pop, música popular sul-coreana, em particular para se juntarem à sabotagem da campanha. Os k-popers são muito fortes nas redes sociais, tendo publicado mais de 6 bilhões de tweets só em 2019. E eles também têm um histórico de ações por justiça social. 

    Mais cedo neste mês, k-popers se juntaram ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), inundando hashtags contrárias, como a que dizia “Vidas Brancas Importam”. 

    Laupp, que disse ter trabalhado na campanha do ex-prefeito de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg, dosse à CNN que fez o pedido inicial quando estava irritada que o comício aconteceria na mesma data do Juneteenth, feriado que comemora o fim da escravidão nos Estados Unidos. 

    No sábado à noite, conforme as imagens mostraram seções vazias no BOK Center, Laupp e jovens do TikTok comemoraram. “A geração Z é irrefreável”, disse uma delas na rede social. 

    A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez enviou um tweet para Brad Parscale, dizendo “vocês acabaram de ser derrubados por adolescentes do TikTok que inundaram a campanha de Trump com reservas falsas de ingressos e levaram vocês a acreditarem que um milhão de pessoas queriam seu discurso supremacista branco o suficiente para encher uma arena em meio à pandemia”. 

    Steve Schmidt, um estrategista republicano que gerenciou a campanha presidencial de John McCain em 2008 também publicou no Twitter. “Os adolescentes dos Estados Unidos acertaram um golpe duro contra Donald Trump. Em todo o país, adolescentes pediram ingressos para o evento. Os tolos da campanha se gabaram de um milhão de reservas. risos”. 

    O TikTok, propriedade de uma empresa chinesa, já havia chamado a atenção de legisladores americanos.

    No último ano, os senadores Chuck Schumer e Tom Cotton pediram ao serviço de inteligência dos EUA para avaliarem os riscos à segurança nacional do TikTok e outras plataformas chinesas. 

    (Texto traduzido, leia o original em inglês)

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