Macron defende plano de cessar-fogo global da ONU e pede apoio de Putin
Presidente da França, Emmanuel Macron, busca cessar-fogo global e pede apoio russo
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que apoia uma trégua mundial durante a pandemia do novo coronavírus (COVID-19), que foi proposta pela ONU, e espera conseguir o apoio do presidente russo Vladimir Putin.
Durante a fala em uma rádio francesa, Macron disse que garantiu o acordo de muitos dos membros dos cinco países permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China) para apoiar uma chamada do secretário-geral da ONU, António Guterres, para um cessar-fogo global.
Em uma ampla entrevista à rede RFI nesta terça-feira (14), Macron disse que China, EUA e Reino Unido estavam a bordo e ele estria otimista em relação à Rússia.
“O presidente Xi Jinping confirmou seu acordo comigo”, afirmou Macron. “O presidente Trump confirmou seu acordo comigo. O primeiro-ministro Boris Johnson confirmou seu acordo comigo. Acho que o presidente Putin definitivamente também concordará.”
Macron não forneceu mais detalhes sobre suas conversas com esses líderes mundiais.
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A CNN entrou em contato com a missão chinesa na ONU e com o Departamento de Estado dos EUA para comentar.
O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse nesta quarta-feira (15): “Provavelmente, o curso está em andamento – no âmbito de especialista, nossos diplomatas estão trabalhando nisso antes de podermos participar. Assim que essa tarefa for concluída e aprovada entre outros parceiros, declarações relevantes serão feitas”.
O Reino Unido assinou o plano há duas semanas em resposta à ligação de Guterres.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânicas falou à CNN: “O Reino Unido apoia o apelo do secretário-geral da ONU por um cessar-fogo global; a capacidade da ONU de fornecer ajuda humanitária é uma prioridade.
“O Conselho de Segurança da ONU deve se unir na luta contra a COVID-19, dando atenção aos riscos à estabilidade e ao impacto nas populações vulneráveis”.
Discussões sobre uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para tratar do impacto na segurança internacional da pandemia estão em andamento.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, declara ter visto reportagens sobre os comentários de Macron, mas não pôde confirmá-los. Dujarric responde que a ONU “obviamente agradeceria qualquer chamada unificada” não apenas dos cinco membros permanentes, mas de todo o Conselho de Segurança.
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O Papa Francisco também pediu um “cessar-fogo global imediato” e o fim da fabricação de armas em um discurso especial após a missa no domingo de Páscoa (12).
“Não é hora de continuar fabricando e negociando armas, gastando grandes quantias de dinheiro que devem ser usadas para cuidar de outras pessoas e salvar vidas”, disse o Papa.
Em 23 de março, Guterres alertou que, em países devastados pela guerra, os sistemas de saúde entraram em colapso e os poucos profissionais que restaram, como médicos e enfermeiros, eram frequentemente alvo dos combates.
“A fúria do vírus ilustra a loucura da guerra”, declarou Guterres em março, a partir do Twitter de seu porta-voz. “É por isso que hoje estou pedindo um cessar-fogo global imediato em todos os cantos do mundo. É hora de colocar o conflito armado em quarentena e concentrar-se na verdadeira luta pelas nossas vidas”.
No dia 3 de abril, o secretário-geral da ONU reiterou seu apelo, dizendo que “deveria haver apenas uma luta em nosso mundo hoje: nossa mesma batalha contra o novo coronavírus (COVID-19)”.
Ele também comentou que “em muitas das situações mais críticas, não vimos trégua entre combates. E inclusive alguns conflitos se intensificaram”.
Guterres ressalta que seus representantes estão trabalhando em países como Iêmen, Síria, Líbia e Afeganistão para ajudá-los a avançar em direção ao cessar-fogo “como um pré-requisito para a paz duradoura”.
“Sabemos que a pandemia está tendo profundas consequências sociais, econômicas e políticas, inclusive em relação à paz e a segurança internacional”, completou.
“Vemos isso, por exemplo, no adiamento de eleições (ou em limitações na capacidade de votar), restrições em movimentos, desemprego em espiral e outros fatores que podem contribuir para o crescente descontentamento e ainda mais tensões políticas”.
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Guterres acrescentou que grupos terroristas ou extremistas podem tentar tirar proveito da incerteza global causada pela propagação do vírus.
(Da CNN, Richard Roth, Mary Ilyushina e Kylie Atwood contribuíram com esta reportagem)