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    Em meio ao coronavírus, Europa celebra os 75 anos do fim da 2ª Guerra Mundial

    Rainha Elizabeth II parabenizou postura dos britânicos; Macron e Merkel prestaram homenagens em cerimônias restritas

    Pietra Carvalho , da CNN, em São Paulo

    Países europeus celebraram nesta sexta-feira (8) os 75 anos do Dia da Vitória, que marca a rendição da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, ocorrida em maio de 1945. 

    E a data, tradicionalmente comemorada com grandes desfiles militares e festas entre os civis, teve que ser adaptada para a realidade da pandemia de Covid-19. Saiba mais sobre as repercussões da data pelo mundo: 

    Dia não marca fim da guerra

    Apesar de ser amplamente comemorado, o Dia da Vitória não marca o fim da Segunda Guerra Mundial. Com a rendição da Alemanha nazista, após quase seis anos de conflito, os ataques acabaram apenas na Europa, mas continuaram no Japão, envolvidos em uma briga direta com os Estados Unidos ao lado de Reino Unido e França.

    A guerra acabou oficialmente apenas em 15 agosto de 1945, depois dos americanos lançarem bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, obrigando a rendição dos japoneses. 

    Apesar disso, por marcar a paz no epicentro dos conflitos, o dia 8 de maio é uma data de celebração principalmente para britânicos e franceses, que derrotaram o império de Hitler em meio a uma enorme perda humana para ambos os lados. 

    Como a Covid-19 mudou as celebrações

    Desde 1945, quando o povo tomou as ruas para celebrar o anúncio de rendição da Alemanha, nunca a França e o Reino Unido haviam ficado sem seus desfiles de veteranos e festas de rua, mas em 2020, diante da pandemia, os eventos tiveram que ser cancelados pela primeira vez.   

    Segundo a CNN Internacional, Hans Kluge, diretor regional da Europa na Organização Mundial da Saúde (OMS), concordou com as medidas.

    “Um dia muito importante para nós está se aproximando, o Dia da Vitória, e eu gostaria de parabenizar os governos que tomaram a corajosa decisão de adiar seus desfiles para colocar a saúde no centro de tudo”, declarou Kluge em um comunicado na quinta-feira (7), véspera da data. 

    Para compensar a ausência de grandes celebrações, o governo do Reino Unido lançou um site em que os britânicos poderiam encontrar tutoriais para uma festa em casa, com direito a ideias de pôsteres e bandeiras temáticos. 

    A organização cultural English Heritage também montou um pacote especial para uma comemoração caseira, incluindo receitas europeias da década de 1940, uma playlist no Spotify e passos de dança populares na época da Segunda Guerra Mundial. 

    As autoridades britânicas encorajaram a população a também acessar os materiais online oferecidos pelos museus imperiais de guerra, pelo Arquivo Nacional e pelo Museu Nacional do Exército, para aprender mais sobre a guerra e sua história. 

    Ainda no Reino Unido, o feriado bancário marcado para a próxima segunda-feira (11) foi adiantado pela primeira vez na história como homenagem ao Dia da Vitória. Os habitantes de Berlim também ganharam um feriado inédito, não estendido para o resto do país. 

    Cerimônias das autoridades

    Ainda na quinta-feira (7), o primeiro-ministro britânico Boris Johnson acendeu uma vela na Abadia de Westminster em memória aos que morreram durante as batalhas da Segunda Guerra Mundial.   

    Já na manhã desta sexta, às 7 horas no horário local (11 horas no horário de Brasília), o Reino Unido decretou dois minutos de silêncio para homenagear as vidas perdidas. 

    A Rainha Elizabeth II, de 94 anos, também se pronunciou já na tarde desta sexta, durante seu isolamento no Castelo de Windsor. “Digo com orgulho que nós ainda somos uma nação que aqueles soldados, marinheiros e aviadores corajosos iriam reconhecer e admirar”, disse a monarca. 

    “Nossas ruas não estão vazias, elas estão preenchidas pelo amor e o cuidado que temos uns pelos outros”, continuou Elizabeth, encorajando os britânicos em meio a pandemia, na semana em que o Reino Unido ultrapassou a Itália como país com mais mortos pela Covid-19 na Europa. “Nunca desistam, nunca se desesperem.” 

     

    Os líderes da França e da Alemanha, Emmanuel Macron e Angela Merkel, também participaram de pequenas cerimônias em memória aos mortos da Segunda Guerra nas primeiras horas do dia. 

    Em Paris, Macron deixou uma coroa de flores sobre o Túmulo do Soldado Desconhecido, um monumento erguido em todas as nações que participaram da guerra em homenagem aos combatentes que não tiveram seus corpos identificados. A cerimônia foi restrita a um grupo pequeno de militares. 

    As poucas pessoas presentes respeitaram as regras de distanciamento social, e um pequeno coral de militares cantou a Marselhesa, hino nacional da França. 

    O presidente do país iniciou a cerimônia com a colocação de uma guirlanda na estátua do general Charles de Gaulle, o líder das tropas francesas na guerra, enquanto o cenário eram as ruas vazias da capital, que continua sob as fortes regras da quarentena imposta na segunda quinzena de março. 

    Algumas cidades francesas começarão a flexibilização na próxima segunda-feira (11), mas os epicentros da pandemia, Paris e o nordeste do país, continuarão isolados. 

    Já na Alemanha, que já relaxa as medidas de isolamento em diversas regiões, pequenos eventos sociais foram permitidos, mas com o distanciamento de um metro e meio entre os presentes.

    A participação de veteranos do conflito, que compõem o grupo de risco da doença, permaneceu proibida apesar da presença de alguns na cerimônia que contou com a presença de Merkel nesta sexta. A chanceler liderou a cerimônia no principal memorial de guerra alemão, o Neue Wache, que homenageia as vítimas da guerra e da ditadura de seu próprio país.  

    Também na cerimônia do Neue Wache, o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier discursou: “Hoje, nós alemães podemos dizer: o dia da libertação é um dia de gratidão!” 

    A Segunda Guerra Mundial causou a morte de cerca de 50 milhões de pessoas. 25 milhões eram militares e civis soviéticos, que tem uma comemoração semelhante a do Dia da Vitória no sábado (9). 

    Outros seis milhões eram judeus, muitos da URSS, com a documentação de dados exatos dificultada pela falta de transparência da época. 

    O aniversário de 75 anos do conflito acontece em meio ao caos causado pelo novo coronavírus, que já levou 250 mil vidas, infectou outras 3,5 milhões de pessoas e criou uma nova crise econômica mundial. 

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