Caged: em recorde, Brasil criou mais de 414 mil empregos formais em novembro
O número é 4,95% maior que as vagas abertas em outubro, o que sinaliza a continuidade da recuperação do mercado de trabalho
O Brasil abriu 414.556 vagas de trabalho com carteira assinada em novembro. Resultado de 1.532.189 admissões e 1.117.633 desligamentos, o número é 6,4% maior que as vagas abertas em outubro, o que sinaliza a continuidade da recuperação do mercado de trabalho. No entanto, a comparação mostra um fôlego menor ao observado em setembro, que registrou alta de 26,8% ante o mês anterior.
Os números foram divulgados pela Secretaria de Trabalho nesta quarta-feira (23). Além de ser o melhor resultado entre todos os meses da série histórica, iniciada em 1992, foi o quinto mês positivo depois de quatro meses consecutivos de saldo negativo, consequência da pandemia de Covid-19.
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Acumulado do ano positivo
Com o resultado de novembro, o saldo de empregos formais de janeiro a novembro ficaram positivos: criação de 227.025 postos de trabalho. Até o mês anterior, o ano acumulava 171.139 empregos perdidos.
Na comparação com os 11 primeiros meses do ano passado, por outro lado, o resultado do acumulado de 2020 ainda é 76% pior. A pasta também revisou o resultado do mês de outubro para baixo, de 394.989 vagas criadas para 389.534.
Vale destacar que a pasta revisou o resultado de todos os meses de 2020. No documento divulgado nesta quarta, o resultado do mês de outubro, por exemplo, passou de 394.989 vagas criadas para 389.534.
Por setores e regiões
Em novembro, apenas o setor agropecuário registrou saldo negativo. A abertura de empregos formais foi liderada pelo setor de serviços, que criou 179.261 postos de trabalho. Em segundo lugar está o setor de comércio, com 179.077.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou que o resultado positivo nesses dois setores fortalece ainda mais a percepção de uma retomada em V. “Quando observamos serviços e comércio sendo destaques na geração de emprego, significa que realmente estamos na retomada em V, já que esses foram exatamente os dois setores mais afetados”, disse.
Do resultado de novembro, 9% foi puxado pela contratação de trabalhadores temporários, tradicional no fim do ano. No entanto, historicamente, grande parte desses postos criados por agora costuma ser perdido em dezembro e janeiro.
Para o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, como 2020 está sendo um ano positivamente atípico na recuperação do mercado de trabalho, o mês de dezembro pode sim vir positivo. “Não acho difícil que sejamos surpreendidos neste ano, já que temos vários programas dando subsídios às contratações, como é o BEM. E também existia uma demanda bastante reprimida por causa da pandemia. Acho que podemos sim ter um resultado positivo em dezembro”.
Por outro lado, no acumulado de janeiro a outubro, os dois setores, de serviços e de comércio, foram os únicos com saldo negativos de 98.348 e 53.835, respectivamente. No ano, a construção civil é o destaque com a criação de 157.881 trabalhos.
De acordo com o ministério da Economia, todas as cinco regiões do país tiveram saldos positivos. O destaque, no entanto, ficou no Sul do país, que criou 92.610 empregos. Em seguida, está a região Nordeste, com 71.879 novas vagas.
No acumulado do ano, a região Sudeste liderou as demissões, com um total de 47.810 empregos perdidos. Também é a única região do país com saldo negativo no período.
Governo estuda prorrogação do BEM
Bianco adiantou que a equipe econômica está analisando a necessidade, ou não, uma nova prorrogação do programa emergencial de manutenção de empregos, o BEM.
“Até o momento, não foi utilizado todo o orçamento do programa, temos restos a pagar, mas isso não significa que será prorrogado. A prorrogação ainda passará pelo ministro da Economia e pelo presidente da República. Estamos avaliando de maneira criteriosa, se ainda há necessidade, se os setores ainda estão utilizando os recursos. Tudo isso depende de um orçamento extraordinário também”, esclareceu.
Ele ressaltou que o programa só é usado por empresas quando as mesmas precisam e, assim, a retomada econômica pode reduzir a necessidade da prorrogação. “As empresas só usaram o programa quando sentiram que necessitavam. O mercado foi se autorregulando”.
Na avaliação do secretário, o mercado de trabalho não corre o risco de ser afetado com o fim do programa. “Além de ser um programa de preservação de emprego, ele mede todas as oscilações do mercado de trabalho. Aquelas empresas ou setores que não mais estão se utilizando do BEM, demonstram que a retomada não é artificial. […] A saída dela é muito clara quando se olha para a saída do BEM, especialmente naqueles setores que mesmo podendo usufruir do BEM, não mais o fazem”, explicou.
Bianco ainda destacou a preocupação da pasta para com a geração de empregos em 2021. “Estamos trabalhando sim com a geração de oportunidades em 2021. Ainda não podemos dar detalhes, temos que conversar com o ministro e com o presidente da República, que vai decidir por onde trabalharemos”.