Prova de que as Big Techs são grandes demais: valem um quarto da nossa carteira
Muitos investidores que compram um fundo S&P 500 para fins de diversificação estão de fato recebendo um fundo do setor de tecnologia altamente concentrado
Milhares de ações são negociadas em Wall Street todos os dias. Porém, sejamos sinceros: apenas meia dúzia de empresas importam de fato para muitos investidores.
Com a inclusão da Tesla (TSLA) no índice S&P 500 no mês passado, a gigante de carros elétricos de Elon Musk se juntou ao quinteto de ações de tecnologia que dominam o índice de blue-chips. Apple (AAPL), Microsoft (MSFT), Amazon (AMZN), Alphabet, a dona do Google (GOOGL), Facebook (FB) e Tesla agora valem juntos mais de US$ 8,1 trilhões, correspondendo a quase 25% do valor de mercado total de US$ 33,3 trilhões de todas as empresas no índice S&P 500.
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Dada a popularidade dos fundos de índice geridos de maneira passiva – uma média de mais de 70 milhões de ações do SPDR S&P 500 ETF (SPY) troca de mãos diariamente –, isso significa que muitos investidores que compram um fundo S&P 500 para fins de diversificação estão de fato recebendo um fundo do setor de tecnologia altamente concentrado.
Isso pode ser um problema para os investidores que desejam minimizar o risco, principalmente porque a Tesla está longe de ser uma empresa madura e estável.
“A Tesla acaba de completar seu quinto trimestre de lucratividade, com venda de carros significativamente menor do que seus pares de montadoras, e continua acessando de forma ativa os mercados de capitais para financiar operações”, afirma Lindsey Bell, estrategista-chefe de investimentos da Ally
Invest em um relatório, um pouco antes de a Tesla entrar no índice S&P 500 no mês passado.
“Acompanhado da natureza volátil das ações, vemos que isso terá implicações no índice amplo no curto prazo”, acrescenta.
Ganhos de mercado mais amplos
De fato, a exposição às principais empresas de tecnologia não prejudicou os investidores no ano passado. O S&P 500 geral fechou 2020 com alta de 16% graças ao fato de que o índice é ponderado pelo valor de mercado.
Contudo, as ações de tecnologia podem sofrer maior pressão com as disputas pelo Senado da Geórgia.A vitória projetada de Raphael Warnock e de Jon Ossoff vai conceder aos democratas o controle do Senado. (Seria um empate de 50 a 50, com o voto de minerva da vice-presidente eleita Kamala Harris).
O índice Nasdaq caiu na manhã de quarta-feira (6), enquanto os investidores temiam que o novo governo de Joe Biden e os democratas no Congresso aprovassem regulamentações mais rígidas para as grandes empresas de tecnologia e, possivelmente, fizessem novas revisões antitruste.
A força das Big Six, as seis grandes empresas do S&P, também esconde o fato de que o restante do mercado não está indo tão bem assim. Se ponderarmos todas as empresas do S&P 500 igualmente no ano passado, o índice (RSP) subiu apenas 10%. Ainda é um aumento respeitável, claro, mas não tão bom quanto 16%.
“Isso é uma preocupação. A Tesla está exacerbando a ponderação excessiva das ações de tecnologia. A empresa impulsionou os ganhos no mercado de forma desordenada”, diz George Calhoun, professor de finanças quantitativas do Stevens Institute of Technology, em entrevista à CNN Business.
Em 2020, 200 empresas do S&P 500 fecharam o ano no vermelho. Portanto, foi um ano muito mais difícil para o mercado em geral do que os números das manchetes indicam. Alguns especialistas veteranos no mercado temem que os níveis porosos das ações que estão liderando o mercado sejam insustentáveis. Já vimos esse filme. E ele não acaba nada bem.
“O longo mercado de alta desde 2009 finalmente amadureceu em uma bolha épica de pleno direito”, afirmou Jeremy Grantham, cofundador da empresa de investimentos GMO, em um relatório esta semana.
“Com uma supervalorização extrema, aumentos de preços explosivos, emissão frenética de ações e um comportamento especulativo histérico do investidor, acredito que esse evento será lembrado como uma das grandes bolhas da história financeira”, acrescentou Grantham, comparando a situação com as crises de 1929 e 2000.
Grantham enfatizou que boas empresas nem sempre fazem investimentos inteligentes e até comentou que tem um Model 3, mas ainda acha que as ações da Tesla são um exemplo de “empolgação excessiva” e “comportamento irracional do investidor” e que elas estão drasticamente supervalorizadas quando comparadas às de concorrentes como a GM (GM).
A repetição da história
Ainda assim, alguns estrategistas argumentam que os investidores não devem se preocupar com o fato de o mercado estar sendo liderado por um grupo tão pequeno de ações.
“Não é a primeira vez que isso acontece. A concentração em um setor está mais alta, mas já esteve assim no passado”, comentou Ryan Giannotto, diretor de pesquisa da GraniteShares, referindo-se à época em que ações de petróleo, indústrias e bancos dominavam o S&P 500.
“Tudo depende de onde está o crescimento dos lucros e do que se espera que aconteça com a economia”, disse ele à CNN Business.
Giannotto argumentou ainda que é uma má jogada para os investidores manter posições do mesmo tamanho em um número maior de ações porque assim eles ficariam presos a mais empresas pequenas em sua carteira e não se beneficiariam tanto dos grandes ganhos daquelas com maior desempenho.
“Uma estratégia de pesos iguais é arriscada. O problema é que você está comprando mais empresas que estão ficando para trás, em vez de reduzi-las”, explicou.
Dito isso, muitas dessas empresas de baixo desempenho podem acabar se tornando as novas líderes do mercado, mais uma razão para os investidores terem uma carteira diversificada em vez de fazer apostas ousadas e concentradas.
“Não estou prevendo uma crise, mas certamente é preciso haver uma rotação entre tecnologia e ações de valor com desempenho inferior”, alertou Calhoun do Stevens Institute of Technology.
(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).
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