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    O que é oferta hostil e por que proposta da Arezzo para a Hering não é um caso

    Depois da tentativa de compra da Hering pela Arezzo, surgiram algumas menções ao termo "oferta hostil", que não aconteceu na negociação entre as duas empresas

    Leonardo Guimarães, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Nesta semana, o varejo de moda voltou aos holofotes com a notícia de que a Arezzo (ARZZ3) tentou comprar o controle da Hering (HGTX3). O movimento agressivo chamou atenção e, claro, gerou muita repercussão no mercado. 

    Nos debates, surgiram algumas menções ao termo “oferta hostil”. A tentativa da Arezzo, porém, não se encaixa nesse tipo de operação. 

     

    O que é oferta hostil?

    Uma oferta ou aquisição hostil acontece quando as empresas nunca chegaram a negociar, e uma das partes tenta comprar a outra que tem seu capital pulverizado na bolsa de valores. Nesse caso, não há consentimento de diretores e do conselho da empresa-alvo. A empresa interessada na compra procura diretamente os acionistas.

    No último episódio, o conselho da Hering rejeitou a proposta após receber “uma carta não solicitada da Arezzo” com a proposta para a fusão das duas empresas. Ou seja, houve deliberação do conselho para análise da oferta, o que afasta a possibilidade de uma aquisição hostil.

    A avaliação do banco Credit Suisse é que seria pouco provável uma aquisição hostil da Hering pela Arezzo, já que a empresa-alvo atua em um segmento novo para a Arezzo, que precisaria da expertise da liderança atual da varejista catarinense. 

    Também é importante lembrar que a Arezzo entrou recentemente no ramo de vestuário com a compra da Reserva e manteve a liderança da empresa justamente para poder contar com a experiência de quem já comandava a marca. 

    Existem duas formas de aquisição hostil:

    1. A primeira delas é via Oferta Pública de Aquisição (OPA). É quando a empresa interessada na compra propõe um valor para os acionistas da empresa-alvo. 
    2. A outra forma de aquisição hostil acontece quando acionistas da empresa divergem sobre os rumos da empresa. A partir daí, acionistas minoritários podem se juntar para formar maioria no conselho de administração e tomar o controle da empresa. 

    Perdigão x Sadia e outros casos

    Um dos casos mais emblemáticos de aquisição hostil do mercado brasileiro aconteceu quando a Sadia tentou comprar sua concorrente Perdigão, em 2006. No fim das contas, a tentativa fracassou e, três anos mais tarde, as empresas anunciaram uma fusão que deu origem à BRF (BRFS3).

    Outro caso emblemático foi a tentativa de compra da Eletropaulo pela Energisa (ENGI11). Em abril de 2018, a Energisa propôs a compra da empresa paulista pagando R$ 19,38 por ação, totalizando R$ 3,24 bilhões. Dois meses depois, a italiana Enel assumiu o controle da Eletropaulo pagando R$ 45,22 por ação, em transação de R$ 5,55 bilhões. 

    O episódio de repercussão mais recente aconteceu no mercado imobiliário. Em setembro do ano passado, acionistas da Tecnisa (TCSA3) rejeitaram a proposta de fusão da Gafisa (GFSA3), que não procurou o Conselho de Administração da empresa-alvo para fazer a proposta –foi considerada, portanto, uma oferta hostil. 

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