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    Wine quer consolidar mercado de vinhos e importar alimentos especiais, diz CEO

    Empresa voltou a pedir registro de companhia aberta na CVM, mas quer avaliar as opções do mercado antes de decidir os próximos passos

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    Depois de quase realizar seu IPO no final de 2020, a Wine –clube de assinatura e varejista de vinhos– deu um passo atrás e suspendeu o processo. Agora, a empresa volta a pedir registro de companhia aberta na CVM, mas quer avaliar as opções do mercado antes de decidir os próximos passos.

    “Quando começamos a conversar com os investidores no ano passado, era tudo muito novo para nós e para eles. Nosso modelo de negócio é diferente de quase tudo que está disponível no mercado, então não tinha muita base de comparação”, diz Marcelo D’Arienzo, CEO da empresa.

    “Nossa precificação ia ocorrer logo após a eleição presidencial americana e não tinha muitas margens de mudança. Como nosso negócio estava crescendo e não tínhamos pressão para abrir capital rapidamente, decidimos recuar para buscar uma precificação mais justa.”

    A confiança é representada nos resultados apresentados pela companhia, que aceleraram consideravelmente no ano passado. A Wine faturou R$ 450 milhões, um crescimento de quase 40% em relação a 2019, com 40% da sua receita decorrente do clube de assinatura, enquanto 60% das vendas do e-commerce já são originadas no aplicativo.

    Além disso, a empresa possui algo raro entre startups que estão ganhando escala, que é dar lucro. No prospecto enviado à CVM quando a empresa tentou abrir capital pela primeira vez, a Wine reportou, no primeiro semestre de 2020, receita líquida de R$ 146,3 milhões e lucro bruto de R$ 70 milhões, com Ebitda de R$ 11,2 milhões.

    Não obstante, a ideia é continuar escalando a operação e explorando novas avenidas de crescimento. O básico, para D’Arienzo, é consolidar o mercado nacional de vinhos, que ainda é muito fragmentado. “Estamos entre os três maiores importadores do país e só temos 4% do market share”, diz.

    “Temos conversado com outros players do mercado e a visão está alinhada, o mercado brasileiro pode avançar muito mais. Nosso grande objetivo é continuar crescendo e desenvolvendo uma relação de longo prazo com os clientes, para depois poder oferecer outros serviços.”

    O executivo revela que uma dessas novas frentes deve ser a importação de alimentos especiais para harmonizar com os vinhos. Apesar de não citar produtos específicos, é natural que o plano remeta ao mercado internacional de queijos e charcutaria.

    Clube de assinatura

    Responsável por dois quintos do faturamento da marca, o clube de assinatura continuará, segundo D’Arienzo, sendo essa ponte que a empresa busca manter ativa com os clientes. Ele afirma que a Wine conta com 240 mil assinaturas e taxas de cancelamento cada vez menores, algo positivo do ano que passou.

    “Posso elencar três motivos: as pessoas precisaram romper suas restrições às compras digitais; estão começando a beber mais vinho; e as assinaturas, como um todo, já são parte das nossas vidas”, diz. “Mas temos 20 milhões de tomadores de vinho no Brasil, então há muito por onde crescer.”

    Lojas físicas

    As lojas físicas abertas pela companhia têm desempenhado, segundo o gestor, um importante papel de integração. Hoje são oito unidades — três em São Paulo e outras em Campinas (SP), Recife, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. A previsão é abrir mais cinco lojas físicas no primeiro semestre.

    “As lojas têm sido uma surpresa muito positiva. Instalamos onde tem grande adensamento de sócios, porque acelera as entregas, ou em regiões que consideramos promissoras. Entre as pessoas já cadastradas na nossa plataforma, tem aumentado a compra de produtos em 30%.”

    Rótulo próprio    

    Buscando ainda dar mais visibilidade para a produção nacional, a Wine lançou, em parceria com a vinícola Miolo, seu próprio rótulo. “É claro que queremos que a nossa parceria com a Miolo cresça e os produtos estejam amplamente disponíveis no mercado, mas a ideia inicial é impulsionar o vinho nacional.”

    A linha, que se chama Ballade, possui cinco rótulos e é fabricada em Campanha Central, no Rio Grande do Sul: um merlot, um cabernet sauvignon, um riesling, um frisante moscatel –o único de origem diferente, do Vale do Rio São Francisco– e um rosé (todos custam R$ 34,90).

    Aquisições

    Com tantas avenidas de crescimento e um possível novo fluxo de caixa, a Wine também olha para possibilidades de aquisições. “Vemos oportunidades de aquisição de empresas que adicionem valor ao nosso modelo de negócio”, diz, sem adiantar planos específicos da companhia.

    *Entrevista realizada no dia 11 de março

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